Para o bispo Dom Estanislau Skyrokoradich, da diocese de Karkiv/Zaporigia, a situação na Ucrânia Oriental é dramática. “A situação na zona de guerra é catastrófica”. Mais de 80 pessoas já morreram por causa da fome em Lugansk e em Donetsk, disse D. Estanislau numa palestra para os colaboradores da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). O bispo é também diretor da Cáritas ucraniana.

A diocese católica de Karkiv/Zaporigia compreende quase toda a parte oriental da Ucrânia, inclusive as regiões que não estão mais sob controle do governo de Kiev. Segundo Dom Estanislau, mais de 18 milhões de pessoas vivem na sua diocese, das quais cerca de 60 mil são católicos. “Somos uma Igreja missionária. 20 anos atrás nós não tínhamos nenhuma paroquia lá, hoje temos mais de 50. Os fieis tem raízes ucranianas, polonesas, russas e vietnamitas”.

O trabalho paroquial da diocese está focado nas tarefas pastorais, sociais e humanitárias. “Recebemos materiais de ajuda humanitária e remédios da Europa Ocidental. Precisamos desta ajuda, da solidariedade dos cristãos, mas também necessitamos de ajuda política”, disse D. Estanislau. Ele comentou que está preocupado com a onda crescente de refugiados das zonas de guerra. Ele calcula que há mais de 20 mil deles na cidade de Karkiv neste momento. “Tentamos ajudar onde podemos. Há algumas semanas distribuímos 300 pares de sapatos para crianças”. Mas a influência de Dom Estanislau é limitada. Pelo seu conhecimento, a ajuda para os necessitados na autoproclamada República Popular de Donetsk e Lugansk não chega.

O bispo Dom Vitali Skoromanski, de Lutsk, na Ucrânia Ocidental, também se preocupa com as consequências das batalhas na parte oriental. “A guerra pode parecer longe, mas, na realidade, muitos jovens da parte ocidental da Ucrânia foram para a guerra. Ainda há pouco, uma fileira de árvores foi derrubada no cemitério de Lutsk para se enterrar 13 jovens soldados.” Outras cidades também enterraram soldados mortos no cumprimento do dever. Segundo o bispo Dom Vitali, a igreja está ajudando as famílias enlutadas, bem como das que tiveram seus pais enviados para lutar no leste da Ucrânia. “Sabemos que os recursos financeiros estão sendo usados para a guerra. Muitos programas sociais foram paralisados. Entretanto, as pessoas estão fazendo muito mais por iniciativa própria, a solidariedade está aumentando entre o povo”, disse o bispo. Roupas de inverno, entre outras coisas, foram coletadas pelo povo, porque muitos soldados no leste estão mal equipados e se sentem como se tivessem sido abandonados.

A diocese de Lutsk, com suas 35 paróquias e 25 mil paroquianos, é a menor da Ucrânia. Até a II Guerra Mundial, ela fazia parte da região da Volhinia, na Polônia. Nacionalistas ucranianos realizaram vários massacres da população predominantemente polonesa da região. Estes massacres começaram em meados de julho de 1943. Eles foram tolerados pelas tropas de ocupação da Alemanha nazista. Mais de 50 mil pessoas foram assassinadas. Como resultado destes massacres muitas paróquias católicas estão desertas ainda hoje. O bispo Vitali comentou que “um número muito grande de pessoas participou da Missa comemorativa celebrada no cemitério da cidade de Skirche, em 11 de julho de 2014. Eu não sinto nenhuma tensão entre os jovens das novas gerações”. Este é um sinal de esperança de reconciliação na Ucrânia, que é habitada por muitos grupos étnicos diferentes.

O bispo Dom Estanislau de Karkiv/Zaporigia concluiu dizendo que “espera ter paz pois há muita gente rezando por ela”.

A AIS acaba de ajudar as dioceses de Lutsk e de Karkiv/Zaporigia com vários projetos, inclusive reformas de igrejas, aquisição de veículos e auxílio de subsistência dos sacerdotes.

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