ACN

Moçambique: cristãos oram em igreja destruída por terroristas

Publicado em: julho 1st, 2024|Categorias: Notícias|Views: 759|

Quando terroristas tomaram a cidade de Mocímboa da Praia, Moçambique, a maioria da população, incluindo os cristãos, fugiu. Agora, os cristãos que retornaram não têm acesso aos sacramentos, nem clero ou religiosos para ajudá-los, mas continuam a se reunir perto das ruínas da igreja local para rezar juntos todos os domingos.

Quando os católicos de Mocímboa da Praia, se reúnem perto das ruínas da Igreja da Imaculada Conceição aos domingos, não é apenas devoção; é um ato de resistência e um símbolo de esperança para os cristãos nesta cidade litorânea onde a insurreição jihadista na província de Cabo Delgado, em Moçambique, começou em outubro de 2017.

Mocímboa da Praia foi ocupada por terroristas mais de uma vez desde então, e os sinais de destruição estão por toda parte, especialmente na igreja, que foi incendiada e reduzida a escombros. Tudo o que resta são ruínas. Esta área de Moçambique é predominantemente muçulmana, mas os poucos cristãos que permaneceram ou retornaram a Mocímboa se reúnem perto das paredes da igreja queimada ou sob as mangueiras próximas para rezar todos os domingos.

Mocímboa sofre com a falta de religiosos

Não há mais padres ou religiosos na cidade, que está sob ameaça constante. A maioria dos cristãos também partiu, mas, segundo fontes locais, mais de 60% voltaram. Vicente Gabriel é catequista e conta à ACN que sentiu o dever de retornar ao local que chama de lar. "Sou cristão de Mocímboa da Praia. Fui batizado nesta paróquia em 1995, fui confirmado e me casei aqui em 2019. Quando os terroristas ocuparam a cidade, a paróquia foi abandonada. Fomos para Pemba, mas depois retornamos. Agora estamos aqui, mas não temos nada… A igreja foi destruída, assim como a casa paroquial." A fé, no entanto, permanece viva. "Nos encontramos aqui todos os domingos, debaixo das mangueiras, e rezamos com a comunidade. As condições são terríveis, mas não desistimos. Continuamos a praticar nossa fé e agradecemos a Deus".

Em um vídeo enviado à ACN por Hermínio José, jornalista local, a extensão dos danos pode ser claramente vista. A igreja foi destruída em 2020 e agora a vegetação cobre as ruínas. "Os fiéis começaram a rezar aqui novamente em 2022. Eles se sentam sob árvores, no chão ou em pedras, porque tudo foi destruído. O prédio não é recuperável, não estamos falando de uma reconstrução, mas de uma construção completamente nova", ele explica.

"Nossa paróquia foi gravemente danificada, mas com fé e esperança continuamos a rezar", diz Teresa Mariano, membro do coral paroquial. "Nos reunimos de manhã cedo aos domingos e pedimos a Deus que envie o Espírito Santo sobre nós, que nos dê força para continuar, para que nossa paróquia não seja completamente abandonada", ela conta à ACN em uma mensagem de áudio. "Através do meu batismo nesta paróquia, nasci pela segunda vez, e chorei quando soube que o prédio tinha sido destruído."

Cristãos continuam retornando

Surpreendentemente, apesar da ameaça contínua de atividade terrorista, os cristãos têm continuado a retornar à cidade, o que significa que a comunidade tem crescido. "Sentamos aqui à sombra das árvores, mas nem mesmo temos cadeiras. Mesmo assim, continuamos a rezar a Deus. Mais tarde, se tudo correr bem, Deus nos proporcionará um meio de adquirir cadeiras", diz Vicente Gabriel.

"Nosso recado de Mocímboa da Praia para o mundo é que continuem a rezar por nós. Devemos ter fé. Um dia a paróquia da Imaculada Conceição pode voltar a ser o que era, temos essa esperança. Deus é tudo. Temos coragem, não podemos abandonar Deus por causa desses eventos. Tudo isso são sinais de vida", conclui o catequista, apontando que a vida comunitária continua apesar das circunstâncias.

A ACN está em contato com o Bispo de Pemba sobre possível ajuda para a reconstrução de capelas destruídas. No momento, o Bispo Antônio Juliasse está preocupado com a situação de segurança a longo prazo em Mocímboa da Praia. Mas a diocese está preparada para avançar com um projeto para a construção de um salão paroquial que também poderia ser usado como igreja até que uma solução mais permanente seja encontrada.

Bispo comenta devoção do povo de Moçambique

O Bispo Juliasse lembra de visitar a comunidade e ser tocado pela devoção e alegria que testemunhou. "Em julho do ano passado, visitei uma comunidade no distrito de Palma. Celebramos a Missa sob as mangueiras, na chuva e no frio. Mas, mesmo assim, as pessoas permaneceram por duas horas, cantando e dançando. Fiquei profundamente comovido com a esperança nos rostos das pessoas."

A ACN continua acompanhando de perto a situação no norte de Moçambique. Recentemente, a fundação aprovou um pacote de ajuda para a Diocese de Pemba. A ajuda inclui apoio para deslocados internos, ajuda de subsistência para 60 religiosas e 17 padres, suporte de formação para 48 seminaristas. Além disso, há projetos relacionados à assistência espiritual às vítimas do terrorismo e programas de evangelização por rádio.

Eco do Amor

última edição

Artigos de interesse

Igreja pelo mundo

Deixe um comentário

Ir ao Topo