Os habitantes dos subúrbios cristãos na capital da Síria expressam seu desespero com os constantes ataques contra eles. A ACN está pedindo orações e o fim da violência.

Conforme relatório enviado pela Cáritas internacional à ACN (Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre), a situação em Damasco é crítica, com pessoas que dificilmente ousam sair de suas casas. Nas últimas semanas, a cidade sofreu um súbito aumento da violência, especialmente em Ghouta Oriental, região localizada nos arredores de Damasco e que atualmente está controlada pelos rebeldes, com relatos de mais de 250 pessoas mortas.

Não param os ataques

No relatório, a Cáritas lamenta o fato de que os meios de comunicação estão “negligenciando uma parte da história da Síria”, ressaltando que “a maioria das notícias estão focadas nos ataques aéreos russo e sírio e da situação humanitária que ocorre acontece em Ghouta Oriental, com suas vítimas e necessidades, mas dificilmente encontramos algum noticiário falando sobre a situação na própria Damasco, que tem sido atacada desde o início de 2018″.

“Certos bairros de Damasco vêm sendo bombardeados repetidamente desde 22 de janeiro, especialmente nos subúrbios orientais de Damasco, nos bairros Bab Touma, Abbassyin, Kassaa, Koussour e Jaramana, que abrigam a grande parte dos cristãos e onde estão localizados o escritório da Cáritas e os conventos e mosteiros da cidade”. Desde 5 de fevereiro até o momento, mais de duzentos morteiros atingiram esses bairros, causando mais de 28 mortos e 90 feridos”, revela o relatório da Cáritas.

Várias bombas disparadas caíram bem próximo do convento da Irmã Annie Demerjian, que relatou para a ACN que as freiras escaparam da morte por um verdadeiro “milagre” porque o morteiro que atingiu o convento não explodiu, caso contrário, ela e vários estudantes da universidade “teriam sido feridos ou mortos”. Algumas situações pareciam cenas de filme, contou a Irmã Annie, como a ocasião em que ela falava ao celular com outra freira, a Irmã Majal, enquanto ela vinha correndo para o Convento e bombas caíam pelo bairro, com a rua tomada por uma fumaça escura, onde não se conseguia sequer enxergar o céu.

O próprio escritório da Cáritas, durante um final de semana, sofreu impacto dos foguetes que atingiram o bairro Janayen Al-Wared, a poucos metros do escritório nacional. “Felizmente, por ser fim de semana, nenhum funcionário ficou ferido, no entanto, os ataques causaram muitas perdas entre a população civil”.

Os cidadãos pagam o preço

“As pessoas em Damasco estão muito deprimidas, pois chegaram a pensar que a guerra local com os grupos extremistas havia chegado ao fim. Ledo engano, na realidade, elas sentem que voltaram à estaca zero. A maioria das famílias que vivem na parte oriental da cidade deixou de enviar seus filhos para as escolas após os ataques de 22 de janeiro. As principais ruas e praças que costumam estar lotadas durante o dia, agora estão vazias. Todas as pessoas são muito cautelosas em qualquer movimento”.

A crescente violência está ligada a uma ampla ofensiva lançada pelos grupos ligados à Al-Qaeda, em 1º de janeiro de 2018, para capturar uma base militar fundamental no lado Oriental, na saída da capital Damasco. Essa base, conhecida como “The Vehicle Base”, contém muitos soldados e vários depósitos de armas. Desde então, as forças governamentais têm tentado recuperar o controle das áreas controladas por grupos armados anti-governo. Como resultado, a população civil de ambos os lados sofre a contínua luta entre grupos rebeldes armados e o exército sírio.

A autoridade médica do governo sírio recentemente divulgou “o número de vítimas de bombas e das operações terrestres, com pelo menos 35 mil pessoas mortas ou feridas desde 2011”.

Eles pedem orações

“Por favor, ore por nós na Síria e ajude-nos a falar alto sobre esta parte da história, que é negligenciada e que está afetando severamente nossas vidas e as vidas de nossos entes queridos”, conclui o relatório Cáritas.

O padre Andrzej Halemba, chefe de seção da ACN para os projetos na Síria, também pediu orações “para os cristãos sírios, que estão vivendo momentos extremamente difíceis no momento”. Ele também chamou a atenção “para a cessação das hostilidades e todos os bombardeios em Ghouta Oriental e na cidade de Damasco, onde centenas de civis, muitos deles cristãos, vivem no terror, noite e dia, por causa dos incessantes ataques”.

A Síria é um país prioritário para a ACN, e no ano passado, a instituição de caridade financiou mais de 140 projetos, a maioria deles sob a forma de ajuda de emergência, incluindo ajuda pastoral, apoio a irmãs religiosas e reparos em igrejas e conventos danificados pelos ataques.

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