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No Iraque a Igreja fica até o fim

12 de junho de 2019

No Iraque a Igreja fica até o fim para ajudar os cristãos que sofreram a invasão do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) em agosto de 2014. Dom Petros Mouche é o responsável pela Arquidiocese Católica Siríaca de Mossul. Ela é a segunda maior cidade do Iraque e também foi invadida pelo EI. Hoje, com o EI expulso de Mossul e das planícies de Nínive, as comunidades cristãs estão lentamente voltando à vida. Milhares de fiéis iraquianos, depois de terem passado mais de três anos no exílio no Curdistão, se estabeleceram em suas antigas casas, aldeias e cidades. Em uma entrevista à Fundação Pontifícia ACN, o Arcebispo Dom Mouche – que também é responsável pela Igreja Católica Siríaca em Kirkuk e no Curdistão – faz um balanço da situação.

Organizações Religiosas e Humanitárias tiveram papel importante

A mudança positiva ocorreu em nossa região – ninguém pode negar isso. As coisas podem ainda não estar no nível exigido, mas há sinais muito claros e concretos de progresso. Mas nenhum crédito vai para o Estado: o crédito pertence às organizações religiosas e humanitárias que correram para nos apoiar. No entanto, ainda não temos fundos para concluir a reconstrução de todas as casas. Afinal, elas foram muito danificadas ou totalmente destruídas; estamos esperando a ajuda dos governos, como os do Reino Unido e da Hungria, que intervenham e nos ajudem nessa frente.

Falta de emprego

Quanto à criação de empregos, há pouquíssimas iniciativas. Nós fizemos muitos pedidos a várias empresas americanas, britânicas, francesas e até da Arábia Saudita. Pedimos que lançassem alguns projetos importantes na região a fim de que que nossos povos possam sobreviver e, especialmente nossos jovens, possam encontrar trabalho. Mas ainda estamos à espera. O governo iraquiano fez muitas promessas, mas poucos projetos foram implementados. Nossa confiança no Estado é baixa. Estamos convencidos de que, oferecendo as oportunidades certas, muitos de nossos povos retornariam a Qaraqosh – se pudessem viver lá em paz e estabilidade.

Os problemas não terminarão enquanto a ganância prevalecer. Quando apenas os fortes prevalecem e os direitos dos pobres são esmagados; enquanto o Estado ainda estiver fraco e a lei não for aplicada. Mas nossa esperança está em Deus e rezamos para que o EI nunca retorne. Por sua segurança e bem-estar geral, os cristãos dependem do estado de direito e da integridade do governo. Isso é o que pode garantir a segurança para nós e para a Igreja.

“Os cristãos não usam violência para defender a si mesmos, mas apelam ao respeito mútuo”

Não há um partido específico e bem conhecido com planos para atacar os cristãos. Contudo, quem quer que tenha ambições de tomar nossa terra, perde o senso de cidadania e não respeita os direitos dos outros. Essas partes não se sentem confortáveis com a nossa sobrevivência e presença contínua. Há muitas visitas de boa vontade por delegações oficiais e muitas boas palavras são faladas, mas nada acontece. Boas intenções não são suficientes. Da parte de alguns, não há respeito suficiente pelos nossos direitos. E os cristãos não usam violência para defender a si mesmos, mas apelam ao respeito mútuo. Porém, se isso não for respondido dessa maneira respeitosa, mais e mais cristãos irão emigrar. Isso machuca a todos nós, que amamos esta terra, nossa história, nossa civilização e nossa herança.

No Iraque a Igreja que fica até o fim

A Igreja como um todo – seus bispos, pastores e leigos – não poupa esforços para reivindicar os direitos do seu povo e para assegurar uma área onde possamos viver com dignidade e paz. A Igreja e seus líderes fazem o seu melhor para instilar confiança e esperança em nosso povo, mas sem forçar qualquer pessoa que retorne, permaneça ou seja deslocada. Essa decisão que cada família deve tomar por si mesma, a decisão que garanta sua dignidade, seu futuro, especialmente o futuro das crianças.

Mensagem: Voltem para Qaraqosh

Aqui está a minha mensagem para os cristãos que deixaram Qaraqosh, onde quer que eles estejam – ainda no Iraque, ou se eles já estão em terras estrangeiras: Qaraqosh é a mãe que te alimentou com o amor de Deus, o amor da Igreja e amor da terra; permanecerá sendo sua mãe apesar da tristeza por sua ausência; a cidade é o seu coração que ainda está ligado a você e seus olhos estão observando todos os seus passos. É feliz quando você está feliz, e está preocupada com o seu destino quando você não está feliz. Suas portas permanecem abertas para você. A cada momento Qaraqosh está pronta para abraçar você de novo – Qaraqosh pede que você permaneça fiel ao leite puro que ela lhe deu!

Ajuda permanente da ACN

Desde 2014, a ACN está na vanguarda no apoio aos cristãos iraquianos com mais de 300 projetos realizados. Esse apoio inclui ajuda humanitária para fiéis que fugiram para o Curdistão para escapar do EI, a reconstrução e reforma das casas cristãs nas Planícies de Nínive e, atualmente, a reconstrução e reforma da infraestrutura da Igreja no norte do Iraque.

