É só na liberdade que o homem se pode converter ao bem. Os homens de hoje apreciam grandemente e procuram com ardor esta liberdade; e com toda a razão. Muitas vezes, porém, fomentam-na de um modo condenável, como se ela consistisse na licença de fazer seja o que for, mesmo o mal, contanto que agrade. A liberdade verdadeira é um sinal privilegiado da imagem divina no homem. Pois Deus quis deixar o homem entregue à sua própria decisão, para que busque por si mesmo o seu Criador e livremente chegue à total e beatífica perfeição, aderindo a Ele.

Papa Paulo VI
Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”

Neste setembro a Igreja do Brasil comemora os ‘50 anos do Mês da Bíblia’. Iniciativa que começou em 1971, na Arquidiocese de Belo Horizonte. Apenas para bem recordar a importância da Palavra de Deus, a Dei Verbum, um dos documentos do Concílio Vaticano II, sobre a Revelação Divina, acentua que “é tão grande a força e a virtude da palavra de Deus que se torna o apoio vigoroso da Igreja, solidez da fé para os filhos da Igreja, alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual” (DV, 21).

Liberdade verdadeira

Tendo em vista o papel das Sagradas Escrituras na vida do cristão, iremos agora nos envolver no tema da liberdade, justo neste mês que comemoramos os 50 anos do Mês da Bíblia. A mensagem do Apóstolo Paulo em sua carta aos Gálatas, que não desvirtua a compreensão da liberdade com atitudes de libertinagem, é quem vai então nos ajudar nessa reflexão. Para o Apóstolo, a verdadeira liberdade nos toma pela mão, abrasa o coração e nos conduz à pratica do amor, dimensão essencial da vida cristã.

Não se pode conceber vida cristã sem este elemento primordial da liberdade. Cristo veio nos tornar livres e disponíveis para viver e acolher os dons divinos que tanto carecemos nos dias de hoje: a verdade, a justiça, a paz, a reconciliação, a solidariedade, entre tantos outros.
Somente assim, livres, seremos autênticos. E o bom uso da liberdade se alcança com um forte vínculo e contínua intimidade com a Palavra, que é essencialmente a pessoa e a vida de Cristo.

A Igreja é portadora deste anúncio da liberdade, não de uma forma descomprometida, mas testemunhal, renunciando todo e qualquer privilégio e encanto deste mundo. E é isto que define a nossa vida cristã: a nossa condição de sermos livres na escolha por Deus, jamais subservientes aos valores contrários à vida e à dignidade da pessoa humana.

Somos convidados assim a crescer no exercício de leitura, meditação, oração e contemplação da Palavra de Deus; é ela quem nos reconduz ao projeto divino original e nos liberta de qualquer tipo de amarra. Nessa mesma liberdade, os abençoo!

Fr. Rogério Lima, O. Carm.
Assistente Eclesiástico Nacional

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