Um relatório divulgado nos últimos dias, em Genebra, por Rupert Colville (Conselho dos Direitos Humanos da ONU), sobre o Mali, denuncia a existência de várias violações de direitos humanos, incluindo assassinato e tortura.

O documento, com base numa missão que visitou este país africano em Novembro, dá conta que estes atos foram cometidos tanto no norte, controlada por rebeldes islamitas, como no sul, área controlada pelo governo. No entanto, é no norte do país que se verificam os casos mais graves. Colville refere a existência de pelo menos 10 pessoas que tiveram partes do corpo amputadas por grupos extremistas, como o caso de um homem de 30 anos que teve a mão direita arrancada com uma faca, após ter sido acusado de roubar gado.

O responsável da ONU contou ainda que diversas mulheres sofreram violência sexual, havendo o caso de uma jovem de 22 anos que foi violada por seis homens armados por não ter o rosto coberto por um véu dentro da sua própria casa, sendo que, muitas vezes, as violações de mulheres e de meninas correram na presença de familiares e têm sido usadas no norte do Mali como forma de intimidação. O relatório refere ainda a existência de casamentos forçados de meninas de 12 ou 13 anos com membros das milícias islâmicas.

Entretanto, continua a intervenção de unidades militares francesas que, em resposta a um pedido de auxílio pelo governo do Mali, tentam impedir que os rebeldes islamitas, que já ocupam o norte do país desde Junho do ano passado, prossigam a sua marcha rumo à capital. Em resultado desta intervenção, as tropas francesas já conseguiram retomar o controlo da cidade de Kona, a cerca de 700 quilômetros da capital, Bamaco, e que estava nas mãos de grupos salafistas desde 10 de Janeiro.

Destes grupos, destacam-se três organizações principais: Ansar al Din; Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI); e Monoteísmo e Jihad em África Ocidental (MYAO). A França tem sublinhando a ameaça terrorista que impera na região, cujo último dado mais relevante foi a tomada de reféns, na Argélia, num complexo de gás, por elementos de um grupo próximo da AQMI e que teve consequências trágicas, durante o fim-de-semana, em resultado da operação de libertação levada a cabo pelas forças armadas do país.

Entretanto, o Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, anunciou que está a reforçar as suas equipes na região, havendo o propósito de ajudar cerca de 300 mil deslocados internos e cerca de 400 mil civis que poderão pedir refúgio em países vizinhos, como o Burkina Fasso e a Mauritânia.

Também a Igreja católica segue com muita preocupação a evolução dos acontecimentos, sendo que a prioridade é dar apoio às populações deslocadas. A Conferência Episcopal do Mali ira se reunir para buscar uma eficaz coordenação dos esforços de ajuda humanitária, especialmente na região de Mopti.

O Mali tem cerca de 15 milhões de habitantes e praticamente 90 por cento da sua população é muçulmana, em contraste com apenas 10 por cento de cristãos. Este país africano é rico em ouro e algodão.

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