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No Iraque a Igreja fica até o fim para ajudar os cristãos que sofreram a invasão do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) em agosto de 2014. Dom Petros Mouche é o responsável pela Arquidiocese Católica Siríaca de Mossul. Ela é a segunda maior cidade do Iraque e também foi invadida pelo EI. Hoje, com o EI expulso de Mossul e das planícies de Nínive, as comunidades cristãs estão lentamente voltando à vida. Milhares de fiéis iraquianos, depois de terem passado mais de três anos no exílio no Curdistão, se estabeleceram em suas antigas casas, aldeias e cidades. Em uma entrevista à Fundação Pontifícia ACN, o Arcebispo Dom Mouche – que também é responsável pela Igreja Católica Siríaca em Kirkuk e no Curdistão – faz um balanço da situação.

Organizações Religiosas e Humanitárias tiveram papel importante

A mudança positiva ocorreu em nossa região – ninguém pode negar isso. As coisas podem ainda não estar no nível exigido, mas há sinais muito claros e concretos de progresso. Mas nenhum crédito vai para o Estado: o crédito pertence às organizações religiosas e humanitárias que correram para nos apoiar. No entanto, ainda não temos fundos para concluir a reconstrução de todas as casas. Afinal, elas foram muito danificadas ou totalmente destruídas; estamos esperando a ajuda dos governos, como os do Reino Unido e da Hungria, que intervenham e nos ajudem nessa frente.

Falta de emprego

Quanto à criação de empregos, há pouquíssimas iniciativas. Nós fizemos muitos pedidos a várias empresas americanas, britânicas, francesas e até da Arábia Saudita. Pedimos que lançassem alguns projetos importantes na região a fim de que que nossos povos possam sobreviver e, especialmente nossos jovens, possam encontrar trabalho. Mas ainda estamos à espera. O governo iraquiano fez muitas promessas, mas poucos projetos foram implementados. Nossa confiança no Estado é baixa. Estamos convencidos de que, oferecendo as oportunidades certas, muitos de nossos povos retornariam a Qaraqosh – se pudessem viver lá em paz e estabilidade.

Os problemas não terminarão enquanto a ganância prevalecer. Quando apenas os fortes prevalecem e os direitos dos pobres são esmagados; enquanto o Estado ainda estiver fraco e a lei não for aplicada. Mas nossa esperança está em Deus e rezamos para que o EI nunca retorne. Por sua segurança e bem-estar geral, os cristãos dependem do estado de direito e da integridade do governo. Isso é o que pode garantir a segurança para nós e para a Igreja.

“Os cristãos não usam violência para defender a si mesmos, mas apelam ao respeito mútuo”

Não há um partido específico e bem conhecido com planos para atacar os cristãos. Contudo, quem quer que tenha ambições de tomar nossa terra, perde o senso de cidadania e não respeita os direitos dos outros. Essas partes não se sentem confortáveis com a nossa sobrevivência e presença contínua. Há muitas visitas de boa vontade por delegações oficiais e muitas boas palavras são faladas, mas nada acontece. Boas intenções não são suficientes. Da parte de alguns, não há respeito suficiente pelos nossos direitos. E os cristãos não usam violência para defender a si mesmos, mas apelam ao respeito mútuo. Porém, se isso não for respondido dessa maneira respeitosa, mais e mais cristãos irão emigrar. Isso machuca a todos nós, que amamos esta terra, nossa história, nossa civilização e nossa herança.

No Iraque a Igreja que fica até o fim

A Igreja como um todo – seus bispos, pastores e leigos – não poupa esforços para reivindicar os direitos do seu povo e para assegurar uma área onde possamos viver com dignidade e paz. A Igreja e seus líderes fazem o seu melhor para instilar confiança e esperança em nosso povo, mas sem forçar qualquer pessoa que retorne, permaneça ou seja deslocada. Essa decisão que cada família deve tomar por si mesma, a decisão que garanta sua dignidade, seu futuro, especialmente o futuro das crianças.

Mensagem: Voltem para Qaraqosh

Aqui está a minha mensagem para os cristãos que deixaram Qaraqosh, onde quer que eles estejam – ainda no Iraque, ou se eles já estão em terras estrangeiras: Qaraqosh é a mãe que te alimentou com o amor de Deus, o amor da Igreja e amor da terra; permanecerá sendo sua mãe apesar da tristeza por sua ausência; a cidade é o seu coração que ainda está ligado a você e seus olhos estão observando todos os seus passos. É feliz quando você está feliz, e está preocupada com o seu destino quando você não está feliz. Suas portas permanecem abertas para você. A cada momento Qaraqosh está pronta para abraçar você de novo – Qaraqosh pede que você permaneça fiel ao leite puro que ela lhe deu!

Ajuda permanente da ACN

Desde 2014, a ACN está na vanguarda no apoio aos cristãos iraquianos com mais de 300 projetos realizados. Esse apoio inclui ajuda humanitária para fiéis que fugiram para o Curdistão para escapar do EI, a reconstrução e reforma das casas cristãs nas Planícies de Nínive e, atualmente, a reconstrução e reforma da infraestrutura da Igreja no norte do Iraque.

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