“Deixem-se arrebatar pela graça de Deus, que agora nos diz, por meio do Papa, que devemos reformar nossas vidas e reforçar nosso amor. E que o nosso mundo ocidental, abalado por racionalismo, apostasia, imoralidade e rebeliões, só pode ser reconquistado para Cristo se muitos de nós retornarem ao caminho estreito do autêntico cristianismo”, Padre Werenfried

Este é apenas o editorial do Boletim de Julho de 2010.
Você pode baixar o boletim na íntegra ao final deste texto (anexo).

 

O estádio inteiro estava de olhos cravados nos corredores. Entre eles, Francisco Javier, o mais rápido. Ele estudou Ciências Matemáticas, alcançando a nota máxima. Algumas décadas mais tarde, João Paulo II o ordenou bispo e lhe confiou, a partir de Roma, trabalhos difíceis no âmbito universal da Igreja. Ele tornou-se arcebispo de Santiago do Chile, cardeal, presidente do Conselho Episcopal de toda a América Latina. Os títulos pouco lhe importam; são as tarefas que o desafiam, sem que isso consiga alterar a sua paz interior. “Esse homem deve ser uma boa pessoa”, me confiou um dia um grande intelectual ateu; “percebesse um grande calor humano”. Mas ele é sobretudo sacerdote.

O cardeal costuma se lembrar de uma carta que lhe serviu de chave para a sua vida. Foi escrita pelo padre Josef Kentenich, fundador do Movimento de Schoenstatt. As páginas já estão amareladas. Elas falam de uma dimensão central da espiritualidade sacerdotal. Padre Josef Kentenich simboliza isso por meio de uma antiga lenda. Tratasse de um beija-flor muito pequeno. Com nostalgia ele olhava para o sol. Ele queria voar bem alto, até alcançar o astro rei. Mas suas tentativas eram em vão. Sempre terminava caindo no chão. Um dia, de manhã, ele viu uma águia pairando em grande altitude. Naquela noite, o beija-flor se escondeu debaixo das asas desse grande pássaro. Escondido entre as plumas da águia, ele conseguiu chegar ao sol. É o que acontece com o sacerdote. Às vezes, ele é uma águia que empresta suas asas como um pai para levar os homens ao Sol do Deus Trindade. No entanto, em muitos outros vôos é ele o pobre beija-flor, que se esconde entre as plumas da verdadeira águia, Cristo, para deixar-se levar por Ele até o Pai de misericórdia.

Conclui-se agora o ano, que foi dedicado especialmente ao sacerdócio na Igreja. Durante os meses passados tivemos de reconhecer, com dor e vergonha, como diz o Papa Bento, a pequenez e o pecado de presbíteros de vários países. Também tivemos de constatar que o fato de alguns terem efetivamente praticado abusos foi usado injustamente contra todos. A Carta aos Hebreusdiz que o sacerdote é escolhido dentre os homens, e é um pecador como todos os seus irmãos e irmãs, e por isso mesmo pode ser, mais ainda, ministro da misericórdia para com cada pessoa. Sim, o sacerdote é um beija-flor, chamado a voar como uma águia, com uma força divina que não brota dele mesmo, mas que sempre lhe é oferecida de novo.

Por favor, queiram agradecer conosco, sacerdotes, pela nossa vocação e peçam por nós, a fim de que nos tornemos santos.

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