Recordando o Dia Mundial do Refugiado, assinalado pelas Nações Unidas anualmente no dia 20 de junho, divulgamos a matéria de uma recente visita da equipe da «Ajuda à Igreja que Sofre» aos cristãos iraquianos refugiados em Amã.

Milhares deles migraram para o Reino vizinho, onde puderam escapar dos conflitos, mas asseguram: «Na Jordânia não há futuro algum». Os Jesuítas estão preparando os refugiados para que possam emigrar ao Ocidente. «Jamais voltarei ao Iraque», afirma uma católica Caldeia de Bagdá de 34 anos identificada pelo nome fictício de Lina, no artigo do correspondente Oliver Maksan para a AIS. Provavelmente a maioria dos refugiados iraquianos na Jordânia pensam igual a ela devido às terríveis experiências sofridas em sua terra natal.

«Foi por muito pouco que eu não morri em 2010». Lina contou à Ajuda à Igreja que Sofre que tinha acabado de sair da catedral Sirio-Católica de Bagdá quando terroristas islâmicos entraram no templo matando 52 pessoas. Um sobrinho da Lina faleceu no massacre. Hoje, ela vive com seu marido em um bairro pobre da cidade de Amã, mas as perspectivas para seu futuro neste país não são animadoras.

Para dezenas de milhares de iraquianos — muitos deles cristãos, mas sobre tudo muçulmanos que estavam entre frontes de conflito—, o vizinho reino da Jordânia se converteu em um porto seguro desde a chegada das tropas norte-americanas em 2003. A maioria emigrou depois de 2006, quando eclodiu a violência terrorista, especialmente contra igrejas e famílias cristãs.

Segundo dados oficiais, atualmente vivem na Jordânia pelo menos 450.000 iraquianos refugiados. Entretanto, o país tem um interesse especial em que essas cifras sejam as mais elevadas possíveis para melhorar seu prestígio internacional como país humanitário. O Alto Comissionado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR), porém, não leva em conta estes dados e estima que, na realidade, o número de iraquianos vivendo no país seja de aproximadamente 150.000.

Segundo cálculos do Diretor Regional das Pontifícias Obras Missionárias de Amã, Raed Bahou, 20.000 destes refugiados são cristãos. Em conversa com a «Ajuda à Igreja que Sofre», ele sublinha que, no entanto, não existem cifras exatas. No momento em que a onda de refugiados alcançou seu ponto culminante, antes de 2008, calcula-se que fugiram para o país vizinho entre 60 e 80.000 cristãos; ainda assim, é um número gigantesco para um país de 6,4 milhões de habitantes.

Entretanto, os refugiados não possuem status jurídico algum. O Reino da Jordânia não assinou a Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados das Nações Unidas de 1951 e, por isso, os considera como «hóspedes» no país. Esta política tem consequências concretas na vida de Lina: «Eu gostaria de trabalhar – afirma a católica – as nossas economias estão acabando».

Os refugiados se veem obrigados a viver do que trouxeram consigo. Como muitos cristãos iraquianos pertenciam à classe média alta e trabalhavam como médicos, engenheiros, advogados ou empresários, alguns conseguiram comprar terras na capital da Jordânia, mas agora os preços dos terrenos em Amã aumentaram drasticamente com a chegada de mais iraquianos.

Contudo, o denominador comum é que após alguns anos no exílio o dinheiro acaba; além disso, nem todos os refugiados gozavam de uma posição acomodada no seu país de origem. Por isto, muitos deles vivem do trabalho ilegal ou do dinheiro que familiares no Ocidente lhes enviam. O Estado não lhes proporciona ajuda e as Nações Unidas reduziram as pensões alimentícias. Por estes motivos, Lina está convencida: «Irei a qualquer lugar; para a América, Austrália ou para a Europa; o importante é sair daqui». «Na Jordânia não há futuro algum», assegurou.

Para facilitar a integração dos refugiados no Ocidente, sobre tudo nos Estados Unidos – o país preferido para emigrar – o Serviço de Refugiados dos Jesuítas (Jesuit Refugee Service ou JRS) de Amã organiza aulas particulares de inglês. Em uma comunidade local, 14 professores voluntários dão cursos gratuitos deste idioma e de informática; 2.000 pessoas se matriculam anualmente. Ônibus organizados pelos jesuítas cuidam do transporte dos estudantes à escola da comunidade Greco-Católica de Amã-Oriental.

Nas aulas há muita vida: «Big!», exclamam as crianças levantando a mão. A geração dos refugiados iraquianos que em sua maioria nasceu na Jordânia aprende inglês a partir do pré-escolar. Mas a escola também é frequentada por jovens e adultos. Os Jesuítas aceitam em seus programas refugiados de todos os lugares, independentemente de sua religião ou etnia.

Entre os alunos há muitos sírios e os muçulmanos são maioria na escola; mas a imagem está composta também por refugiados da Somália e do Sudão. A partir deste ano, os Jesuítas oferecerão também estudos online; deste modo, os jovens refugiados poderão adquirir um título da Regis University, uma universidade Jesuíta norte-americana localizada em Denver (no estado do Colorado), como preparação para uma nova vida, longe de sua antiga pátria: o Iraque.

A Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) é uma Fundação Pontifícia com sede em 17 países que oferece ajuda material e espiritual em lugares em que há carência de recursos ou escassez de agentes pastorais, com particular atenção pelos cristãos que são perseguidos por praticar a sua fé.

Últimas notícias

Deixe um comentário