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Haiti sofre com sequestro de padres

Publicado em: abril 3rd, 2023|Categorias: Notícias|Views: 567|

Dois padres foram sequestrados nas últimas semanas no Haiti, país em profunda crise. Enquanto um deles conseguiu escapar depois de vários dias nas mãos de seus sequestradores, o outro foi libertado no dia 23 de março.

“Quando vai acabar esta onda de violência?”, pergunta o padre Dudley Pierre, superior do padre Médidor – da comunidade dos Clérigos de Saint-Viator – que foi raptado em 11 de março e libertado quase duas semanas depois.

Em mensagem enviada ao arcebispo de Port-au-Prince, Dom Max Leroy Mésidor, que também foi enviada à ACN, o provincial descreve o atentado ocorrido nos arredores de Croix-des-Bouquets. Padre Jean-Yves Médidor estava saindo de casa quando tudo aconteceu. “Ao fechar o portão, um dos nossos guardas viu homens mascarados perseguindo o P. Jean-Yves. Mais tarde, percebemos que havia outros veículos esperando no cruzamento.” Diante deste acontecimento “doloroso e escandaloso”, o provincial dos Clérigos de São Viator usa termos como “violência” e “anarquia” para descrever o “horror” que o país vive.

Outro padre do Haiti fugiu para a liberdade

O sequestro do P. Jean-Yves ocorreu poucas semanas depois que outro padre, o camaronês P. Antoine Christian Noah, conseguiu escapar ileso dos criminosos que o mantiveram em cativeiro por 10 dias. O sacerdote claretiano, de 33 anos, voltava ao Haiti no dia 7 de fevereiro, de um retiro na República Dominicana, quando foi capturado. No entanto, ele diz que conseguiu escapar de maneira hollywoodiana, abrindo um buraco no telhado da casa onde estava detido. A tentativa de fuga foi bem-sucedida e, após alcançar a segurança, o padre foi transferido para outro país.

Falando dos dias em que esteve em cativeiro, o padre Fausto Cruz Rosa, superior dos claretianos, diz que “nunca teve medo, porque rezava ao seu padroeiro”, Santo António de Pádua, e ao Imaculado Coração de Maria. “É um homem de oração, muito espiritual, muito sereno. Os sequestradores ficaram surpresos de como um padre poderia lidar com isso, porque, em dez dias, só o alimentaram quatro vezes e lhe deram um pouco de água”, acrescenta o chefe dos claretianos no Haiti.

Clima de insegurança

Enfim, esses episódios ilustram o clima de grande instabilidade e insegurança que o Haiti vive. As Nações Unidas estimam que houve mais de 1.300 sequestros só no ano passado e mais de 2.000 assassinatos. Afinal a situação se tornou particularmente terrível desde julho de 2021, quando o presidente Jovenal Moïse foi assassinado. Esta violência, que arrasta ainda mais o país para a pobreza, foi denunciada durante a “Noite do Testemunho”, organizada pela ACN na França em 17 de janeiro. Irmã Marjorie Boursiquot esteve presente no evento e, então, explicou que “todos os dias há assassinatos, estupros e roubos”, e que, de certa forma, 2021 se destaca neste ambiente de insegurança.

“Testemunhamos uma violência sem precedentes entre gangues, o assassinato do presidente Jovenal Moïse, outro terremoto – o segundo em uma década – que matou 2.500 pessoas, um sistema de saúde à beira do colapso e níveis dramáticos de insegurança alimentar”.

Recordando a Irmã Dell’Orto

Com o país invadido por gangues armadas, ninguém se sente seguro em lugar nenhum e nem mesmo a Igreja escapou dessa onda de violência. “Todo mundo, de alguma forma, é vítima dessa situação. Já houve casos de sequestros na Igreja”, diz Irmã Marjorie Boursiquot. Ela fala sobre a situação da italiana Irmã Luisa Dell’Orto. Ela pertencia às Irmãzinhas do Evangelho e foi assassinada em junho do ano passado, durante um assalto em Porto Príncipe. “Era uma irmã que realmente deu tudo de si durante 20 anos de serviço às crianças pobres em uma das favelas da capital. A morte dela foi um choque para todos nós.”

Irmã Marjorie acrescenta que “muitas paróquias em áreas mais violentas tiveram que fechar suas portas devido às ameaças dos criminosos” e diz que às vezes “os criminosos até entram em algumas instituições religiosas e matam e sequestram à vontade. As coisas estão muito complicadas, mas não vamos desistir”.

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