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Padre sírio denuncia perseguição e pede justiça

Publicado em: junho 27th, 2025|Categorias: Notícias|Views: 90|

"Sentimos que estamos sozinhos": a declaração do padre sírio Fadi Azar ecoa a dor da comunidade cristã após o ataque ocorrido no último domingo (22) na igreja de São Elias, em Damasco. O atentado tirou a vida de pelo menos 30 fiéis e deixou 54 feridos.

"Os cristãos na Síria estão sentindo uma grande dor", afirmou o sacerdote franciscano em entrevista à ACN. "A comunidade cristã em todo o país está passando por um momento de profunda tristeza."

Segundo o padre Fadi, os ataques se tornaram frequentes, mas as autoridades seguem tratando os casos como isolados. "Toda vez que a Igreja conversa com o governo, eles dizem que foi um incidente isolado. Até que chegou este momento grave, que 'tocou' toda a Síria."

Padre sírio faz pedido por direitos humanos e justiça para cristãos

Diante da escalada da violência, o sacerdote fez, então, um apelo enfático por justiça e pela defesa dos direitos humanos. "Temos fé, não temos medo. Afinal a perseguição aos cristãos no Oriente Médio, na Terra Santa, sempre existiu. Já são 2.000 anos de perseguição."

Mas, apesar do histórico, o padre reforça que a realidade atual exige respeito às liberdades. "Vivemos neste mundo civil, onde os direitos humanos são defendidos. Queremos apenas justiça, justiça, nada mais. Os cristãos têm o direito de viver em um país com segurança, para poderem ir à igreja e rezar em paz", destacou.

Agressões constantes contra cristãos sírios

Atualmente residindo em Latakia, mas com longa experiência em Damasco, o padre Fadi descreveu uma série de agressões que vêm atingindo os cristãos. "Houve tiroteios em frente às igrejas em Homs e em Hama. Também há sequestros, e muitos cristãos estão perdendo seus empregos", relatou.

Além disso, o padre sírio mencionou a instabilidade agravada desde a mudança no governo. "Em março, aqui em Latakia, muitos alauítas foram mortos", disse ele, relembrando massacres em vilarejos do leste da região costeira.

"E agora, pela primeira vez na história da Síria desde 1860, acontece algo assim: entram na igreja e matam muitas pessoas durante a missa, durante a oração, no domingo às seis da tarde."

Minorias religiosas estão em perigo, alerta padre sírio

Segundo o sacerdote, o medo não atinge apenas os cristãos. "Os alauítas, os drusos… é uma perseguição", afirmou. Ao comentar sobre os supostos autores do ataque, ele mencionou o grupo Ansar al-Sunna, ligado ao Daesh (Estado Islâmico).

"Antes, eles estavam todos em Idlib", explicou. "É um perigo, não só para os cristãos, mas também para drusos, alauítas e até muçulmanos moderados… São muito perigosos."

"Eles não querem um governo civil; querem um governo terrorista islâmico fanático", alertou o sacerdote com preocupação crescente.

Ataques vêm sendo anunciados há meses

Embora o ataque de domingo tenha chocado o mundo, o padre revelou que já havia alertas anteriores. "Houve ameaças, muitas ameaças. Era esperado, mas ninguém sabia quando."

Na semana anterior ao atentado em Damasco, por exemplo, um homem disparou contra a porta da igreja ortodoxa siríaca em Homs.

Já nesta quarta-feira, 26 de junho, relatos nas redes sociais indicaram mais uma agressão: indivíduos armados em motocicletas abriram fogo em frente a uma igreja em Latakia, resultando na morte de uma pessoa.

Comunidade cristã pede intervenção internacional

A Diocese Ortodoxa Grega de Latakia negou que a vítima fosse guarda da igreja, esclarecendo que o ataque ocorreu do lado de fora e não envolveu diretamente membros da igreja.

Diante do cenário de medo e perseguição, o padre Fadi relatou o apelo desesperado dos fiéis. "Todos os cristãos sentem uma grande tristeza. Sentimos que estamos sozinhos agora."

"Estamos pedindo a intervenção do Vaticano, da Comunidade Europeia…", disse o sacerdote. Mas, segundo ele, os pedidos vão além de ajuda humanitária: "As pessoas agora estão nos dizendo: 'Padre, não queremos ajuda, não queremos comida, nem remédios, nada. Nos ajudem a fugir. Não conseguimos mais viver aqui.'"

Êxodo cristão continua crescendo na Síria

"Temos medo por nossas vidas; temos medo pelo futuro de nossos filhos", continuou o padre, expressando o sentimento de abandono que paira sobre a comunidade.

O número de cristãos no país segue em queda drástica. "Antes da guerra, os cristãos representavam 10% da população. Agora somos apenas 3%", lamentou. "E provavelmente, neste verão, muitos outros cristãos vão partir."

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