A cúpula do Panteão é aberta para o alto. Pela abertura penetram o sol e a chuva. O templo era o centro religioso précristão de Roma. Hoje ele está dedicado a “Maria, Rainha dos Mártires”. Os trinta músicos, o coral, os atores falam, cantam, dançam. Até agora eles já apresentaram a peça “Pelicano” em 17 cidades europeias. Foi a Ajuda à Igreja que Sofre que contratou para isso uma companhia teatral da Polônia.

Este é apenas o editorial do Boletim de Fevereiro de 2009.
Você pode baixar o boletim na íntegra ao final deste texto (anexo).

 

No Ano Jubilar de 2000, João Paulo II rezou para que a fé dos mártires do século que terminava se tornasse o fundamento da Nova Evangelização do século XXI. Nunca antes foi tão grande o número dos que morreram pelo seu Senhor e pela Igreja. A peça narra o sacrifício de vítimas da brutalidade dos regimes nazista e comunista, de ditaduras latino-americanas e do delírio racista na África. Entre eles há leigos, sacerdotes, religiosas. São fuzilados ou mortos a pancadas ou machadadas. São cenas ocorridas na Rússia, na Espanha, no México, na Polônia, na Alemanha, no Burundi, na Tailândia. São católicos, um cristão ortodoxo e um luterano. Todos morrem perdoando a seus assassinos.

“Pelicano no Panteão” – anunciavam os cartazes do espetáculo nas igrejas de Roma. Esse nome remete a Jesus. A lenda diz que essa ave marinha rasga o próprio peito para alimentar com seu sangue os seus filhotes. Cristo é o nosso Pelicano. A ferida aberta pelo bico é a chaga da lança. Dela brotam a água do Batismo e o sangue da Eucaristia. Jesus é o mestre de todos os mártires. Ele reza: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!”. Neste mundo de tanta guerra e discriminação, em que se ignora e se despreza Cristo, é cada vez mais difícil ser cristão. Rapidamente nos acovardamos. Sem rodeios somos desafiados: queremos ser testemunhas ou outros Judas? Acabou-se o catolicismo de tradição. Exige-se de nós uma clara opção pela fé. Uma Quaresma de rotina já não serve mais. Ela não marca, não incide na vida real. Ou a Igreja do século XXI crescerá no húmus dos mártires, ou será raquítica e os poderosos deste mundo farão com ela o que quiserem.

Ao sairmos do Panteão, um sacerdote ainda novo me confidencia: “Quando terminou a música, eu só queria sair para me confessar”. E um outro, já mais idoso, disse baixinho: “Senti renascer em mim a minha identidade sacerdotal. Tive vontade de batizar, de celebrar melhor a Eucaristia, de levar o Evangelho até os confins do mundo”. Sim, os mártires provocam conversão. A sua e a minha Quaresma é sempre conversão – a Deus e ao próximo, por meio da oração e da esmola.

Últimas notícias

Deixe um comentário