Missionários sequestrados, assassinados e igreja incendiada. Não, não estamos falando do Oriente Médio agora, mas do Brasil, de uma realidade quase desconhecida: a reserva indígena Raposa Serra do Sol, no estado de Roraima.

Uma terra que foi tomada por “coronéis” que escravizaram os macuxis, etnia indígena predominante na região, para trabalharem no garimpo e produzirem arroz a troco de bebida alcoólica, um vício que os próprios invasores trouxeram.

A Igreja Católica está presente na região desde o início do século XX. Primeiro com os jesuítas, depois os dominicanos e por fim os missionários da consolata. Não é uma missão como outras. Em seus carros os missionários precisam levar combustível e baterias extras, além de três estepes e comida em conserva. Caso um carro quebre no caminho ficará dias esperando um outro veículo passar por ali, já que não há telefônia ou como pedir ajuda.

A forte presença da Igreja ao lado dos macuxis fez com que, na década de 70, os próprios indígenas tomassem a decisão de abandonar o álcool. Aqueles que quisessem continuar se embriagando teriam que deixar a tribo. Essa decisão deixou os “coronéis” da região enfurecidos, pois perderam sua mão de obra barata. Começaram então a fazer uma propaganda contra a Igreja Católica. Sem sucesso, em 2004 assassinaram indígenas e sequestraram 3 missionários da consolata e, no ano seguinte, cerca de 150 homens encapuzados e armados incendiaram todo o complexo da missão, incluindo a Igreja de São José e a escola mantida pela missão. A intenção por trás disso era que os macuxis se revoltassem e atacassem osmandantes, o que geraria um genocídio, pois os indígenas iriam com paus e pedras atacar homens com armas de fogo.

Após o incêndio, os macuxis estavam muito revoltados e querendo vingança. O Tuxaua Jacir de Souza (Tuxaua é o nome que se dá para os líderes macuxis) se reuniu com o povo, abriu a Bíblia e, juntos, a leram por mais de uma hora. Ele os lembrou que são indígenas católicos e que Deus pede para perdoar, não para vingar. O povo se acalmou e desistiram da vingança. Essa ação ajudou para que a Reserva Raposa Serra do Sol, em 2005, fosse homologada, ou seja, voltasse a ser dos indígenas. Aqueles que exploravam a terra e seu povo foram obrigados a deixar a região.

Naquele lugar, a simples leitura da Palavra de Deus impediu que um genocídio ocorresse. O povo Macuxi ainda é muito católico, eles constroem as igrejas com seus materiais e sua força de trabalho, traduzem os cantos católicos para o macuxi, sua língua materna, mas ainda sofrem por um motivo: não têm a Bíblia traduzida para sua língua e estão preocupados com a futura geração. Seitas têm se aproximado deles querendo desviá-los do catolicismo, algumas chegam até a oferecer álcool novamente. Eles temem muito sobretudo pelas crianças.

A ACN aprovou recentemente a tradução da Bíblia da Criança para o Macuxi. Um teólogo que entende profundamente a língua está fazendo a tradução, e em breve milhares de exemplares serão entregues para as crianças. Mas para isso precisamos da sua ajuda. Depois de ver o milagre que a Palavra de Deus operou na região, não podemos medir esforços para que a próxima geração cresça pacífica e com Deus no coração. Temos certeza de que você também vai querer participar dessa iniciativa.

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