Em referência ao dia em memória das vítimas de violência baseada na religião, celebrado em 22 de agosto, a editora-chefe do Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo, da ACN, falou sobre a próxima edição do estudo e destacou a importância de defender todos aqueles que sofrem perseguição por causa da fé.
Marta Petrosillo, editora-chefe do Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo (RFR – sigla em inglês para Religious Freedom Report), reforça que esta data é um momento de conscientização. A especialista ressaltou que a celebração busca homenagear as vítimas e ampliar o debate sobre as consequências da intolerância religiosa.
Além disso, Marta adiantou as principais conclusões esperadas para a edição 2025 do Relatório, produzido pela ACN a cada dois anos, que aponta tendências preocupantes em diversos continentes.
A deterioração da liberdade religiosa no mundo
"De forma geral, houve uma deterioração na liberdade religiosa desde que a ACN lançou o RLR, em 1999", explicou Marta. Nos últimos anos, a situação se agravou na África, com o crescimento do extremismo religioso em locais onde antes ele era desconhecido.
Na Ásia, por sua vez, há um aumento do nacionalismo étnico-religioso, enquanto o Oriente Médio segue como uma área de forte preocupação. Ressaltando a relevância do relatório, Marta afirmou: "Quando negam a liberdade religiosa a um grupo, mais cedo ou mais tarde também a negarão a outros. Para a ACN, é importante garantir essa liberdade igualmente a todos"
Segundo a editora, embora para alguns pareça distante a ideia de sofrer perseguição pela fé, em dezenas de países esse é um problema cotidiano. "Na verdade, eu diria que é uma realidade para centenas de milhões de pessoas em todo o mundo. É importante ter este dia dedicado às vítimas desse tipo de violência, para conscientizar, porque as violações da liberdade religiosa afetam e causam sofrimento para muitas pessoas, embora às vezes haja uma tendência a ignorar esse fenômeno."
Relatório de Liberdade Religiosa da ACN
A ACN lançará a próxima edição do Relatório sobre Liberdade Religiosa no Mundo no Brasil em 23 de outubro. Desde 1999, o estudo tem como objetivo denunciar violações e aumentar a conscientização global.
De acordo com Marta, "a cada edição, desde 1999, a situação foi piorando e, infelizmente, espera-se que essa seja a tendência para esta próxima edição, especialmente em algumas áreas do mundo. O RLR é o único estudo produzido por uma entidade católica que cobre a situação em todos os países do mundo e para todos os grupos religiosos, porque se a liberdade religiosa é negada a um grupo, mais cedo ou mais tarde também será negada a outros, e para a ACN é importante que a liberdade religiosa seja concedida igualmente a todos", destacou.
O relatório identifica três tipos principais de perseguição religiosa: a perpetrada pelo Estado, a motivada por extremismo religioso, como no caso de grupos jihadistas, e a causada pelo nacionalismo étnico-religioso.
Aumento da perseguição na África, Ásia e Oriente Médio
Um dos continentes onde a situação se agravou de forma mais intensa foi a África. Nas últimas décadas, o extremismo religioso se espalhou, com grupos jihadistas promovendo ataques inclusive em países que antes não tinham histórico de conflitos entre comunidades de fé, como a República Democrática do Congo.
Em Burkina Faso, por exemplo, que há dez anos não figurava entre os países críticos, hoje o país registra alguns dos maiores índices de ataques jihadistas do mundo. O problema, segundo Marta, tende a se expandir para outras nações vizinhas.
"Assistimos também a um agravamento da situação do nacionalismo étnico-religioso na Ásia, e o Oriente Médio continua a ser uma área com uma instabilidade significativa, que afeta fortemente a liberdade religiosa. E, finalmente, vimos cada vez mais violações da liberdade religiosa na América Latina. Nos últimos anos, vimos um aumento de ataques contra alguns grupos religiosos no Ocidente: vandalismo contra igrejas e um aumento de episódios antissemitas e anti-islâmicos por causa da guerra em Gaza. Depois, há um esforço para excluir a religião da praça pública, incluindo o que o Papa Francisco chamou de perseguição educada", acrescentou Marta.
O papel do relatório e como apoiar as vítimas
O Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo se destaca pela objetividade e oferece um panorama confiável da situação global. Para Marta, dar visibilidade é essencial: "Em minha carreira, entrevistei muitas pessoas que sofrem violência relacionada à sua fé, e elas dizem que não querem ser esquecidas, por isso é muito importante mostrar apoio".
Ela ainda destacou que qualquer pessoa pode contribuir para essa causa. "A primeira coisa que as pessoas podem fazer para ajudar é espalhar a informação e aumentar a conscientização dentro de seu meio, no trabalho e com seus amigos. Isso é realmente fundamental para mudar a situação. E também, é claro, apoio através da oração e apoio material", finalizou Marta.
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