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Oração e coragem: o testemunho de uma cristã sudanesa que enfrentou a prisão por sua fé

Publicado em: outubro 27th, 2025|Categorias: Notícias|Views: 35|

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“A oração foi minha força na prisão”, afirma Mariam Ibrahim, cristã sudanesa que compartilhou um testemunho comovente durante o lançamento internacional do Relatório sobre a Liberdade Religiosa 2025. Acusada de apostasia e adultério, as autoridades a condenaram com base na lei Sharia, que a considerava muçulmana como o pai, embora ela tivesse sido criada como cristã praticante.

Durante o evento organizado pela ACN, em 21 de outubro, em Roma, mais de 20 palestrantes de diferentes regiões do mundo compartilharam testemunhos e reflexões sobre a atual situação da liberdade religiosa. Entre os relatos, o de Mariam foi um dos mais emocionantes. Em 2014, as autoridades a condenaram à morte por alegada apostasia e a 100 chicotadas por alegado adultério, depois que ela se recusou a renunciar à fé cristã.

Embora Mariam não tenha podido viajar a Roma devido a um problema de visto de última hora, ela enviou uma mensagem em vídeo, gravada nos Estados Unidos, onde atualmente vive com sua família. Em seu discurso (confira aqui), expressou profunda gratidão à ACN “por todo o trabalho, advocacy e orações realizadas ao longo do ano em nome da Igreja perseguida.”

A fé como sustento em meio à perseguição

“Enche meu coração de esperança ver todo esse trabalho e advocacy em favor daqueles que sofrem por causa da fé. Sou profundamente grata aos meus amigos da ACN por não se esquecerem dos perseguidos”, declarou Mariam.

Ela relembrou que sua provação começou no Sudão, quando, sendo filha de pai muçulmano e mãe cristã, foi automaticamente considerada muçulmana pelas leis do país. “Fui acusada porque cresci como cristã, porque pratiquei minha fé e porque me casei com um homem cristão. Isso foi considerado um crime”, explicou.

Mas, durante a gravidez e o período em que esteve presa, Mariam enfrentou provações inimagináveis. “Passei o Natal de 2013 na prisão. Descobri que estava grávida pouco antes de ser encarcerada. Então naquela primeira noite na cela eu estava apavorada e só conseguia rezar. Minha mãe havia falecido, a família do meu pai me rejeitou e a mídia me chamava de ‘impura’, ‘incrédula’ e ‘merecedora da morte’.”

A Bíblia escondida e a força da oração

Um dos momentos mais marcantes de seu testemunho foi quando ela descreveu como conseguiu manter sua Bíblia na prisão: “Tive que cortar suas páginas e escondê-las no meu cabelo para poder lê-las no banheiro. Afinal, era o único lugar onde eu podia abri-la sem ser descoberta e fazer uma oração. Ainda carrego comigo aquela Bíblia da prisão para onde quer que eu vá.”

Mariam também destacou o poder da oração e a importância do acesso à Palavra de Deus para os que enfrentam perseguição. “Quando me perguntam como orar pelos perseguidos, eu digo: orem para que encontrem acesso à Palavra de Deus. Em muitos países, as autoridades consideram um ato de terrorismo ter uma Bíblia. Mas a Bíblia não é uma ameaça, é a história da salvação para todos os povos.”

Sua libertação foi possível graças à mediação do governo italiano e ao apoio da comunidade internacional. Antes de deixar o Sudão, Mariam e sua família ficaram um mês refugiados na embaixada dos Estados Unidos em Cartum.

Um novo propósito após a libertação

“Sou grata porque meus filhos estão seguros, minha família está segura, e agora tenho uma missão, usar minha voz por aqueles que ainda sofrem por causa da fé”, disse ela durante o lançamento do relatório.

Então, em suas palavras finais, Mariam compartilhou uma mensagem de esperança: “A perseguição traz uma dor inimaginável, mas Deus sempre dá força. Rezo para que o trabalho da ACN continue crescendo, que o mundo ouça nossas histórias e que a Igreja nunca deixe de rezar pelos que estão na prisão.”

Relatório global alerta para graves violações da liberdade religiosa

De acordo com o Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo 2025, elabora do pela ACN, mais de 5,4 bilhões de pessoas — quase dois terços da população mundial — vivem em países com sérias violações da liberdade religiosa.

Entre 196 países analisados entre janeiro de 2023 e dezembro de 2024, 62 apresentaram violações severas, sendo 24 com perseguição sistemática e 38 com discriminação generalizada por motivos de fé.

Esses dados reforçam a urgência de promover a defesa da liberdade religiosa e dar voz aos que continuam sendo perseguidos simplesmente por acreditar.

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