Permanentemente, a Igreja nos convoca a fazermos a nossa parte na construção da paz. A paz é um dom de Deus, mas depende dos homens acolher esse dom para que seja possível construir um mundo de paz.
Visto que a paz é um dom, devemos pedi-lo insistentemente ao Pai da Luz, do qual provém “todo dom precioso e toda dádiva perfeita” (Tg 1,17). Em cada Santa Missa se eleva de nossos altares a súplica: “Dai-nos hoje a vossa paz”. O homem, capaz de romper a paz em virtude de sua própria ignorância e maldade, se vê depois impotente de a restaurar apenas com sua própria força. Por isso a ajuda do Alto é indispensável para ele.
Mas a paz é também uma conquista, que exige de nós uma colaboração. Precisamos redescobrir uma forma comum de pensar e de amar, respeitando os direitos de todos e não apenas os nossos. Devemos sobretudo aprender a difícil e sublime arte de perdoar, a única que pode quebrar a espiral do ódio. É essencial que cheguemos a uma mesma visão da pessoa humana; uma visão que, embora respeitando a originalidade e a especificidade das diversas culturas, seja idêntica para todos e seja por todos reconhecida como fundamento da verdade.
“Bem-aventurados os que promovem a paz”
A Igreja nos exorta a construirmos a paz. É fácil dizer que esse é um problema grande demais, diante do qual somos como um grão de areia no deserto. Mas o exemplo de Nossa Senhora nos ensina a viver como se a paz do mundo dependesse diretamente de cada um de nós. Em primeiro lugar, a partir do próprio coração: devo criar a paz em mim mesmo, solucionando meus conflitos internos. Depois, a paz na família, resolvendo imediatamente todo desacordo, por menor que seja. Então esse amor compartilhado se expande para os diversos ambientes do nosso viver e agir, e muda o clima no mundo. Deveríamos começar o novo ano com esta firme decisão, recordando de que uma das Bem-Aventuranças reza: “Bem-aventurados os que promovem a paz, pois eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).
O novo ano se apresenta como uma página branca e limpa, na qual gostaríamos de escrever no topo, como um emblema e um programa, o nome de Maria, Rainha da Paz. Será como um sinal de esperança para este mundo abalado por tanta violência.
Card. Mauro Piacenza
Presidente Internacional
Eco do Amor
última edição