Acabo de retornar a Alepo de uma viagem aos Estados Unidos, onde fiz o melhor que pude para explicar a nossa situação para os cristãos americanos nas principais cidades da Costa Leste do país.

Carta do Arcebispo melquita de Alepo, Jean-Clément Jeanbart

Parece queminha viagem foi útil, foi o que disseram os organizadores da Campanha de Informação e o pessoal da Ajuda à Igreja que Sofre dos EUA. Eles têm tido uma dedicação fantástica para com nossa causa! Eles me deram a oportunidade de falar para seis grandes públicos em seis diferentes ocasiões para responder às perguntas dos jornalistas presentes nas várias conferências. No total, concedi vinte entrevistas a vários órgãos da imprensa americana, além de um certo número de reuniões privadas com repórteres e produtores.

Infelizmente, ao retornar a Alepo, foi com grande tristeza que encontrei a Cúria Arquidiocesana destruída e a Catedral gravemente danificada. Estas grandes estruturas, construidas por meus antecessores há cerca de 200 anos e que cuja restauração investimos muito nos últimos anos, se encontram agora praticamente em ruínas. É difícil exprimir a dor e a tristeza que senti ao encontrar este desastre ao voltar para casa. Graças à Deus, todos os meus sacerdotes escaparam ilesos deste ataque audacioso dos rebeldes contra nossa arquidiocese, com bombas chovendo sobre o bairro cristão, onde há várias igrejas.

Meus padres e fiéis estão em estado de choque, tal como eu. Estou tentando recuperar a calma nos últimos dias, recuperar minha compostura e força para que eu possa transmitir coragem de novo para os que estão à minha volta. Nas últimas duas semanas minha equipe esteve remexendo nas ruínas para tentar salvar o que fosse possível. Eu fiquei trabalhando para tentar recuperar os arquivos, ícones, manuscritos e outros itens preciosos, insubstituíveis e vitais. Vocês podem imaginar como eu estou perturbado e frustrado. Sobretudo, tenho procurado estar junto do meu clero e dos fiéis o máximo possível, agora mais do que nunca eles precisam de apoio e de tranquilidade. Por enquanto, os meus deveres burocráticos e administrativos terão de esperar, até porque meu escritório foi destruído. Vou precisar encontrar um espaço onde eu possa me organizar de novo, trabalhar e guardar os arquivos que puderam ser salvos. Estou bem consciente de que estamos vivendo um período de emergência muito difícil e exigente, precisamos estar sempre vigilantes e disponíveis, sem falta.

Recentemente presidi uma Missa de Requiem pelo repouso da alma de um dos meus colaboradores, que se juntou à procissão dos mártires, pois ele foi vítima da violência dos muçulmanos radicais. Na parte da tarde, compareci a um recital organizado por uma de nossas escolas católicas. Minha presença teve um significado em ambos os casos, assegurando aos fiéis que a Igreja está muito próxima deles, tanto em seu sofrimento quanto em suas alegrias. Apesar de minha tristeza e sentimentos de desolação, Deus me ajudou a encontrar palavras para consolar os corações feridos de uns e reconhecer a coragem de outros. Hoje à noite devo comparecer a apresentação de cantos bizantinos em uma de nossas igrejas. Espero que não sejamos alvos novamente de morteiros e bombas que desde a Páscoa nos atingem.

Estamos pagando muito caro por nossa presença neste país. Mas sabemos que o futuro será mais brilhante para as novas gerações depois que a paz for restabelecida e que ganharmos a liberdade. Neste meio tempo, as bombas vão continuar caindo sobre nós todos os dias. Nós não sabemos quando a tão esperada paz irá chegar, mas rezamos à Deus para que Ele nos conceda a paz o mais rápido possível. E acreditamos com fervor que Ele vai nos conceder isto porque sua bondade é grande e sua misericórdia é para sempre. As suas orações serão um grande apoio. Eu vos imploro, rezem conosco!

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