Eles o chamavam de Bhalu, o urso. Era esse o apelido afetuoso, na língua indiana Hindi, devido à estatura robusta do mártir Pe. Herman Rasschaert

Quando o Padre Herman aparecia, as pessoas ficavam em silêncio. Até mesmo a multidão enfurecida de hindus silenciava quando o padre jesuíta de barba preta e hábito branco subia na mureta que cercava a mesquita de Gerda, onde centenas de muçulmanos haviam se refugiado. No entanto, o padre sabia que nenhum sermão poderia acalmar massas fanáticas. Então bradou: “Matar pessoas é um pecado grave. Parem com a maldade! Parem! Parem!”. Foram essas, suas últimas palavras.

Do silêncio, de repente, um hindu bradou: “Ele é um deles!” Uma pedra grande foi arremessada, atingindo em cheio o rosto do Padre Herman. Ele se desequilibrou, tentou levantar-se do chão, mas o bando sanguinário já estava por cima dele: o esfaquearam, pisaram nele, e correram para a mesquita. Nesse 24 de março – terça-feira da Semana Santa de 1964 – mais de mil pessoas morreram. Um massacre.

“o maior sacrifício que se pode oferecer a favor da paz fraterna e do bem comum”

O Padre Herman havia recém completado 42 anos de idade. Mas ele não morreu em vão. A notícia do martírio do jesuíta de Flandres em favor da minoria muçulmana na região de Jharkhand, no nordeste da Índia, espalhou-se instantaneamente; o Governo central enviou tropas e restabeleceu o controle da província. O Ministro do Interior, em uma mensagem radiofônica para todo o país, enalteceu “o maior sacrifício que se pode oferecer a favor da paz fraterna e do bem comum”. Nehru e Indira Gandhi prestaram homenagens públicas ao padre.

Sangue de mártires é também semente de paz. Porque a missão não é apenas ensinamento, mas acima de tudo exemplo de vida. Com o seu exemplo, o Padre Herman ensinou como a vida cristã pode tornar mais suave para todos o jugo do dia a dia; assim como a disposição de ajudar ativamente, a fidelidade e a perseverança podem fazer os outros felizes; portanto o amor é altruísta. “Bahlu” não poupou esforços, se empenhou pelos seus alunos, pela paróquia, por todas as pessoas – até a morte.

No local de seu Gólgota será agora construída uma igreja. Afinal, a antiga capelinha há tempo já não comporta os peregrinos que nas últimas décadas vêm em número cada vez maior a Gerda; sobretudo para rezar no túmulo do mártir. Dois padres e três religiosas ursulinas se dedicam a eles. Apesar da pobreza da paróquia, eles querem arcar com parte do custo da nova igreja. O restante eles esperam de nós.

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