«Nós te amamos, Papa Francisco» – grande procissão do Domingo de Ramos em Jerusalém – pela primeira vez se celebra a festa da Páscoa com os ortodoxos – e duplo Domingos de Ramos

«Papa Francisco, nós te amamos»: com grandes cartazes, a juventude católica da Terra Santa saudou no domingo de Ramos o novo Papa. «Alegrou-nos muito sua eleição e esperamos que venha a logo visitar-nos. Ahlan wa sahlan, bem-vindo!», disse Elias Abed, de 19 anos, oriundo de Beit Hanina, ao norte de Jerusalém. Ele dirige um dos numerosos grupos de boy scouts (escoteiros) que, sob um céu radiante, participam da grande procissão do Domingo de Ramos em Jerusalém. Com suas gaitas e tambores era impossível não ouvir a juventude. O domingo de Ramos é também um dia em que o cristianismo se faz evidente em Jerusalém; e a polícia se encarregou de que assim fosse destinando blocos inteiros para a passagem dos cristãos. Durante o resto do ano, a situação é bem distinta, pois o rebanho cristão em Jerusalém é muito pequeno. Na maioria dos casos passa inadvertido, pois atualmente são apenas 15.000 os cristãos que vivem nesta cidade de 800.000 habitantes. Em 1946 – antes da divisão da cidade por consequência da guerra da independência israelense – eram mais de 30.000. Razão suficiente para que os cristãos nativos queiram mostrar aos judeus e muçulmanos que eles ainda existem.

Para o jovem Elias e seus boy scouts não foi fácil chegar ao Monte das Oliveiras de Jerusalém. Eles vivem do outro lado do muro que, há alguns anos, separa Israel dos territórios ocupados. Para os cristãos que vivem do outro lado, a viagem a Jerusalém é incomparavelmente mais difícil. «Nossas paróquias estão muito perto de Jerusalém. Entretanto, cada ano é absolutamente incerto se Israel permitirá a entrada dos cristãos palestinos para que nós participemos da procissão. É doloroso. Mas os fiéis se alegram por estar aqui. É bom abandonar os muros pelo menos uma vez», diz irmã Georgette, uma monja árabe de Belém.

Pela primeira vez os católicos na Terra Santa celebrarão a Páscoa segundo o calendário ortodoxo; quer dizer, no dia 5 de maio. Assim decidiram seus bispos no ano passado por um desejo expresso por vários fiéis. Isto se deve ao elevado número de matrimônios mistos entre católicos e ortodoxos, pois a diferença de datas supõe uma autêntica carga para a família. Mesmo que este ano os cristãos árabes tenham que esperar um pouco para a Páscoa, não quiseram deixar de celebrar a entrada do Senhor em Jerusalém há 2000 anos, com outros milhares de crentes de todo o mundo, com Ramos de Palmeiras e cânticos, tal como Jesus foi recebido. Em poucas palavras os cristãos celebraram Domingo de Ramos duas vezes. Como era originalmente, a procissão começa em Betfagé, um pequeno povoado ao lado do Monte das Oliveiras, no lado oposto a Jerusalém. Aqui, uma pequena igreja recorda o lugar onde o Senhor, segundo a tradição, subiu em um jumentinho sobre o qual entrou em Jerusalém. Dali, a multidão sobe fazendo curvas pelos tortuosos caminhos do Monte das Oliveiras, para receber a bênção do Patriarca Latino na igreja da Santa Ana, na parte antiga de Jerusalém. A grande procissão está documentada desde o século XII. Os turcos a proibiram no século XVI, mas em 1933 o costume foi retomado.

Hoje, a procissão parece uma alegre festa com participantes vindos de todo o mundo. Comunidades espirituais e grupos de peregrinos elevam juntos orações e cânticos alegres, como o grupo do Padre José Cipriani, que veio com sua paróquia. «Somos do Chile. Quando reservamos a viagem nem mesmo sabíamos que teríamos um novo Papa. E agora somos duplamente abençoados: podemos celebrar a Páscoa em Jerusalém e temos pela primeira vez um Papa da América Latina».

Últimas notícias

Deixe um comentário