Há meses, o ditador norte-coreano Kim Jong-un vem provocando os Estados Unidos, a Coréia do Sul e o Japão com um possível lançamento de mísseis e invasões territoriais. Segundo peritos, o perigo deuma real agressão nuclear por parte de Pyongyang é maior que nunca.

O jovem Kim Jong, que assumiu recentemente o cargo de líder do país comunista mais hermético do mundo, chegou a ameaçar a destruição da Casa Branca, ordenou o fechamento do complexo industrial que compartilhava com a Coréia do Sul e apontou mísseis na direção do Japão. Por outro lado, a China aumentou a pressão sobre a Coréia do Norte para a retomada das negociações sobre uso da energia nuclear que até o momento se encontravam suspensas, elevando o nível de tensão na região.
Para o sacerdote católico Lee Eun-hyung, Secretário Geral do “Comitê para a reconciliação do povo coreano”, o atual conflito supõe um duro revés no trabalho de reconciliação que desde 1999 vêm sendo realizado por 15 dioceses sul-coreanas. Na conversa mantida com a associação católica internacional Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), Pe. Lee fala sobre a dura situação dos cristãos na Coréia do Norte, onde aparentemente não há um só sacerdote católico, e sobre seus esforços a favor da população necessitada no vizinho país do norte.

O Pe. Eun-hyung relata que visitou a Coréia do Norte em três ocasiões: “Em 2005, 2008 e 2011 viajei a Pyongyang, passando pela China. Lá falei com representantes da ‘associação católica Joseon’, que está oficialmente reconhecida pelo Governo da Coréia do Norte. Graças a essa associação pudemos emprestar ajuda humanitária aos norte-coreanos e realizar um intercâmbio religioso”.

“Nas três visitas celebrei a Santa Missa na igreja católica de Jangchung, assim denominada pelo nome do bairro em que se encontra; e nela participaram também cidadãos norte-coreanos. Entretanto, as autoridades norte-coreanas haviam proibido estritamente que eu e meus colaboradores tivéssemos contato pessoal com os cidadãos do país. Por este motivo é difícil dizer se os que foram à Missa eram realmente católicos. A igreja católica de Jangchung é dirigida por um leigo, quem, aparentemente, preside nos domingos uma liturgia da palavra com a comunidade”.

“Até onde sei – continua o padre – atualmente não há sacerdotes católicos na Coréia do Norte”.

Falando sobre a cifra de cristãos que ainda vivem na Coréia do Norte, o Pe. Lee afirma que é “muito difícil obter números de fiéis na Coréia do Norte, pois é o país mais hermeticamente fechado do mundo. Não considero exatas as enormes cifras de pessoas pertencentes a distintas religiões na Coréia do Norte oferecidas pelas estatísticas. As autoridades norte-coreanas nos disseram que no país há 3.000 católicos; mas não sabemos se a cifra é certa nem de onde procede”.

Além da igreja de Jangchung, o único templo católico ativo no país, não há outro reconhecido pelas autoridades do governo comunista que se tenha conhecimento. Porém, antes da divisão das Coréias havia numerosos templos católicos no território do Norte. Provavelmente, muitos deles foram destruídos durante a Guerra da Coréia (1950-1953).

“Supomos que as autoridades norte-coreanas dedicaram a outros fins edifícios eclesiásticos que não se viram afetados pela guerra”, comentou.

Partilhando o que sentiu como sul-coreano ao visitar o território do Norte, Pe. Lee conta: “Quando cruzei de caminhão a linha do cessar fogo, foi como se fizesse uma viagem na máquina do tempo: senti-me transportado a 40 ou 50 anos atrás. Os povoados que existiam antes de Kaesong, o povo que vive ali: tudo tinha o aspecto de épocas passadas”.

Este sacerdote falou à Ajuda à Igreja que Sofre sobre a urgência nos trabalhos de reforma da igreja católica de Jangchung, em Pyongyang.

“Conhecemos exatamente as necessidades que têm. Com nosso apoio desejamos construir também um fundamento firme para um intercâmbio religioso. Baseando-se em nossas experiências com o último Governo opinamos que as tensões políticas não devem paralisar o intercâmbio entreos povos e as religiões”, afirmou.

Ao ser perguntado se o Sul teme um eventual confronto armado com o Norte, Pe. Lee afirmou que “de fato estamos muito preocupados com o perigo de que comece uma guerra. Sabemos exatamente que as ameaças podem afetar o desenvolvimento da vida em ambos lados”.

“Também sabemos que tanto a Coréia do Norte como a do Sul, em caso de guerra, sofreriam grandes feridas, as quais necessitariam muito tempo para curar. Por isso, parto da premissa de que não haveria uma guerra. No entanto, nesta tensa situação aumenta a fome entre a população norte-coreana e na Coréia do Sul a economia sofre desvantagens”.

O padre ressalta que a guerra não resolveria o problema entre os dois países. Antes, ele destaca como saída para esta opressiva situação entre as duas nações “o diálogo e os acordos, a cooperação e o intercâmbio”.

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