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Gaza, padre alerta: “Ninguém fala em reconstrução”

Publicado em: maio 29th, 2025|Categorias: Notícias|Views: 168|

Durante três meses consecutivos, a Faixa de Gaza ficou sem receber nenhum comboio de ajuda humanitária. Isso forçou a única paróquia católica da região a racionar os poucos recursos disponíveis para alimentar os cristãos abrigados e algumas famílias vizinhas.

A situação é descrita como “muito ruim” pelo padre Gabriel Romanelli, responsável pela paróquia católica da Sagrada Família, a única no território. Segundo ele, o cenário é de extrema escassez e sofrimento constante.

Com o início da guerra em Gaza, toda a comunidade cristã local se refugiou na paróquia católica e no complexo ortodoxo ao lado. Atualmente, cerca de 500 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, vivem abrigadas na paróquia, incluindo um grupo de pessoas com deficiência assistidas pelas Missionárias da Caridade.

Vida dentro da paróquia: oração, rotina e resistência

Em entrevista à ACN, padre Romanelli contou que, apesar do medo constante, a comunidade tenta manter a fé e a esperança. “Dentro do complexo paroquial estamos tão bem quanto possível, embora escutemos muitos bombardeios e, às vezes, estilhaços alcancem o nosso terreno”, relata.

Um dos principais desafios do sacerdote é organizar a vida diária no abrigo. Para isso, mantém uma rotina religiosa rigorosa, que inclui oração silenciosa diante do Santíssimo Sacramento todas as manhãs, além da recitação do terço e celebração da missa à tarde.

As crianças que vivem na paróquia seguem com aulas regulares para tentar salvar o ano letivo, e são promovidas atividades para crianças, adolescentes e famílias. Também há grupos de estudo bíblico que se reúnem semanalmente.

Gaza: racionamento e solidariedade em meio ao cerco

Os recursos enviados por benfeitores são compartilhados com todos os moradores do abrigo e também com famílias muçulmanas vizinhas, reforçando o espírito de solidariedade. No entanto, Israel bloqueou a entrada de ajuda humanitária durante os últimos três meses.

Em 22 de maio, o governo israelense autorizou a entrada de apenas 90 caminhões com ajuda humanitária, número muito abaixo da demanda diária estimada de 500 caminhões. A situação se agravou, exigindo medidas ainda mais rigorosas de racionamento.

“Há três meses não recebemos nenhuma ajuda. Então, por enquanto, estamos racionando tudo o que temos e, só depois desse racionamento, conseguimos distribuir aos refugiados no complexo e a pessoas de fora”, explicou o padre. Apesar disso, ele relatou que recentemente conseguiu distribuir água dentro e fora do abrigo.

Conflito em Gaza: impactos severos na comunidade cristã

Desde os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, perpetrados pelo Hamas e outros grupos jihadistas, a Faixa de Gaza está sob cerco. Em resposta, Israel lançou uma campanha de bombardeios e uma invasão terrestre, que permanecem em curso e já deixaram dezenas de milhares de mortos.

A comunidade cristã também sofre diretamente. Cerca de 52 cristãos. entre católicos e ortodoxos. morreram nos ataques ou em decorrência de doenças causadas pela falta de atendimento médico.

Mesmo em meio à luta diária por sobrevivência, o padre Gabriel nota sinais crescentes de sofrimento mental entre os refugiados. “O mais grave que vemos é que ninguém fala sobre o fim da guerra ou sobre o direito de permanecer aqui, de reconstruir casas, de recomeçar”, lamenta.

Apelo por paz: oração e esperança

Apesar de todas as adversidades, o padre e a comunidade se mantêm firmes na fé. “Por isso, rezamos, e pedimos que as pessoas rezem e trabalhem pela paz”, conclui.

A realidade da Faixa de Gaza em 2025 é de extremo sofrimento humano, isolamento e incerteza quanto ao futuro. A paróquia da Sagrada Família permanece como símbolo de resistência e cuidado em meio ao caos da guerra.

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