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Evangelho sobre as águas

Publicado em: agosto 8th, 2025|Categorias: Projetos ACN|Views: 234|

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Um dos cenários naturais mais deslumbrantes do planeta, com uma riqueza de fauna e flora que faz o mundo inteiro suspirar em poesia, assim é a Amazônia brasileira. No entanto, por trás dos rios que serpenteiam a floresta e abraçam a terra com delicadeza, estão histórias que não são muito poéticas.

No Arquipélago do Marajó, estado do Pará, dramas silenciosos se revelam em rostos marcados pela pobreza extrema, pelo isolamento geográfico e pela falta de direitos básicos. Situado na Região Amazônica, o arquipélago reúne cerca de 2.500 ilhas espalhadas por 17 municípios. Em meio à imensidão de rios e comunidades, está a Diocese de Ponta de Pedras. Nela, a Paróquia São Miguel Arcanjo desenvolve sua missão no município de Muaná — mais precisamente, no distrito de São Miguel do Pracuúba.

O desafio da distância e o valor de estar presente

A distância até a capital Belém acentua ainda mais esses desafios. O acesso à região é limitado, pois não há embarcações diárias. Os dois únicos meios de transporte são os grandes barcos, cuja viagem pode levar até 12 horas, e lanchas expressas, que são mais rápidas, porém custam caro. Esse alto valor das viagens dificulta o deslocamento do povo e compromete o acesso a serviços essenciais.

Nesse lugar onde o paraíso convive com o abandono, torna-se ainda mais urgente a presença da Igreja. Porque onde a Igreja chega, chega também o consolo da Palavra de Deus, que transforma dor em esperança, solidão em cuidado e sofrimento em caminho de dignidade.

Graças aos benfeitores da ACN, a Paróquia São Miguel Arcanjo recebeu uma lancha que tem contribuído significativamente nos trabalhos pastorais. Essa nova embarcação permite que o pároco, Padre Ricardo Teixeira Dias, amplie sua presença nas 30 comunidades que compõem o território paroquial, das quais todas, exceto a matriz, são ribeirinhas.

Mais do que transporte: um instrumento de esperança e fé

Com a lancha, é possível visitar até quatro comunidades em um único dia, o que torna a presença da Igreja mais constante e o acompanhamento espiritual mais próximo dos fiéis que vivem em regiões antes quase inacessíveis. “Sem a lancha, teríamos que ir em “rabudos” (uma pequena canoa com motor), o que levaria o triplo do tempo da viagem, e eu não conseguiria chegar em lugares tão longe para dar assistência à comunidade. Agora, no mesmo dia consigo celebrar Missas, assistir casamentos, realizar batizados e estar presente por mais tempo com meus paroquianos”, conta Padre Ricardo.

Com a nova embarcação, o padre consegue chegar às comunidades, com mais tempo para escutar, orientar e celebrar com o povo. A rotina é intensa e exige entrega total. “Um dia estávamos com dois grandes eventos acontecendo ao mesmo tempo, um encontro de casais na sede paroquial e, simultaneamente, um encontro de jovens em outra comunidade. Eu precisava estar presente nos dois. Então celebrei a Missa com os jovens de madrugada, das 0h às 2h, e depois fui para o encontro de casais e cheguei a tempo. Se não fosse pela lancha, esse tipo de missão seria humanamente impossível”, relata o sacerdote.

“Hoje nós conseguimos visitar cinco ou até mais vezes por ano cada uma das 30 comunidades. Comparado ao que era antes, isso é extraordinário”, afirma Padre Ricardo. Para ele, mais do que facilitar o trajeto, a lancha representa dignidade no serviço e uma assistência mais constante a um povo muitas vezes marcado pela dor e pelo abandono. “Levar a Palavra de Deus é levar esperança, autovalorização e, sobretudo, a salvação. Porque a esperança que não decepciona é o próprio Cristo sendo proclamado”.

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