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Famílias sírias estão em choque

Publicado em: fevereiro 9th, 2023|Categorias: Notícias|Views: 605|

Chocadas e com suas casas destruídas ou danificadas, muitas famílias passaram a dormir em igrejas, conventos ou mesmo hospitais. Dessa forma, diante de mais uma tragédia, sírios pedem o fim das sanções.

A Síria está em guerra há quase 12 anos, mas para muitas pessoas em Aleppo e em outras cidades afetadas, o devastador terremoto de 6 de fevereiro foi mais traumático.

"Se você perguntar ao povo de Aleppo sobre a guerra que viveu, eles expressam seus sentimentos de dor, medo, desespero sobre o futuro. Eles usam muitas expressões diferentes para expressar a guerra de 12 anos. Mas se você perguntar a eles sobre o terremoto a que foram expostos, a resposta é apenas uma palavra: horror", diz a irmã Annie Demerjian, uma religiosa católica que vive e trabalha na cidade, à ACN.

Famílias foram acordadas com o terremoto

"Imagine que você está na cama às 4 da manhã e então o chão começa a tremer violentamente. Então portas se abrem, vidros se quebram, paredes balançam violentamente, e os sons de gritos e desmoronamentos vêm de fora. Apenas uma palavra é gritada das profundezas do terror: Ó Senhor! Menos de um minuto é mais forte do que toda a guerra. Afinal na guerra há áreas seguras e outras perigosas, mas aqui o país inteiro é perigoso", acrescenta.

"Nosso hospital pode cair"

A Ir. Anne Marie Gagnon, das Irmãs de São José da Aparição, outra parceira de projeto da ACN, é diretora do principal hospital católico de St. Louis, em Aleppo. Ela tem estado muito ocupada ajudando os sobreviventes do terremoto que causou destruição em grande escala nesta cidade.

Em mensagem à ACN, enviada no dia do desastre, a religiosa diz que "em Aleppo, muitos prédios caíram. Há muitos mortos e feridos. Ainda por cima está chovendo e muito frio." "Acabamos de operar duas pessoas feridas. Temos uma família cristã no hospital cujos familiares morreram no terremoto. Agora estamos aguardando a chegada do padre falecido, Pe. Daher".

O próprio hospital sobreviveu ao terremoto, mas teme-se que danos estruturais o tenham tornado inseguro. "No nosso hospital tem uma peça que parece que vai cair, as pedras se moveram e temos medo que cedam. Mas estamos focados em fornecer atendimento gratuito para as pessoas que estão feridas agora", diz a Irmã Anne Marie.

Famílias sem nenhum lugar para ir

O desabamento de prédios é um medo recorrente em uma cidade que ainda não se recuperou de anos de combates e bombardeios. De fato estes já haviam enfraquecido estruturalmente muitos prédios. Igrejas também foram afetadas, incluindo a Catedral Siríaca Ortodoxa de São Jorge.

Além disso, algumas famílias não têm para onde ir. "As pessoas agora estão pedindo nas igrejas, conventos e aqui no hospital. Querem ficar até que a crise passe. Muitos prédios têm fissuras e as pessoas que estão no quarto ou no quinto andar têm medo de ficar lá. Então colocamos alguns colchões no chão para o nosso pessoal ficar aqui", explica o diretor.

Isso é confirmado por Irmã Arlene, uma irmã carmelita, também de Aleppo. Embora sua comunidade seja geralmente enclausurada, diante desse trágico acontecimento as monjas abriram suas portas para as pessoas em busca de ajuda. "As famílias estão com medo e não querem voltar para suas casas, procuram um lugar para passar a noite. Cinco famílias vieram até nós e as abrigamos. Mas outras famílias estão indo para as escolas ou igrejas". "Esta noite, como congregação, estamos orando pela paz. Afinal as pessoas aqui estão chocadas, não estão falando muito. Muitos ficaram feridos ou morreram", acrescenta.

Permitir a entrada de ajuda humanitária no país

Embora a Síria não tenha sido o único país afetado pelo terremoto, e os danos e mortes possam ser significativamente maiores na Turquia, na Síria é mais uma catástrofe a acrescentar a uma lista já longa.

"Primeiro uma guerra, depois COVID, depois sanções e agora um terremoto. As pessoas são tão pobres: não têm dinheiro para comer, nem óleo para cozinhar, nem grãos", diz a Irmã Anne Marie à ACN. Muitos países ocidentais e regionais, bem como organizações, já prometeram ajuda, mas os sírios esperam mais. "Precisamos remover as sanções. Pedimos aos nossos benfeitores que rezem por nós. Eles precisam conversar com os poderes da Europa", implora a Irmã Anne Marie.

O presidente da ACN, Thomas Heine-Geldern, também vê uma necessidade urgente de ação na área de transferências de dinheiro para ajuda de emergência. "É nosso dever prestar ajuda à sofrida população civil da Síria – e especialmente à minoria cristã que diminui rapidamente. Em nome deles, imploro que implementem o quadro legal internacional existente, que permite exceções humanitárias ao embargo", declarou Thomas Heine-Geldern.

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