No Iraque, muitas famílias cristãs que tiveram que abandonar seus lares já começam a retornar para as suas aldeias de origem na Planície de Nínive. Entretanto, elas ainda precisam de ajuda para alimentos e necessidades básicas. O Arcebispo Caldeu Bashar Warda, de Erbil, explica que os benfeitores da ACN são para essas famílias verdadeiros ‘bons samaritanos’.

 

As 12 mil famílias refugiadas, ou deslocadas internamente, que saíram de Mosul, das cidades vizinhas e da Planície de Nínive em 2014 para escapar do avanço das forças do grupo autodenominado Estado Islâmico (EI), e foram em busca de relativa segurança na região curda ao norte do Iraque, ainda estão extremamente dependentes do auxílio dado pela ACN – Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre. Muitas delas continuam precisando de alimentação enquanto é colocado em prática o programa de reconstrução de aproximadamente 13 mil casas na região que foram danificados ou destruídos pelo EI.

Longe de casa

Há cerca de 110 famílias cristãs caldeias vivendo no centro para refugiados em Ankawa, no subúrbio da região norte de Erbil, e aguardam a possibilidade de retornarem para suas casas, saqueadas e destruídas nas aldeias de Karamles, Qaraqosh e Mosul. Elas foram obrigadas a abandonar esses locais em apenas duas ou três horas para que não fossem pegas pela fúria do EI. No dia 6 de agosto de 2014, entraram em Erbil e por 40 dias foram abrigadas em um prédio inacabado perto da Igreja de São José, antes de finalmente chegarem no centro de refugiados.

“As famílias estão vivendo em 46 apartamentos de dois ou três cômodos cada”, explica o Padre Thabet Habib Yousif, o coordenador do centro. “Cada família vive em um cômodo. Elas compartilham a cozinha e o banheiro. Nessa situação de inevitável proximidade é muito difícil que a família tenha alguma privacidade. Muitas, assim que podem, deixam o centro e se mudam para uma acomodação alugada. Como a maioria dessas pessoas, eu também sou de Karamles e sou um “padre deslocado”. Eu fui a última pessoa a sair, acompanhando a última família. Aqui, eu faço de tudo, dirijo, coordeno, ensino patrística na Faculdade de Filosofia e Teologia ‘Babyl’. Anseio retornar para Karamles e voltar a ser somente um padre”. Ele continua, “a ACN tem financiado o centro de Erbil, e o aluguel dos apartamentos. Além disso, a Fundação Pontifícia tem distribuído regularmente alimentos para cerca de 1300 famílias aqui”.

A ajuda não pode parar

Apesar dos esforços da ACN estarem sendo concentrados progressivamente na reconstrução das aldeias da Planície de Nínive, essas e milhares de outras famílias continuarão precisando de um lugar apropriado para se instalarem no período de julho a setembro de 2017. Recentemente cerca de mil outras famílias refugiadas foram transferidas dos campos onde estavam – “Ankawa Brasilian Centre”, “Ashti”, “Mar Eliya”, “Al-Amal” e “Al-Karma” – para Ankawa, onde agora vivem em centros comunitários, somando às outras tantas famílias que já precisavam de ajuda.

“A maioria desses refugiados estão desempregados, ou não possuem renda regular e significativa”, explica o Arcebispo Caldeu de Erbil, Bashar Matti Warda. “Geralmente, essas famílias são constituídas por pais com crianças pequenas e, em alguns casos, com pessoas idosas que precisam de cuidados. Tem crescido também o número de idosos – sem família – que procuram ajuda no Centro. Os refugiados estão vivendo no campo ‘Ashti 2’ ou em moradias compartilhadas. É comum que duas a quatro famílias vivam em uma única casa”.

A ACN está no sétimo ciclo de ajuda alimentícia provido para dar suporte a essas 12 mil famílias. O transporte e a distribuição mensal dos alimentos são feitos por padres e religiosos locais, com o auxílio de uma equipe de voluntários, o que não agrega custos.

“A situação desses refugiados internos está mudando continuamente”, diz Dom Warda. “Não temos levantamentos precisos sobre o número de doentes, mas de acordo com o que vemos nas clínicas administradas pela arquidiocese, podemos dizer que tem crescido o número de doenças crônicas, sobretudo entre os idosos, e, na maior parte dos casos, são causadas por estresse decorrente das condições físicas enquanto refugiados. Como disse, a maioria esmagadora dessas famílias está desempregada. Não só isso, após três anos do início da crise, suas reservas se esgotaram. Assim, o número de pessoas que precisam da nossa ajuda tem crescido, e não há expectativa que esse número diminua nos próximos meses. Até agora, os benfeitores da ACN têm sido verdadeiros ‘bons samaritanos’ para esse povo. Eles têm ajudado com comida, medicamentos, moradia e educação. Os cristãos iraquianos decidiram voltar para suas aldeias de origem, mas ainda precisarão da ajuda dos benfeitores”.

 

Crianças refugiadas agradecem à ACN
Crianças em centro de refugiados agradecem os benfeitores da ACN pela ajuda dada até hoje.

 

Desde março de 2016 a ACN é a única organização que continua fornecendo regularmente alimentos para esses refugiados internos e está presente na região desde o início da crise, em 2014.

 

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