Na vigília das eleições no Curdistão, o Cardeal Patriarca Louis Raphael Sako fala à ACN sobre esperança, futuro e expectativas dos cristãos no Iraque.

“Desta eleição esperamos uma mudança política positiva”, diz o Cardeal Louis Raphael Sako – patriarca católico caldeu da Babilônia e chefe da Igreja Católica Caldeia – para ACN referente às eleições gerais programadas para o Curdistão iraquiano no próximo domingo, 30 de setembro, para eleger o Parlamento. “A cooperação entre o governo central iraquiano e as autoridades do Curdistão é muito importante. Se funcionar, todo o país funciona. Se não funcionar, surgirão muitas complicações”, afirma o patriarca Louis Sako, elevado a Cardeal pelo Papa Francisco em 29 de junho passado.

“Precisamos de um aumento de emprego para os jovens; precisamos de mais ajuda para reconstruir as aldeias na Planície de Nínive, destruídas pelo grupo Estado Islâmico; precisamos que o governo aumente e melhore seus serviços; finalmente, queremos acabar com a milícia e a corrupção. Queremos construir juntos um Iraque democrático e fortalecer a coexistência pacífica. Nós temos esperança porque as coisas estão apenas começando a mudar no Iraque. A eleição de 118 novos deputados no Parlamento Iraquiano é um bom sinal. Os cristãos no Iraque esperam também uma melhoria da segurança. Mas sobre a questão ‘segurança’, tenho que admitir, as coisas estão melhorando nos últimos tempos”.

Cerca de 20.000 famílias cristãs deixaram suas aldeias em agosto de 2014 e encontraram um abrigo no Curdistão. Eles ficaram nos campos de refugiados por três anos. Cerca de 9.000 famílias acabaram de voltar para suas casas. “Esperamos que um resultado positivo do dia das eleições no Curdistão – acrescenta o Cardeal – possa persuadir muitos outros cristãos a permanecer no Iraque. Eu acho que é um desafio muito difícil porque muitos deles deixaram o Iraque e agora vivem nos países ocidentais. Seus filhos vão à escola e estão se integrando progressivamente na sociedade. Mesmo que os pais gostariam de voltar, eles provavelmente não voltariam por causa do futuro de seus filhos. Eu acho que seria um bom resultado, se convencermos os cristãos iraquianos, que ainda vivem no Iraque como ‘refugiados internos’, a não partirem. Para isso, precisamos reconstruir o mais rápido possível as casas destruídas, escolas, igrejas e as infraestruturas”.

Conflitos permanentes entre partidos políticos e religiosos envenenam a vida e a atmosfera. “Além disso, os conflitos entre os curdos e os árabes, que querem ocupar a Planície de Nínive, não encorajam os cristãos iraquianos a permanecer. A rua de Badnaya e Teleskuf, por exemplo, está fechada. Temos dinheiro para reconstruir as casas de lá, mas as famílias não podem entrar. Além disso, as pessoas daqui precisam de emprego. Poderíamos melhorar a agricultura e a indústria na Planícies de Nínive e também poderíamos iniciar muitos outros projetos. Podemos fundar uma escola politécnica para ensinar ofícios aos jovens. Temos de enfrentar muitos desafios e esperamos que o novo Governo Central e as eleições no Curdistão tragam soluções positivas. Caso contrário, as pessoas perderão a esperança e a confiança. Isso não deve acontecer!”

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