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Violência contra religiosas se intensifica em Moçambique

Publicado em: junho 28th, 2025|Categorias: Notícias|Views: 141|

As Irmãs Mercedárias do Santíssimo Sacramento, que atuam na Diocese de Pemba, em Moçambique, viveram momentos de violência e terror em 8 de junho. Na ocasião, um grupo armado com armas de fogo e facões invadiu a casa onde elas vivem.

Esse foi o segundo ataque em poucos dias contra congregações religiosas na região. A violência no norte de Moçambique tem crescido de forma alarmante, especialmente na província de Cabo Delgado.

Segundo informações da congregação, homens armados roubaram as quatro religiosas, responsáveis pelo cuidado de cerca de 30 meninas, e as ameaçaram de morte. "Eles levaram todos os nossos bens e ainda nos ameaçaram de decapitação", contou uma das irmãs.

"Eles entraram exigindo dinheiro e levaram tudo"

Em mensagem enviada à ACN, a Irmã Ofélia Robledo Alvarado relatou os detalhes do ataque: "Um grupo de 18 homens entrou na nossa missão, armados com facões, barras de ferro e armas. Oito invadiram a casa; os demais ficaram do lado de fora, controlando os portões e rendendo os guardas."

Ela continuou: "Ficamos apavoradas ao vê-los entrar em nossos quartos, exigindo dinheiro e levando tudo o que podiam. Eles roubaram nossos computadores, celulares e o pouco dinheiro que tínhamos."

A situação piorou quando as religiosas foram levadas à capela da missão. Lá, os criminosos forçaram as irmãs a se ajoelharem, aumentando ainda mais o clima de desespero.

Irmã detalha a violência: "Ajoelharam a irmã e levantaram o facão"

"Acreditamos que eles iriam incendiar a capela conosco dentro", disse Irmã Ofélia. "Mas em vez disso, fizeram a Irmã Esperanza se ajoelhar no centro da capela e levantaram o facão para cortar sua cabeça diante de nós. Supliquei para que não a matassem. Eles já tinham levado tudo o que possuíamos. Pedi misericórdia."

"Esses foram momentos terríveis, mas graças a Deus, eles a libertaram", relatou a religiosa, visivelmente abalada com o episódio. Em seguida, as irmãs foram imediatamente procurar pelas meninas que vivem sob seus cuidados.

"Graças a Deus, as encontramos quietas e ilesas", afirmou a irmã. "Foi a primeira vez em 17 anos que nossa missão foi atacada. Ninguém jamais havia invadido nossa casa com más intenções."

Insegurança cresce na província de Cabo Delgado

Segundo a Irmã Ofélia, o cenário de insegurança é alarmante. "Desde a onda de violência e terrorismo que começou em 2017, tudo mudou. Vivemos uma situação de medo constante em toda a província de Cabo Delgado."

Ela acrescenta com preocupação: "O mais triste é que parece que até a polícia e os militares estão envolvidos com essas quadrilhas. Por isso, precisamos tomar medidas urgentes para proteger a nós mesmas e às meninas."

A congregação agora busca arrecadar fundos para instalar câmeras de segurança e grades em todas as janelas. O edifício da missão, que inclui a residência das irmãs, a casa das meninas, a capela, a casa de hóspedes e a sala de estudos, possui 70 janelas, o que torna o investimento ainda mais desafiador.

Violência mostra colapso da segurança

O caso das Irmãs Mercedárias não foi isolado. Dias antes, os Padres de La Salette, em Mieze, também foram vítimas de um ataque semelhante. Homens armados com facões invadiram a missão durante a madrugada, mas felizmente os religiosos não sofreram ferimentos.

A província de Cabo Delgado enfrenta uma insurgência jihadista desde 2017. Embora os grupos islamistas não tenham realizado diretamente os ataques recentes, a insurgência causou um colapso geral na segurança, o que contribuiu para o aumento da violência armada.

Além disso, a extrema pobreza e a falta de recursos, agravadas pelo conflito, têm gerado ondas de furtos e assaltos em toda a região.

"Precisamos de segurança nos conventos com urgência"

A Irmã Aparecida Ramos Queiroz, responsável pelos projetos da Diocese de Pemba, reforçou à ACN a necessidade de proteger os conventos. "Em 2023, grupos armados também atacaram o convento da minha própria congregação em Metoro", relembrou.

A ACN tem prestado assistência emergencial à Diocese de Pemba para ajudar parte dos quase um milhão de deslocados internos gerados pela violência. Agora, a fundação trabalha em estreita colaboração com a diocese para reforçar a segurança das estruturas missionárias e conventos da região.

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