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Bispo se torna ponte entre cristãos e muçulmanos na Nigéria

Publicado em: julho 13th, 2024|Categorias: Notícias|Views: 456|

Na tradição católica, o bispo é conhecido como “pontífice”, termo que significa “construtor de pontes” em latim. Esta designação é especialmente apropriada para Dom Gerald Mamman Musa, cujo trabalho tem sido crucial para promover o diálogo inter-religioso em uma região marcada por tensões.

Quando criança, aos 12 anos, Gerald Musa se converteu ao cristianismo, algo que seu pai não poderia prever. Além disso este evento marcou o início de uma trajetória que o levaria a se tornar o primeiro bispo do grupo étnico Hausa. Afinal esta é uma comunidade majoritariamente muçulmana no norte da Nigéria.

Bispo teve uma nomeação histórica

Em 2023, Gerald Musa foi nomeado bispo, um feito significativo, considerando a predominância do islamismo entre os Hausas. Mas ele é um cristão de segunda geração. Mas seu pai também enfrentou desafios. Aos 12 anos se converteu ao cristianismo. “A Sociedade de Missões Africanas estabeleceu uma escola, que meu pai teve o privilégio de frequentar. Mas as atividades missionárias não duraram muito lá. Então a escola fechou, e assim também fez a missão. O que aconteceu foi que muitos convertidos ao cristianismo reverteram ao islã. Até onde sei, meu pai foi o único que permaneceu cristão.”

O pai de Gerald Musa se tornou professor, diretor de escola e catequista, dedicando quase 40 anos à tradução da Bíblia para o idioma Hausa. Afinal ele permaneceu cristão, atraído pelo amor e pela educação oferecidos pelos missionários. De fato sua devoção era tão intensa que raramente perdia uma missa em quatro décadas. “Ele valorizava a Eucaristia e era muito profundo na Fé. Ele estudava o conteúdo da Fé, para ver a diferença entre ela e outras, tanto as fés tradicionais quanto o Islã. E ele conseguia ver claramente a diferença, e aceitou a Fé Cristã de todo o coração.”

Desafios no norte da Nigéria

Nos últimos anos, ser cristão no norte da Nigéria tornou-se cada vez mais difícil devido à perseguição religiosa e ao radicalismo islâmico. Quando Gerald Musa foi nomeado bispo, sua família ampliada, em sua maioria muçulmana, reagiu com surpreendente alegria e apoio. Este fato demonstrou a possibilidade de convivência pacífica.
“Eu contei a eles sobre minha ordenação episcopal, e todos vieram, de diferentes cidades. Eles encheram dois ônibus! Eu pensei que talvez a diferença religiosa os impedisse de vir, mas eles vieram em grande número, e estavam felizes. Você podia ver a felicidade em seus rostos, e foi pela graça de Deus”, diz o Bispo Gerald Musa.

O bispo Gerald Musa destaca quatro formas de diálogo: teológico, espiritual, social e o diálogo da vida cotidiana. Em Katsina, o diálogo social é mais prevalente, com muçulmanos e cristãos interagindo diariamente e compartilhando celebrações como Natal e Eid. Afinal esses gestos de boa vontade são fundamentais para promover a harmonia inter-religiosa.

A realidade da Diocese de Katsina

Mas o Bispo Gerald Musa reconhece os desafios de liderar uma diocese em um estado que adotou a lei islâmica da sharia. Ele enfatiza a importância de um sistema legal unificado que incorpore valores culturais e religiosos, promovendo a unidade nacional. Afinal, para ele, a aplicação justa das leis é crucial para combater a corrupção e a desigualdade.

O bispo observa que a verdadeira influência da religião deve ir além de práticas superficiais, promovendo justiça, amor, e coexistência pacífica. Ele critica a tendência de se concentrar em rituais menores enquanto aspectos essenciais da fé são negligenciados. Ressalta, ainda, que a paz só pode ser alcançada com justiça.

Dom Gerald Musa, com sua vida e liderança, exemplifica como é possível ser uma ponte entre comunidades diferentes, promovendo entendimento e respeito mútuo em uma região tão diversa como a Nigéria.

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