Várias homenagens tem sido feita a um bispo (no que é hoje o Sudão do Sul) que morreu depois de liderar o seu povo através de um dos piores conflitos da África.

Nascido na Itália, o bispo Cesare Mazzolari, que morreu no sábado (16 de julho) aos 74 anos, foi nomeado para a diocese de Rumbek, no meio da guerra civil do Sudão, um conflito que gerou mais de 2,5 milhões de mortes e forçou outros milhões de pessoas a fugirem de suas casas.

Como a cidade de Rumbek e os arredores ficaram sob constante bombardeio aéreo, o bispo Mazzolari, missionário comboniano, arriscou a própria vida permanecendo numa área onde poderia facilmente ser sequestrado por rebeldes.

Logo depois de se tornar Administrador Apostólico de Rumbek em 1990, ele re-abriu centros de missão devastados pela guerra e ajudou a organizar a assistência humanitária para milhares de refugiados, assim como negociar a liberdade de escravos e das crianças-soldados.

Nomeado bispo de Rumbek em 1999, ele continuou a lidar com os efeitos da violência generalizada e de privação, que continuou após o período de cessar-fogo (2003-4).

Viveu tempo suficiente para ver a independência do Sudão do Sul no início deste mês. Ele morreu aparentemente de um ataque cardíaco enquanto concelebrava uma missa em sua diocese.

Em homenagem ao bispo Mazzolari, o bispo Eduardo Hiiboro Kassala da diocese vizinha de Tambura-Yambio lembra ter sido um de seus estudantes na década de 1980 em Yambio.

Em uma mensagem enviada à ACN – Ajuda à Igreja que Sofre, instituição de caridade católica para perseguidos e outros cristãos que sofrem, o bispo Hiiboro escreveu: “O bispo Mazzolari nos carregou no colo. Ele era um homem querido, gracioso, gentil e humilde. Sua contribuição para uma república independente do Sudão do Sul não pode ser questionada.

A ACN também recebeu um comunicado da diocese de Rumbek, em que os sacerdotes, religiosos e fiéis descrevem estar “chocados e profundamente entristecido” pela morte do bispo.

O comunicado dizia: “Seu cuidado paternal e generosidade, compaixão e altruísmo foram fontes de esperança e conforto a todos aqueles que encontrou. Ao longo dos anos, temos sido inspirados por seus sonhos para o povo do Sudão do Sul. Suas iniciativas pastorais, sua extraordinária capacidade administrativa, sua competência na liderança, a sua energia para a captação de recursos e desenvolvimento, o seu estilo de vida simples e humildade, sua tenacidade e paciência e sua dedicação inabalável para com Deus.”

Regina Lynch, diretora de projetos da ACN, sublinhou o longo empenho da instituição de caridade em ajudar o bispo Mazzolari com as necessidades pastorais da diocese em meio as crises.

Ela disse: “Demorou até que alguém com sua coragem e energia respondesse a uma situação que foi realmente muito difícil, especialmente antes do acordo de paz [2005] que terminou oficialmente com a guerra civil.”

Era grande o apoio da ACN para projetos apoiados pelo bispo Mazzolari, que ia desde a reparação de igrejas bombardeadas durante a guerra, reconstrução do seminário em Mapuordit que tinha sido abandonado, o financiamento de veículo para o programa de aconselhamento para as vítimas da guerra, como também auxilio financeiro para os padres da diocese de Rumbek.

A ACN também financiou vôos de avião para o bispo poder percorrer as longas distâncias de sua diocese, uma vez que as estradas de terra são péssimas, bem como a construção de casas para religiosas, começando de novo nas paróquias dizimadas pela violência.

Nascido em Brescia no dia 9 de fevereiro de 1937, Cesare Mazzolari foi ordenado sacerdote em San Diego, EUA, em 17 de março de 1962. Ele passou 19 anos de trabalho entre trabalhadores de minas afro-americanos e mexicanos.

Em 1981, a Congregação Comboniana o enviou para a diocese de Tombura-Yambio, onde foi pároco na igreja de Nzara e se tornou diretor espiritual no Seminário Menor de São José, em Rimenze, Yambio.

De lá, ele foi para Juba, servir como provincial da congregação no sul do Sudão durante seis anos. Em 1990 o Papa João Paulo II o nomeou como administrador apostólico de Rumbek, e foi consagrado bispo em janeiro de 1999.

Papa Bento XVI enviou uma mensagem de condolências, agradecendo a Deus pela dedicação do bispo Mazzolari ao longo da vida e pelo seu serviço desinteressado ao povo da África.

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Um comentário

  1. elizabeth tomie nascimento 8 de agosto de 2011 at 18:06 - Responder

    PAZ E BEM….A LUTA NÃO ACABOU…NUNCA TERMINARÁ, ENQUANTO EXISTIR CRISTÃOS..,PRONTOS PARA DEFENDER OS MAIS FRACOS E NECESSITADOS…’DEUS’ AÍ ESTÁ COM TODO SEU AMOR DE PAI,..DEUS’ PRECISA DE NÓS,SOMOS INSTRUMENTOS DELE ,PARA LEVAR O SEU AMOR A TODOS QUE NÃO O CONHECE….

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