Início dos anos 70. Uma notícia singular chega a Washington. O embaixador norteamericano na Polônia informa a respeito do novo cardeal de Cracóvia. Este sustenta que a queda do regime marxista iria ocorrer, mas não por fatores militares nem econômicos; o Sistema seria minado pela crise moral e desmoronaria. Karol Wojtyla foi profético. Ele mesmo foi protagonista no ocaso do comunismo soviético.

Este é apenas o editorial do Boletim de Agosto de 2009.
Você pode baixar o boletim na íntegra ao final deste texto (anexo).

 

A Igreja na Europa Oriental começou a sair das catacumbas. Já havia mais de trinta anos que o Padre Werenfried estava ajudando lá a esses heroicos fiéis. A Ajuda à Igreja que Sofre segue na mesma trilha.

As consequências da era comunista perduram. Mas a semente do martírio calou fundo nos sulcos da fé. Na Polônia, na Eslováquia e na Croácia se veem os novos rebentos. Em outras regiões se descobrem desertos de incredulidade, uma radical apatia religiosa, uma crassa negação de Deus.

Acabo de chegar da República Tcheca. Viajamos entre colinas com bosques de um verde luminoso, entre os quais lampejam em branco e vermelho torres esbeltas e elegantes. É a hora do “Angelus”, mas os sinos calam. Na rodovia, a placa indica a localidade “Nepomuk”. Foi ali que nasceu o sacerdote João Nepomuceno, um santo que durante séculos foi muito venerado. Em 1393, o rei mandou lançá-lo no rio Morava, onde ele morreu mártir para não trair o segredo de confissão. De acordo com as estatísticas, essa pequena cidade é recordista mundial de ateísmo: 85% da população declaram não acreditar em Deus. Algo assim jamais aconteceu na história da humanidade.

Chegamos a Dobrá Voda, ao santuário de Nossa Senhora da Consolação. Durante décadas ele ficou fechado por causa do comunismo. Agora está sendo reconstruído e é mantido por jovens sacerdotes missionários e religiosas sorridentes. Em frente ao templo, os colaboradores da Ajuda à Igreja que Sofre tornam possível a transformação de uma antiga prisão para religiosas num lugar de acolhida dos peregrinos, que aos poucos começam a voltar. No Leste Europeu a Nova Evangelização é uma luta paciente. O terreno é extremamente duro. É uma Igreja de pessoas idosas. Pouco a pouco aparecem jovens com suas canções e casais que aprendem a crer e a rezar em comum. Tudo exige esforço.

No meio desses bosques passava a fronteira com cercas de arame farpado, metralhadoras e cães ferozes. Entre as árvores ergue-se uma capela de cor ocre. Décadas atrás, uma camponesa conseguiu que os soldados não a destruíssem. Agora, um sacerdote vai lá para celebrar a Missa. “Tenho imensa alegria em fazê-lo” – me confidenciou ele. Só três pessoas participam. São descendentes diretos daquela camponesa. Temos ainda muito trabalho pela frente.

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