“Alepo está esperando por você” é o título dado ao chamado que estamos lançando ao nosso povo que saiu do país por causa dessa guerra que espalhou o terror e a miséria na Síria. É com base nesse título que estamos trabalhando nos últimos meses no projeto «Retorna» e, com os aparentes sinais de pacificação, esperamos que também nos próximos.

O objetivo do projeto Retorna é enfrentar energicamente o êxodo do nosso povo, um fenômeno trágico e desastroso para as nossas Igrejas Apostólicas na Síria, e inseri-lo dentro do plano “Construir para permanecer”, que começamos dois anos atrás. Uma alternativa de ajuda aos cristãos para ficarem no país. O plano começou bem e muitos serviços foram oferecidos, o que possibilitou a inúmeros fiéis continuarem a viver em Alepo. Apesar disso, a violência e a insegurança desse último período têm, infelizmente, feito considerável número de pessoas cogitarem a possibilidade de saírem do país para viverem em outro lugar.

Nessa situação crítica que nos testa, nós cristãos da Síria, testemunhas do legado dos apóstolos que fundaram nossa Igreja após o Pentecostes, somos confrontados com uma escolha decisiva: desistir dos nossos esforços e nos submeter à fatalidade dos acontecimentos que nos oprimem, ou reagir vigorosamente e corajosamente resistir com nossos modestos meios para estancar essa hemorragia, nos aplicando em persuadir as famílias a não deixarem o país e encorajar certo número dos que saíram a retornarem. Tudo isso apesar do quanto essa tarefa pode nos custar. Nós, contudo, decidimos assumir o desafio, convencidos da fidelidade que devemos à nossa missão, como sucessores dos apóstolos, sobretudo porque o nosso Santo Padre, o Papa Francisco, nos recomenda incessantemente em todas as ocasiões.

Para isso, começamos a organizar uma campanha de conscientização para dar aos fiéis razões pelas quais podem acreditar na importância e na possibilidade de permanecer no seu próprio país que, apesar de todos os sofrimentos recentes, pode lhes oferecer o que é necessário para viver com serenidade e felicidade, e também que o país vai precisar deles para se reconstruir. Ouvimos dizer que pessoas que saíram recentemente do país não estão muito felizes onde se encontram atualmente e que não excluem a possibilidade de voltar para casa se tiverem a ajuda necessária. Confiando na Divina Providência, tomamos a decisão de enfrentar esta tarefa.

Nós olhamos os que emigraram sob duas categorias: os mais favorecidos financeiramente, que poderiam voltar mais facilmente e se manterem sem nossa assistência material, e os outros, inseguros e possuidores de menos recursos, que precisariam ser encorajados e ajudados. Para estes, precisamos oferecer o valor de sua passagem de volta e o mínimo de auxílio material para se viver dignamente, até que consigam um emprego. Moradia temporária (de um ou dois anos) pode ser incluída nas suas despesas para se estabelecerem, caso tenham vendido suas casas para deixar o país.

Vamos dar início ao projeto em ‘ad experimentum’, com um número reduzido de famílias, enquanto esperamos por um maior número que virá mais adiante. Cerca de 20 famílias retornando à Síria seria já um bom sinal e teria significativa repercussão interna, mas também fora do país! Aqui, isso animaria os que estão pensando em sair do país a reconsiderarem sua decisão, além de encorajar os que estão fora a ouvirem o seu coração e a retornarem ao seu país agora que é possível. Acreditamos que o valor de R$ 12.000 seria o suficiente para permitir que uma família de 4 membros retornasse (e pudesse contarcom o mínimo possível para um novo início), montante razoável e amplamente justificado ao considerar os resultados que esperamos.

Dom Jean-Clément Jeanbart
Arcebispo melquita de Alepo, Síria

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