A esperança não engana

Recentemente, uma benfeitora me questionou com as seguintes palavras: “Há décadas fazemos doações para a África. Mas de que adianta isso? Pois, apesar de toda a ajuda, vocês nos mostram que a necessidade persiste e até tem aumentado. Será que o nosso engajamento não está sendo em vão?”

A preocupação dela, de que sua disponibilidade fosse inútil, e a tentação de desistir eram evidentes. Quando contei o que nós vemos e ouvimos quase todos os dias na ACN, sua visão mudou radicalmente em poucos minutos. Eu lhe contei da alegria e da esperança de milhares de pessoas que são beneficiadas pelos projetos.

Projetos como uma igreja recém-construída em uma comunidade carente dos sinais de que Deus caminha junto; ou um novo centro paroquial que torna possível a vida religiosa, comunitária e social das pessoas; ou da aquisição de um veículo que leva missionários ao encontro das comunidades mais distantes; ou projetos como escolas para crianças e jovens que vivem em situação de migração forçada e de fuga do país; ou quando ajudamos religiosas a cuidar de refugiados, e muito mais.

A esperança é o alicerce para todo sofrimento

Constantemente presenciamos como a prontidão dos benfeitores em ajudar traz alegria, esperança e vida, em meio a situações difíceis. Mas claro que também nos deparamos com realidades bastante complicadas, apesar de toda a ajuda. Mas é exatamente aí que nossa disposição em ajudar dá confiança àquelas pessoas que quase não têm mais esperança. Como é encorajador, justamente para elas, perceber que não foram esquecidas, que há alguém que está pensando nelas, que reza por elas e oferece ajuda concreta. É esse amor que sustenta a esperança de quem ajudamos. Por isso não desistimos e temos entusiasmo para continuar.

Na encíclica Spe Salvi, o Papa Bento XVI fala da esperança como uma força que nos conduz para além do sofrimento. O Papa Francisco escolheu o seguinte título para a sua bula de proclamação do Ano Jubilar, que começou no Natal: “A esperança não engana”.

A esperança cristã continua sendo o alicerce inabalável que nos sustenta para além de todo sofrimento, rumo à vida eterna. Essa é a mensagem para todos nós que passamos por muitas incertezas e dificuldades. Coragem! Feliz Ano Jubilar de 2025.

Pe. Anton Lässer
Assistente Eclesiástico Internacional