Guiana
(religiões no país)
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Disposições legais em relação à liberdade religiosa e aplicação efetiva
A Constituição[1] afirma que a Guiana é um Estado secular. O artigo 145.º (n.º 1) garante a liberdade de consciência, incluindo a liberdade de pensamento e religião, a liberdade para mudar a própria religião ou crença, para manifestá-la e propagá-la através do culto, ensino, prática e observância, individual ou coletivamente, em público ou em privado. A objeção de consciência ao serviço militar é igualmente reconhecida (artigo 140.º, n.º 3, alínea c)).
Nenhuma comunidade religiosa pode ser impedida de dar instrução religiosa aos seus membros (artigo 145.º, n.º 2). Exceto com o consentimento do próprio (ou com o consentimento do seu encarregado de educação no caso dos menores de 18 anos), ninguém que frequente um estabelecimento de ensino pode ser obrigado a receber educação religiosa ou a participar numa cerimônia ou observância religiosa que não seja a da sua própria religião (artigo 145.º, n.º 3).[2]
Ninguém pode ser obrigado a prestar um juramento que seja contrário à sua religião ou crença, ou a prestar um juramento de maneira que seja contrária à sua religião ou crença (artigo 145.º, n.º 4).[3]
Nenhuma lei pode ser discriminatória por si ou nos seus efeitos, sendo que discriminação significa tratamento diferente de pessoas devido à sua “raça, local de origem, opiniões políticas, cor, credo, idade, deficiência, estado civil, sexo, gênero, língua, nascimento, classe social, gravidez, religião, consciência, crença ou cultura” (artigo 149.º, n.º 2 e 3).[4]
As funções da Comissão de Relações Étnicas[5] incluem o incentivo e a criação de respeito pela religião, cultura e outras formas de diversidade típicas de uma sociedade plural (artigo 212.º-D, alínea f)).[6] A comissão é composta por representantes de entidades religiosas, do movimento laboral, do setor empresarial, dos jovens e das mulheres (artigo 212.º-B, n.º 1, alínea a)).[7]
Não existe registro oficial de grupos religiosos, mas os grupos devem seguir os procedimentos de registro das organizações sem fins lucrativos para obterem o reconhecimento formal. O registro requer a apresentação do nome do grupo, da morada do seu local de culto e de informação sobre os seus líderes. Assim que estiverem formalmente registrados, os grupos podem realizar operações financeiras, adquirir propriedades e beneficiar de isenções fiscais.[8]
Para entrar no país, os missionários estrangeiros precisam de autorização do Ministério do Interior. Nas aldeias ameríndias, os grupos religiosos estrangeiros precisam de autorização do conselho local.[9]
Phagwah, Sexta-feira Santa, Segunda-feira de Páscoa, Eid-ul-Adha, Youmun Nabi, Deepavali e Natal são feriados públicos.[10]
Em 2022 foi promulgada uma alteração ao n.º 2 da Lei de 2021 do Controle de Drogas e Substâncias Psicotrópicas, descriminalizando a posse de 30 gramas ou menos de maconha. Anteriormente, quem possuísse entre 1 e 15 gramas seria obrigado a submeter-se a terapia, enquanto quem possuísse entre 1 e 30 gramas seria sujeito a serviço comunitário.[11]
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Incidentes e episódios relevantes
A Comissão das Relações Étnicas foi reconstituída em março de 2023 com a nomeação de dez novos comissários.[12] Em 2023, a comissão abordou várias queixas, incluindo a apresentação de saudações às comunidades cristã, muçulmana e hindu nos seus dias festivos, salientando a importância de cada feriado; e a promoção da coexistência pacífica e a liberdade religiosa.[13] Durante o mesmo ano, a Organização Inter-Religiosa da Guiana (IROG), que inclui representantes cristãos, hindus, islâmicos, rastafáris e bahá'ís, realizou programas inter-religiosos e publicou mensagens de apoio à tolerância religiosa.[14] Em 2024, a comissão, juntamente com a IROG, organizou a Semana Mundial da Harmonia Inter-Religiosa, sob o lema “Amor a Deus e amor ao próximo”.[15] Nesta ocasião, o Primeiro-Ministro Mark Phillips afirmou que o diálogo inter-religioso constitui a base para o desenvolvimento social e cultural e salientou o papel desempenhado pelas organizações religiosas na construção do país.[16]
Em junho de 2023, na sequência de um incêndio na Escola Secundária Christ Church, o Ministério da Educação substituiu rapidamente os manuais escolares destruídos pelo incêndio.[17]
Em setembro de 2023, um restaurante de comida rápida foi criticado por utilizar símbolos sagrados hindus nas suas embalagens.[18] A Comissão das Relações Étnicas interveio e o restaurante pediu formalmente desculpa à comunidade hindu, indicando que não era sua intenção ferir os sentimentos religiosos de ninguém e que tinham deixado de usar sacos de papel com símbolos hindus.[19]
Em novembro de 2023, a comissão considerou que a marcação de um evento público que promovia o consumo de álcool no mesmo dia do festival hindu de Diwali era um ato de intolerância religiosa. Num comunicado, a comissão criticou o evento, sublinhando que o Diwali, enquanto feriado religioso, marca o triunfo do bem sobre o mal e exige a abstinência do consumo de carne e de álcool, bem como de outros vícios. Ao mesmo tempo, criticou os posts que se espalharam como vírus e os comentários no Facebook, que considerou desrespeitosos em relação à representação do deus hindu Vishnu numa caravana de automóveis.[20]
Em março de 2024, o Vice-Presidente Bharrat Jagdeo participou na inauguração da primeira Aldeia Nacional do Ramadã da Guiana, uma iniciativa organizada pela Organização Islâmica Central da Guiana, o Fundo Islâmico da Guiana, a Organização da Juventude Muçulmana da Guiana e o Governo. O vice-presidente sublinhou que a Guiana é um país composto por pessoas de diferentes raças e religiões e que a diversidade é a base da sua prosperidade econômica e social. E incentivou as pessoas a participarem no evento, que lhes permitirá aprender sobre o Islã e a sua cultura.[21]
Em abril de 2024, o Dr. Deon Dick, secretário-geral do Conselho Rastafári da Guiana, interveio na 3.ª Sessão do Fórum Permanente de Pessoas Afrodescendentes da ONU, mencionando que a comunidade rastafári continua a ser alvo de discriminação. Apesar da alteração da legislação sobre o uso de drogas, os direitos da comunidade rastafári não foram reconhecidos nem protegidos; os rastafáris insistem em que a criminalização da posse de 15 gramas ou mais de maconha viola o seu direito de praticar a sua religião.[22]
Perspectivas para a liberdade religiosa
Os sentimentos religiosos de alguns fiéis foram feridos em incidentes isolados durante o período em análise. No entanto, a Comissão das Relações Étnicas continua desempenhando um papel importante na promoção do respeito, da tolerância e da valorização da diversidade étnica e religiosa da Guiana. As perspectivas para a liberdade religiosa são positivas.
