Dois símbolos de esperança

Num país dilacerado pela guerra, o lançamento de uma universidade e de um hospital para o Norte do Iraque são “símbolos de esperança” que permitirão aos cristãos a construção de um futuro longe da violência e da intimidação que tem obrigado tantos a fugir do país.

Para a concretização das duas iniciativas previstas para Ankawa, um subúrbio da capital curda de Erbil, o primeiro e um dos maiores obstáculos já foi ultrapassado: dia 31 de Janeiro, o governo regional deu a garantia da entrega dos 2 terrenos para a construção de ambas as estruturas.

São 30 mil metros quadrados para a universidade e, nas imediações, mais 8 mil metros quadrados para o hospital que deverá ter 100 leitos, oito salas de cirurgia e uma ala médica.

Ao anunciar estes planos à Ajuda à Igreja que Sofre, o arcebispo de Erbil, Bashar Warda, disse que ambos os projetos – universidade e hospital – vão ser geradores de emprego, estágios e outras oportunidades para milhares de cristãos, o que irá reforçar a relativa segurança do Curdistão, longe da violência inter-religiosa que se mostra especialmente em Bagdá e Mosul.

Para o arcebispo, os planos que vem sendo desenvolvidos ao longo dos últimos meses, “são símbolos de esperança para a presença cristã no nosso país”. Estas duas iniciativas surgiram em resposta a uma crescente presença de cristãos altamente qualificados, com experiência em educação e medicina.

O arcebispo Warda disse à AIS que “as pessoas chegam aqui a partir de locais onde a violência é real e estão recebendo o dom de viver em relativa segurança”. Assim, acrescentou, “eles próprios estão dispostos a oferecer o dom dos seus serviços a uma região que tem tantas carências”.

Embora o hospital e a universidade venham a ser propriedade da arquidiocese de Erbil, que terá a responsabilidade da gestão de ambos os projetos, o arcebispo sublinhou que estarão abertos a todas as pessoas, independentemente das diferenças políticas e religiosas.

Estando garantido o terreno para o hospital e a universidade, é necessário obter o financiamento para o início das construções. Para isso, e por se tratar de uma região muito pobre, é necessária uma campanha de angariação de fundos. O prelado lançou, a propósito, um apelo aos governos do Ocidente, assim como a instituições de caridade e ONG’s, para que continuem sendo generosos para com o mártir povo iraquiano.

O arcebispo salientou ainda que um dos fatores mais importantes em ambos os projetos é o fato de serem geradores de emprego na região, o que irá desincentivar o êxodo cristão de um país que viu desaparecer, numa década, o número de fiéis de mais de 800 mil para apenas 200 mil. “Nós não queremos os cristãos deixando o Iraque. É claro que a nossa sociedade precisa de escolas, universidades e hospitais, e isso proporciona uma oportunidade para incentivar os cristãos a construir um futuro para eles aqui.”

As sucessivas ondas de assassinatos, sequestros e outros tipos de violência, obrigaram um grande número de cristãos a fugir de Bagdá e Mosul, em busca de refúgio, especialmente no Norte, que se encontra sob o controle do governo regional curdo, que é agora uma das únicas partes do Iraque onde praticamente não se registram relatos de violência contra as minorias.

A mais recente onda de refugiados teve origem após o massacre de 31 de Outubro de 2010, na Catedral Católica de Bagdá, onde 58 pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas.

O Iraque é um dos países prioritários para receber apoio de projetos da Ajuda à Igreja que Sofre, que está fornecendo apoio de emergência para refugiados cristãos iraquianos, no norte do país e em países vizinhos, bem como está providenciando ajuda fundamental para os seminaristas, religiosas e sacerdotes.