A Europa precisa tomar medidas mais rígidas para frear a entrada dos fundamentalistas na região, é o que alerta o líder da Igreja siríaca ortodoxa, Inácio Aphrem II. O patriarca disse que, embora muitos muçulmanos que estão indo à Europa sejam de paz, os governos “devem estar preparados” para um número crescente de extremistas que rejeitam os valores ocidentais e desejam impor a lei Sharia o mais amplamente possível.

Entre as novas medidas a serem estudadas, o Patriarca que lidera uma Igreja de mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo, sugeriu a triagem dos recém-chegados, suspeitos de fundamentalismo – especificamente provenientes de países islâmicos ou europeus retornando de visitas feitas ao Oriente Médio ou a outros países de maioria muçulmana.

Destacando o perigo de ferir a liberdade civil por um processo de triagem aplicado inadequadamente, o Patriarca, no entanto, sublinhou a necessidade de aumentar as medidas para proteger a Europa contra os radicais que querem introduzir a Sharia e impor o Islã no Ocidente.

Em entrevista à Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), o Patriarca disse: “Deve haver uma maneira de rastrear aqueles que vêm para a Europa, para que eles não adotem a ideologia extremista. Eu não sei como isso aconteceria, mas se faz necessário e deve ser feito sem infringir os direitos daqueles que são defensores da paz e cumpridores da lei. Além disso, há europeus que vão à Síria, e também para outros lugares, para travar a jihad (guerra santa) e que depois voltam aos seus países. A Europa tem de estar preparada para isso”.

Ele também disse: “Nós vivemos com os muçulmanos e os respeitamos, mas o que temos visto ao longo dos últimos anos é uma forma diferente do Islã, que considera os não-muçulmanos como Kaffirs (não-crentes) e não só os que de fato não são muçulmanos, mas qualquer muçulmanos que não concorde com a sua interpretação do Islã.
“Não há medo com muçulmanos moderados, mas com certas expressões do Islã que buscam a imposição da Sharia na Europa.”

Ele também pediu que os governos ocidentais insistam na construção de igrejas em países muçulmanos como uma das formas de permitir que mesquitas sejam constuídas na Europa e no resto do Ocidente. Destacando a importância desta reciprocidade religiosa, ele disse: “Podemos esperar que os governos europeus reivindiquem desses países (muçulmanos) que igrejas sejam construídas?”

Patriarca Aphrem advertiu que o cristianismo na Síria e no Líbano, bem como no Iraque está em risco de desaparecer. Acrescentou também que o declínio maciço da população cristã na Turquia caiu de quase 3,5 milhões para 150.000 no último século.

De acordo com o Patriarca, 80% dos cristãos no Iraque deixaram o país desde a queda do presidente Saddam Hussein em 2003. Na Síria, desde o início da guerra em 2011, 50% dos cristãos do país estão desajolados ou vivem como refugiados no exterior. No Líbano, a pobreza generalizada dos muitos cristãos refugiados não proporcionou outra opção senão deixar a região.

O Patriarca agradeceu a Ajuda à Igreja que Sofre e a outras organizações por seu trabalho no auxílio de emergência e apoio espiritual para dezenas de milhares de pessoas que lutam para sobreviver nestes países que sofrem a perseguição religiosa.

A ACN está fornecendo alimento, abrigo, remédios e ajuda pastoral para os cristãos, e também pessoas que professem outra fé, que estão em grande necessidade.

O Patriarca disse: “O apoio da ACN é crucial, faz uma grande diferença. Milhares e milhares de cristãos dependem da ajuda que estão recebendo a partir da ACN e de outras organizações.

O Patriarca Aphrem será um dos convidados de honra durante o lançamento do Relatório Mundial de Liberdade Religiosa, no Reino Unido, da Ajuda à Igreja que Sofre. O relatório avalia a situação dos principais grupos religiosos em todos os países ao redor do globo.

O lançamento no Brasil se dará no dia 17 de novembro.

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