Notas e Fontes
[1] Guyana 1980 (rev. 2016), Constitute Project, https://www.constituteproject.org/constitution/Guyana_2016 (acessado em 30 de novembro de 2024).
[2] Ibid.
[3] Ibid.
[4] Ibid.
[5] “About Us”, Ethnics Relations Commission, https://erc.org.gy/elementor-page-22079/ (acessado em 17 December 2024).
[6] Guyana 1980 (rev. 2016), op. cit.
[7] Ibid.
[8] Gabinete para a Liberdade Religiosa Internacional, “Guyana”, 2023 on International Religious Freedom, Departamento de Estado Norte-Americano, https://www.state.gov/reports/2023-report-on-international-religious-freedom/guyana/ (acessado em 10 de dezembro de 2024).
[9] Ibid.
[10] “Public Holidays”, Ministério da Administração Interna, https://moha.gov.gy/public-holidays/ (acessado em 16 de dezembro de 2024).
[11] “Narcotic Drugs and Psychotropic Substances (Control) (Amendment) Act 2022”, Leis sobre drogas/estupefacientes da Guiana, https://canu.gov.gy/guyana-drug-laws/ (acessado em 27 de dezembro de 2024).
[12] “About Us”, Comissão das Relações Étnicas, op. cit.
[13] “News and Updates”, Comissão das Relações Étnicas, https://erc.org.gy/news-updates/ (acessado em 9 de dezembro de 2024).
[14] Gabinete para a Liberdade Religiosa Internacional, op. cit.
[15] “World Interfaith Harmony Week”, Comissão das Relações Étnicas (ERC), Instagram, 8 de fevereiro de 2024, https://www.instagram.com/p/C3GZYGZJry0/?utm_source=ig_web_copy_link (17 de dezembro de 2024).
[16] “Religious Organisations play key role in nation-building - Prime Minister Phillips”, https://dpi.gov.gy/, 1 de fevereiro de 2023, https://dpi.gov.gy/religious-organisations-play-key-role-in-nation-building-prime-minister-phillips/ (acessado em 17 de dezembro de 2024).
[17] “All gov’t issued textbooks destroyed in Christ Church Secondary school fire replaced – Education ministry clarifies”, Departamento de Informação Pública, 14 de junho de 2023, https://dpi.gov.gy/all-govt-issued-textbooks-destroyed-in-christ-church-secondary-school-fire-replaced-education-ministry-clarifies/ (acessado em 24 de novembro de 2024).
[18] Geeta Chandan-Edmond, MP, “Mr. Fried Chicken desecrated religious imagery and should apologise”, Stabroek News, 16 de setembro de 2023, https://www.stabroeknews.com/2023/09/16/opinion/letters/mr-fried-chicken-desecrated-religious-imagery-and-should-apologise/ (acessado em 24 de novembro de 2024); “ERC probing Rose Hall restaurant selling chicken in paper bags with Hindu symbols”, News Room, 15 de setembro de 2023, https://newsroom.gy/2023/09/15/erc-probing-rose-hall-restaurant-selling-chicken-in-paper-bags-with-hindu-symbols/ (acessado em 10 de dezembro de 2024).
[19] “Mr. Fried Chicken apologises for using ‘Hindu’ bags to sell meat”, Guyana Times, 20 de setembro de 2023, https://guyanatimesgy.com/mr-fried-chicken-apologises-for-using-hindu-bags-to-sell-meat/ (acessado em 10 de dezembro de 2024).
[20] “ERC condemns acts of religious intolerance surrounding Diwali”, Stabroek News, 8 de novembro de 2023, https://www.stabroeknews.com/2023/11/08/news/guyana/erc-condemns-acts-of-religious-intolerance-surrounding-diwali/ (acessado em 24 de novembro de 2024).
[21] “‘We live in a country that is culturally, religiously diverse’ – VP Jagdeo”, Departamento de Informação Pública, 12 de março 2024, https://dpi.gov.gy/we-live-in-a-country-that-is-culturally-religiously-diverse-vp-jagdeo/ (acessado em 24 de novembro de 2024).
[22] Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR), “Statement Delivered by Mr. Deon Dick (Ras Khafra), 3rd Session of the Permanent Forum on People of African Descent”, 18 de abril de 2024, Nações Unidas, https://www.ohchr.org/sites/default/files/documents/issues/digitalage/cfis/subm-third-session-permanent-cult-reco-guyana-rastafari-council.pdf (acessado em 19 de dezembro de 2024).
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