Ainda nos primeiros passos deste novo ano de 2024, somos exortados por Jesus a colocar a fraternidade no centro de nossas relações, como princípio regulador e orientador de nossa vida social, familiar e religiosa.
A exortação evangélica “vós sois todos irmãos” resgata uma condição ontológica do ser humano que atualmente parece esquecida. O que se nota em nossos dias é o contrário, uma ruptura bastante acentuada desta nossa característica fraternal; estamos em constantes disputas onde o outro é um inimigo a ser vencido ou instrumento a ser utilizado para interesses. Essa infeliz postura confirma a nossa enfermidade por um comportamento antinatural.
Muito mais que uma orientação moral, a fraternidade é uma autêntica proposta de vida, que nos pede uma urgente conversão de mentalidades e de corações. É um apelo do Mestre, a fim de rompermos, dentro de nós mesmos, com toda e qualquer pretensão de superioridade e grandeza diante do outro. Não podemos afirmar que somos fiéis a Deus, se cancelamos, suprimimos e matamos, seja na mente, no coração ou em nossos atos, as pessoas que passam pela nossa vida.
Caminhos da Fraternidade: Inspirados pela Mensagem de Jesus
Jesus viveu a proposta da fraternidade na contramão de todo um sistema perverso. Justamente por isso atraiu para si o ódio e o descrédito, inclusive das próprias autoridades religiosas. De fato, é preciso coragem para sepultar o desumano que nos habita e ressuscitar o humano, sufocado por nossas escolhas. A beleza, o sentido, o Reino e a santidade se encontram nessa verdade que não podemos mudar: “vós sois todos irmãos”. O próprio Pai nos perguntará um dia, assim como fez a Caim: “Onde está o teu irmão?” Gn 4,9
“Nós não somos melhores que os outros; mesmo assim temos melhor sorte. Nós, a pequena minoria que vive na paz e no conforto, temos um caminho bem diferente para o Céu se comparado ao da imensa maioria que sucumbe sob privação e medo, sofrimento e fome.” Isto é o que nos ensinou Padre Werenfried.
Fraternidade e Amizade Social. Esse é o tema da Campanha da Fraternidade deste ano. Mais que um convite, uma súplica de retorno às origens onde todos se encontram como irmãos. Ainda há tempo para abandonarmos as armas e construir um mundo fraterno, sem guerras e injustiças. Nesse caminho, aprendamos com Jesus, que é manso e humilde de coração.
Frei Rogério Lima
Assistente Eclesiástico Nacional
Eco do Amor
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