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Cristãos enfrentam dificuldade no Sudão

Publicado em: julho 31st, 2023|Categorias: Notícias|Views: 773|

Muitos cristãos que viviam no Sudão fugiram do país ou pelo menos escaparam das cidades envoltas em violência, diz um missionário espanhol Comboniano que trabalhou por anos no Sudão. Ele deu uma entrevista ACN.

Padre Jorge Carlos Naranjo estava de férias na Espanha quando a guerra civil começou. As Forças de Apoio Rápido (RSF), leais ao vice-presidente, atacaram estruturas-chave do governo e enfrentaram o exército regular, que responde ao presidente. A maioria da capital e outras cidades importantes se tornaram imediatamente zonas de guerra.

Cristãos fugiram da guerra

Diante dessa situação, a maioria dos missionários católicos escolheu ficar para apoiar o povo, mesmo que muitos dos fieis fugiram para regiões mais seguras, incluindo os sul-sudaneses, que formam a maioria da população católica no Sudão. Muitos voltaram para o Sul do Sudão, disse Padre Naranjo à ACN, que complementou: “A maioria dos sudaneses cristãos é das montanhas Nuba. Alguns deles voltaram para as montanhas, e outros permaneceram em El-Obeid. Mas alguns que estavam em Cartum ainda estão lá. Também temos uma grande comunidade Nuba em Porto Sudão, que é pacífica.”

O missionário explicou que também há uma grande comunidade de cristãos coptas ortodoxos. Embora eles tenham raízes no Egito, essas comunidades estão presentes no Sudão há séculos e seus membros são cidadãos sudaneses. “Algumas igrejas foram atacadas pelas Forças de Apoio Rápido, incluindo a catedral copta de Cartum, que foi ocupada e transformada em um centro de comando. A catedral copta de Omdurman também foi atacada e saqueada. Eles levaram vários carros e ameaçaram o bispo e um dos padres, tentando forçá-los a se converter ao Islã.

Padre conta como ficou a situação no Sudão

“Muitos trabalhadores coptas foram instruídos a se converter, mas todos se recusaram. Mesmo estando no Sudão há 100 ou 200 anos, os coptas geralmente se casam entre si, e por isso sua pele é mais clara do que a da maioria dos sudaneses, e os soldados da RSF os insultaram, dizendo que eles não eram verdadeiros sudaneses por causa disso.”

“A Catedral Episcopal de Todos os Santos em Cartum também foi atacada por soldados da RSF e o bispo foi afastado. Algumas de nossas igrejas também foram saqueadas”, disse o missionário. Ele acrescenta que “há muitos refugiados etíopes e eritreus. Alguns deles se mudaram para cidades mais próximas das fronteiras de seus países, onde também há muita pressão agora por causa do grande número de refugiados e onde há muitas necessidades. Alguns etíopes voltaram para a Etiópia, mas para outros é difícil. Para os eritreus, é ainda mais difícil, pois não podem voltar para a Eritreia e o Egito fechou suas fronteiras para eles.”

Falta de bens e calor abrasador

Todos os que permanecem nas áreas de conflito, sejam cristãos ou não, enfrentam dificuldades tremendas, disse o Padre Naranjo. Isso inclui escassez de alimentos, água potável e eletricidade, o que torna a vida extremamente difícil no calor do verão do Sudão. Casas civis foram ocupadas pelos soldados da RSF e muitos civis foram mortos nos confrontos.

Organizações internacionais encontram muita dificuldade em acessar populações necessitadas, mas alguns grupos já estão no local ajudando. “Aqueles que estão agora no local tentando fazer o melhor são os ‘Comitês de Resistência’. Eles estão organizados por bairro e foram os principais agentes da revolução, o que também os torna alvos, mas eles são os mais próximos das pessoas.”

O conflito também tornou mais difícil para a ACN manter contato com seus projetos no Sudão, ainda assim a ACN continua fazendo todo o esforço para apoiar as comunidades cristãs no país e conscientizar o mundo sobre a situação. Afinal essa não pode ser mais uma guerra esquecida na África.

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