O mês de agosto nos recorda naturalmente o mês vocacional, tendo por primícia a Família. A família cristã é o santuário da vida, o berço das diversas vocações e ministérios na vida da Igreja. Cada um é chamado a ser discípulo de Cristo se santificando lá onde se encontra, vive e trabalha.

Na verdade, precisamos refletir um pouco mais sobre a origem primeira e última do valor e da dignidade da vida humana. Cada vida é dom supremo de Deus, dado ao mundo através do amor dos pais. E pelo nosso batismo, a grande vocação é a vocação à santidade, chamados a viver o cotidiano da vida como caminho de santificação. Infelizmente vivemos num tempo em que a dignidade humana foi ferida em profundidade através de uma cultura de morte que prioriza o relativo em detrimento dos valores do absoluto, transformando a própria vida humana em bem descartável.

Pela história sabemos que sempre quando o valor da vida foi questionado o ser humano, em sua existência, adoeceu. Na verdade, quando se perde o valor da vida, a vocação maior do homem, tudo se transforma em relativo, tudo é possível e tudo se justifica. Resta a cada um de nós um primeiro e sério questionamento: Que valor damos à nossa própria vida, e a vida dos que nos cercam?

Sem um sério compromisso na defesa do valor único que cada pessoa possui, o verdadeiro amor é ferido e Cristo é negado. É o apóstolo amado do Mestre quem nos diz: “Quem diz amar a Deus a Quem não vê e não ama o irmão que vê, se engana. Quem ama a Deus que ame igualmente a seu irmão (1Jo 4,20). Jesus é mais radical: “Na verdade vos digo: Tudo o que fizerdes ao menor dos meus, é a mim que o fareis” (Mt 25,40). O primeiro mandamento de Deus tem por exigência o amor a Deus e o amor aos irmãos.

O valor da vida humana é inegociável. Deus não vacilou em nos enviar seu único Filho ao mundo para nos salvar e Cristo não vacilou em sacrificar sua própria vida para nos dignificar e redimir. A encarnação, a vida e a redenção de Jesus Cristo devem nos questionar sobre o verdadeiro valor que damos à nossa vida e a vida de todos. Se isso não nos fala mais, é sinal claro de que nossa vida cristã se distanciou em muito da vida e da Boa Nova dos Evangelhos de Cristo. É impossível amarmos a Deus sem amarmos a vida de todos os irmãos, particularmente dos mais indefesos, pequeninos e feridos do mundo.

A Igreja consciente de sua missão no mundo não aceita sob qualquer pretexto a manipulação da vida humana e a defende em todos os níveis e situações, desde a hora da concepção no útero materno até a hora da morte natural. Se alguém quiser ser cristão e pertencer ao grupo dos seguidores de Jesus não pode ter outro modo de pensar, de viver e de se posicionar. Não há seguimento de Cristo sem o compromisso na defesa da dignidade de vida de todos. Não se é cristão sem o amor a Deus e aos irmãos. Esse é o nosso único caminho para a nossa santificação como discípulos e discípulas do Mestre Jesus.

Padre Evaristo Debiasi
Assistente Eclesiástico Nacional

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