“A ajuda tem que proporcionar que as pessoas reconstruam e voltem a viver uma vida decente”

A ACN aprovou mais de 40 projetos de assistência pastoral e de emergência para cristãos na Síria. A fundação pontifícia espera aliviar de alguma forma a grave situação que o povo do país tem sofrido; sobretudo devido às várias sanções econômicas, como o embargo do petróleo. O bispo maronita de Alepo, Dom Joseph Tobji, assinalou em 27 de junho deste ano – em um discurso no Parlamento Europeu em Bruxelas – que essas sanções “estão matando o povo sírio da mesma forma que as armas”.

“Por que as crianças e os doentes têm que morrer por falta de remédios? Por que aqueles que perderam seus empregos têm que morrer de fome por causa do embargo?”, perguntou o bispo aos deputados europeus reunidos. Este é mais um entre tantos apelos de comunidades católicas e ortodoxas locais na Síria que clamam por apoio. Em resposta, a ACN irá contribuir ainda mais no fornecimento de itens básicos e atendimento médico. O apoio se destina às famílias carentes e deslocadas em várias partes do país, sobretudo em Alepo e Homs.

A emigração

Outro grave problema que afeta o país é a emigração; segundo Dom Tobji, é “uma ferida perigosa, que continua a sangrar”. Obviamente, uma parcela da onda de emigração voluntária é formada pelos cristãos sírios. Os cristãos já eram uma minoria antes, mas agora serão “eliminados se a guerra não acabar logo”, acrescentou. “Apenas um terço” restou daqueles que habitavam antes o país.

Diante dessa grande diáspora, o bispo maronita se pergunta quem ficará para reconstruir o país; já que a Síria é agora um país “sem produtividade, sem força de trabalho e sem sociedade”. Os cristãos – disse ele – sempre foram uma “ponte cultural” entre o Oriente e o Ocidente, e desempenharam um papel primordial como elemento de paz na sociedade síria. “Se os cristãos desaparecerem, haverá muitos problemas, tanto para o próprio país quanto para a Europa, que não está a tantos quilômetros de distância”, previu.

Ajuda especial para crianças e jovens

Nesse sentido, um dos objetivos da ACN é a ajuda para crianças e jovens – o futuro do país e a razão pela qual tantas famílias cristãs estão emigrando. É por isso que um quarto de todos os novos projetos aprovados pela ACN são destinados aos jovens. A ACN lançou uma série de programas de ajuda educativa e bolsas de estudo; isso porque muitas famílias perderam seus empregos e não têm meios para financiar a educação dos filhos. É, inclusive, essa falta de meios financeiros que forçou muitos a buscar um futuro fora do país.

Nos próximos meses, 1.215 alunos e 437 estudantes universitários em Homs e 105 estudantes universitários em Damasco serão beneficiados com esse programa. Além disso, a ACN comprometeu-se a apoiar a escolarização de crianças de cerca de 300 famílias em necessidade em Damasco; como também de muitas crianças doentes e órfãs.

Ao mesmo tempo, vários projetos visam ajudar crianças e jovens traumatizados por sete anos de conflito e guerra. Destaca-se a iniciativa “Deixe-me viver minha infância”, na cidade de Alepo. Padre Antoine Tahan, pároco da Igreja Católica Armênia da Santa Cruz, responsável por essa iniciativa, explica: “Graças ao apoio da ACN as crianças viverão, tendo sido despojadas de suas ‘fantasias de adultos’ e conduzidas a retomar os dons da infância, que são insubstituíveis; queremos que elas redescubram a capacidade de brincar e de simplesmente serem crianças”. Além disso, a ACN apoiará uma série de cursos de verão para jovens, organizados pela Igreja Católica Maronita e pela Igreja Ortodoxa Síria em Alepo; a cidade que provavelmente foi a que mais sofreu durante a guerra.

Projetos de reconstrução

Fiel ao seu carácter pastoral, a ACN aprovou projetos para reforma de várias igrejas e mosteiros, incluindo a catedral maronita e a catedral sírio-católica, ambas em Alepo; bem como a formação de seminaristas e ajuda de subsistência para sacerdotes. Como enfatiza o Bispo Tobji, “a Igreja é a primeira porta que o povo bate” e, no entanto, a Igreja seria incapaz de fornecer ajuda sem o apoio de “benfeitores, organizações e fundações eclesiásticas como a ACN”. Nossa ajuda “tem que ser capaz de ajudar as pessoas a reconstruírem, a encontrarem trabalho e retomarem uma vida digna”. Por isso, o bispo maronita de Alepo lança seu desesperado apelo ao Ocidente: “Faça a coisa certa; nos ajude a encontrar a paz”.

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