A ACN – Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre – aprovou no decorrer dos meses de abril a junho deste ano um total de 32 projetos na Síria, em apoio àqueles que mais sofrem com a guerra de seis anos.

Homs, Alepo, Damasco, Lataquia, Marmarita, Hasake e Sadad são alguns nos lugares que se beneficiaram dos programas assistenciais. Os auxílios estão direcionados principalmente para socorrer e manter as comunidades cristãs que permaneceram no país. As igrejas locais, porém, não negam obviamente ajuda para ninguém, de modo que muçulmanos sírios necessitados são também beneficiados por esses auxílios.

Embora não se dê mais destaque para a situação da Síria nas mídias, o cotidiano no país continua extremamente difícil. A destruição total, principalmente de lugares como Alepo e Homs, não se dá apenas nas infraestruturas e prédios, as pessoas se transformaram em moradas de dor, medo, doença e morte. Assim, uma das prioridades para a ACN é semear esperança em quantos lugares seja possível. Cinco novos projetos aprovados para Alepo focam nas crianças e nos jovens. Inclusa nesses projetos está a ajuda para dois colégios coordenados por congregações religiosas, um deles possui também um orfanato e ambos passaram por destruição e ocupação desde 2012. O número de alunos diminuiu drasticamente porque muitas famílias fugiram ou emigraram e os que ficaram não conseguem arcar com as mensalidades. Hoje, quase 70% da população vive na pobreza, com famílias que ganham menos de dois dólares por dia e 35% está na extrema pobreza. Como explica a irmã missionária do Perpétuo Socorro, Chistiane Camilla, responsável por uma das escolas, sem a ajuda da ACN, as irmãs teriam que fechar o colégio e provavelmente os pais das 145 crianças que permanecem na cidade – antes da guerra a escola possuía mil alunos – se veriam obrigados a deixarem Alepo.

Crianças ainda podem estudar na síria
Crianças ainda podem estudar na síria

Muitos jovens estão sofrendo profundamente em razão do medo, do isolamento e da incerteza sobre seu futuro. Há uma crescente sensação de frustração entre alguns deles em razão do acesso limitado a uma educação de qualidade. Esta é também a razão de outros dois projetos apoiados pela ACN em Alepo, que visam reconstruir um ambiente mais normal para crianças e jovens, muitos dos quais foram praticamente confinados em suas casas durante os últimos quatro anos por medo dos mísseis e das bombas. Uma quadra poliesportiva e outra de basquete, situadas em diferentes locais da cidade, que antes do início do conflito eram lugares de encontro para os jovens das minorias cristãs armênias e sírias, serão reparadas para que voltem a ser ambientes de lazer e um meio de alívio para o trauma profundo que estão sofrendo.

Entre os 32 projetos aprovados pela ACN, há também alguns para ajuda de emergência que permitem com que as comunidades cristãs sobrevivam à dura situação em que se encontram. A fundação contribuirá para que a congregação feminina dos Religiosos de Jesus e Maria continuem seu programa de ajuda alimentar, que beneficia quase 2.200 famílias deslocadas em Al-Hassakah e Aleppo. Do mesmo modo, no sul do país, no chamado Vale dos Cristãos, a ACN está apoiando dois projetos administrados pelos Missionários de São Paulo, que fornecerão apoio mensal até o final do ano de 2017 para 250 alunos que não poderiam continuar seus estudos universitários sem bolsa e ajudarão 340 famílias que não conseguem pagar o aluguel – que aumentou exorbitantemente na área – e 75 beneficiários adicionais que enfrentam extrema necessidade, como viúvas ou feridos de guerra.

Embora a fundação pontifícia esteja atendendo às necessidades imediatas de alimentos, eletricidade, aluguel e suprimentos médicos, fiel ao espírito fundador da caridade, a ACN não esqueceu a importância do seu chamado pastoral – o remédio para a alma.

 

Ajuda de emergência
Projeto de ajuda de emergência com o fornecimento de medicamentos.

 

Reforma em colégio
Grande é a necessidade de reformas em razão dos 6 anos de guerra.

 

Exemplo disso é o reparo de duas igrejas ortodoxas sírias na histórica cidade de Sadad, que ficou tristemente em destaque em razão dos assassinatos de rebeldes islâmicos da Frente Al-Nusra em 2013 e os ataques do grupo autodenominado Estado Islâmico (EI) em novembro de 2015. Agora, pouco a pouco, os cristãos de uma das comunidades cristãs mais antigas do mundo, que falam a língua aramaica até hoje, estão retornando às suas casas. A igreja e a casa paroquial de São Sarkis, como também a de São Jorge, foram danificadas e parcialmente destruídas durante os ataques. A ACN se comprometeu em levantar fundos para sua reparação.

Muitos cristãos sírios buscaram refúgio durante a guerra em áreas mais seguras, como Latakia e Hama, consequentemente a infraestrutura das igrejas locais ficaram pequenas com relação ao aumento do número de fiéis, ou então necessitam de reparos rápidos. Desse modo, quatro paróquias dessas cidades pediram ajuda à ACN para a realização de reparos em suas igrejas ou de instalações adicionais. Em geral estes são pequenos projetos como, por exemplo, a Igreja de Nossa Senhora em Latakia que, após a chegada de 1000 novas famílias de refugiados de Alepo, Homs e Raqqa, agora precisa instalar um sistema de alto-falantes – o que não era necessário quando a comunidade era composta por apenas 300 famílias.

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