Durante uma visita às regiões afetadas pelo terremoto, o Núncio Apostólico na Síria diz ter visto “um mar de dor”. Cinco dias após o terremoto que abalou o sul da Turquia e o norte da Síria, matando mais de 30 mil pessoas, grupos de ajuda internacional continuaram trabalhando em resgates na Turquia, mostrando a solidariedade e o apoio do mundo.
Na Síria, no entanto, a história foi diferente. “Quase não há sinais de uma ajuda internacional: os únicos voluntários internacionais que vi pessoalmente na Síria são do Líbano”, disse Xavier Stephen Bisits, representante da ACN no Líbano e na Síria. Ele viajou para Aleppo no dia do terremoto, e na sexta-feira visitou Lattakia. “O mundo não pode esquecer a Síria”, acrescentou, em mensagem à ACN.
Aleppo e Lattakia foram duas das áreas mais atingidas na Síria. Outras cidades, como Homs e Hama, também sofreram danos, e há poucas notícias de Idlib, mais perto da fronteira turca, que ainda está nas mãos dos islâmicos.
Povo Sírio clama por ajuda, principalmente apoio internacional
Oito cristãos foram mortos pelo terremoto em Lattakia, mas centenas viram suas casas danificadas ou destruídas e tiveram que procurar abrigo em outro lugar. A comunidade franciscana da cidade tem estado no centro do esforço de socorro, e a ACN fornecerá a eles material e apoio financeiro necessários.
Durante uma visita aos franciscanos, Xavier Bisits se encontrou com vários moradores que ainda estão em choque com o ocorrido. “Muitas pessoas estão desesperadas. Uma mulher, que originalmente havia sido deslocada de Aleppo durante a guerra, me disse que não quer dinheiro, o que ela quer é começar a vida novamente em outro país. Um menino de 15 anos me disse que só tinha um desejo: voltar a vida como era antes da guerra. Afinal após 12 anos de guerra, Covid, sanções e colapso da moeda, este último desastre é mais do que muita gente pode suportar”, explica. “Os frades franciscanos estão fazendo o possível para apoiar a população neste momento de crise e colocar seu salão paroquial a serviço do povo”, acrescenta Xavier Bisits.
Vários edifícios desabaram em Lattakia, incluindo um no norte da cidade que matou uma família de cristãos que havia fugido de Aleppo, devido à guerra civil. “O pior dos danos, no entanto, parecem ter ocorrido na cidade vizinha de Jableh, onde entre 20 e 30 prédios foram reduzidos a escombros, incluindo casos de desabamento de vários prédios seguidos”, acrescentou.
Ajuda veio até do Papa Francisco
Os responsáveis da ACN se reuniram em Lattakia com o Núncio Apostólico Mario Zenari, que falou às vítimas e voluntários. Ele prometeu apoio e as orações da Igreja Católica, acrescentando que o próprio Papa Francisco enviou ajuda financeira para o esforço de socorro na Síria.
O representante diplomático do Papa na Síria também visitou uma mesquita. Nela cerca de 2.000 pessoas se reuniram nas primeiras noites após o terremoto, e que continua abrigando entre 400 e 600 moradores de Lattakia. Em mensagem à ACN, o Núncio não tentou esconder o seu choque. “Depois de visitar Aleppo, Lattakia e Jableh, minha impressão pode ser resumida assim: vi um mar de dor.”
A ACN já aprovou vários projetos para ajudar a Igreja Católica local a responder a esta crise. Um valor inicial vai para projetos que visam o alívio imediato de algumas comunidades. Mas a principal preocupação é conseguir que as casas sejam vistoriadas por engenheiros, para que a população possa voltar a morar em casas consideradas seguras. A ACN está, então, trabalhando com um comitê de representantes de igrejas em Aleppo e Lattakia para desenvolver uma resposta à situação.
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