O líder dos católicos da Nigéria fez um apelo apaixonado pela paz e pelo diálogo enquanto o país enfrenta a violência, a crise econômica e a ameaça de fome no nordeste do país, onde os militantes continuam realizando ataques.

O apelo ocorre em um momento de maior tensão, em meio a relatos de que três homens-bomba morreram depois de detonar explosivos sob um petroleiro nos arredores da cidadede Maiduguri, no nordeste da Nigéria. Nenhum outro acidente foi relatado.

Em sua mensagem de Quaresma, que foi enviada para a Fundação Pontifícia ACN – Ajuda à Igreja que Sofre -, o Arcebispo Ignatius Kaigama, da cidade de Jos, pintou um quadro terrível – mas enfatizou que a fé poderia ajudar a construir pontes e trazer a cura para uma sociedade ferida.

Ele escreveu: “Nossa sociedade contemporânea, poluída pelos vícios sociais, precisa de renovação. O pecado é racionalizado. A violência está institucionalizada.”
Grupos militantes no Delta do Níger renovaram sua campanha de terror contra empresas estrangeiras de energia em agosto de 2016.

Em meio a relatos de que a crise econômica da Nigéria é a pior em décadas, Yakubu Dogara, presidente da Câmara dos Deputados, no mês passado ligou a atual recessão da Nigéria às atividades dos grupos de milícias da região.

O Arcebispo Kaigama, que é presidente da Conferência Episcopal do país e da Conferência Episcopal Regional para a África Ocidental, sublinhou a necessidade de diálogo para resolver tais situações.

Ele disse: “Quando ouvimos falar de jovens do Nordeste, Sudeste e da área do Delta do Níger que ameaçam destruir a economia, a unidade e a existência corporativa desta nação, a questão é se eles conhecem as implicações da guerra?

As facas, as espadas, as bombas e as armas não trouxeram a vitória para ninguém. Apesar de tudo que eles dizem com orgulho, na verdade, ninguém realmente ganhou uma guerra neste país.
Somos todos perdedores depois de cada guerra. Qualquer guerra que combatamos só nos fará regredir social e economicamente para aqueles dias sombrios de sobrevivência dos mais aptos.
Nós experimentamos os efeitos tristes da Guerra. Por que tentamos seguir por esse caminho novamente?”

 

A Nigéria está sofrendo com a violência em curso

Desde 2009, o grupo militante islâmico Boko Haram vem realizando uma campanha de terror, principalmente no nordeste, que deixou pelo menos 20 mil mortos e mais de 2,6 milhões de refugiados.

Apesar das tropas do governo liberarem áreas que estavam sob o controle do grupo, os ataques continuam.

Os ataques do Boko Haram levaram a tensões entre cristãos e muçulmanos – mas a Igreja lançou iniciativas para promover a harmonia entre os dois grupos religiosos.

Novos projetos anunciados pela ACN no final de fevereiro incluíam apoio para workshops sobre o Islã e o diálogo inter-religioso na diocese de Osogbo.

O Arcebispo Kaigama escreveu: “Está sendo feito muito trabalho para fomentar a paz, acabar com a violência e garantir a ordem e a fraternidade em diferentes partes da Nigéria, onde hoje os mal-entendidos baseados em razões religiosas, étnicas ou econômicas nos causam muitos inconvenientes.

Precisamos de um diálogo mais genuíno entre fronteiras étnicas, religiosas e políticas”.

O prelado ressaltou que o cristianismo ensina seus adeptos a construir pontes, amando e servindo aqueles ao seu redor.

O arcebispo Kaigama escreveu: “A beleza do cristianismo é que ele quebra as barreiras, derruba muros erguidos por preconceitos étnicos ou regionais.

Se aceitamos Deus, mas não ajudamos nossos irmãos e irmãs, então somos apenas cristãos pela metade.

Quando o jovem rico perguntou a Jesus como ganhar a vida eterna, Jesus respondeu que é pelo amor de Deus e do próximo …”

Ele enfatizou a necessidade de os cristãos viverem sua fé – e testemunharem a maneira como viveram suas vidas: “Nossa religião cristã nos ensina a nos importarmos com os outros, superando o mal com o bem”.

Em conclusão, ele rezou para que Deus capacitasse os fiéis para ajudar na renovação da Nigéria.

Ele escreveu: “Que o Senhor nos dê a graça de sermos pessoas ativas para limpar o rosto de nossa sociedade distorcida, ensanguentada e corrupta e que todos possamos experimentar fortemente a misericórdia de Deus durante esta Quaresma e mais além”.

»Na sua campanha da Quaresma deste ano, a ACN volta seus olhos para a África, acreditando no apoio que deve ser dado à Igreja nesse país, mas também a todo continente. Saiba mais, acessando a página sobre a campanha.

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