No dia 31 de dezembro de 2017, uma manifestação organizada em protesto à liderança contínua de Joseph Kabila como presidente do país foi violentamente reprimida. O resultado foram 12 mortos e 120 prisões. A República Democrática do Congo (RDC), de fato, passa por uma grande crise desde dezembro de 2016. Abaixo, uma entrevista com o Padre Apollinaire Cibaka Cikongo, professor no Seminário de Cristo Rei em Malole, Kananga, na província de Kasai Central, no sul de RDC, sobre a situação no país.
ACN: O que realmente aconteceu na véspera de Ano Novo?
O exército e a polícia dispararam em paroquianos durante a Santa Missa, quando estavam prestes a participarem de uma marcha pacífica organizada pelo Comitê de Coordenação de Leigos, liderado por alguns dos professores universitários católicos. Todos esses cristãos pediam a implementação do acordo de Ano Novo concluído em dezembro de 2016, um ano antes, o qual, em particular, previa que o Presidente da República não assumiria um terceiro mandato (em concordância com os termos da Constituição).
Polícia atira em fiéis quepartcipariam de marcha pacífica contra o governo
A oposição ao governo é possível sem derramamento de sangue?
A oposição das mídias é inexistente, e a oposição política está irremediavelmente fragmentada devido à multiplicação de partidos políticos – quase 600 deles! O que leva a uma verdadeira cacofonia.
Então, a Igreja é a única força de oposição?
Ela é certamente a instituição com mais credibilidade da RDC e consequentemente encontra-se na linha de fogo. Mas é necessário, porque ninguém mais se atreve a protestar.
A manifestação de 31 de dezembro causou mudanças?
Esse tipo de pressão interna contra o poder dominante não é suficiente. Há também que haver pressões externas. Joseph Kabila chegou ao poder graças à proteção de seus padrinhos ocidentais, de grandes poderes como a Índia, a China, e graças às multinacionais, em troca do controle sobre os recursos minerais da RDC. Enquanto esses patrocinadores não fizerem nada, não haverá saída para a crise.
Então, a comunidade internacional esqueceu seu país?
O mundo sabe o que está acontecendo aqui. Entretanto, as desde que nossos sofrimentos atendem os confortos materiais de outros povos, há um silêncio intelectual cúmplice.
A Fundação Pontifícia ACN – Ajuda à Igreja que Sofre – apoia muitos projetos na República Democrática do Congo – RDC. No ano passado, a fundação auxiliou 41 seminários no país, ajudando assim um total de 1229 seminaristas. No momento, a ACN está novamente ajudando a reconstruir o Seminário Maior em Malole.
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Parabenlhiço pelo seus trabalhos junto aos povos africanos.