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Freira assassinada em ataque

Publicado em: outubro 28th, 2022|Categorias: Notícias|Views: 735|

Um ataque terrorista no leste da República Democrática do Congo teve uma freira assassinada, mais uma pessoa morta e um hospital destruído na aldeia de Maboya.

Irmã Marie-Sylvie Kavuke Vakatsuraki, das Irmãzinhas da Apresentação de Nossa Senhora no Templo, de Butembo, foi uma das vítimas de um atentado ocorrido na quarta-feira, 19 de outubro. A responsabilidade pelo ataque foi reivindicada pelas Forças Democráticas Aliadas (ADF), um grupo jihadista de Uganda também conhecido como Estado Islâmico – Província da África Central (ISCAP).

Os terroristas saquearam uma farmácia e um hospital, que foi então incendiado. A religiosa e um paciente morreram queimados dentro do prédio. Falando à ACN, o padre Marcelo Oliveira, chefe dos Missionários Combonianos na República Democrática do Congo, descreveu o "terror" daquela noite. "Os rebeldes da ADF atacaram a aldeia e, mais precisamente, o hospital. Saquearam tudo o que encontraram, tomando remédios e, no final, incendiaram o prédio. Uma freira foi assassinada. Ela também era médica e estava de plantão noturno, foi queimada viva, junto com um paciente".

Freira assassinada ligou para pedir alertar os demais

Assim que percebeu que estavam sendo atacados, Irmã Marie-Sylvie ligou para a paróquia local para que os padres e religiosos pudessem fugir. Caso contrário, a situação poderia ter sido ainda mais trágica. Uma vez que o hospital foi destruído "os rebeldes continuaram seu caminho e incendiaram outro hospital próximo. Tudo isso aconteceu na aldeia de Maboya, que fica a cerca de 20 quilômetros da cidade de Butembo e 30 da cidade de Beni", explica o P. Marcelo à ACN.

Mas, além das duas vítimas, também há muitas pessoas ainda desaparecidas e que provavelmente foram levadas pelos jihadistas para transportar os bens saqueados. "Várias pessoas desapareceram, possivelmente levadas para transportar os medicamentos e tudo o mais que saquearam dos hospitais, algumas farmácias e lojas", explica o padre português.

Dom Melchizedec Sikuli Paluku, em comunicado enviado à ACN, expressa a profunda consternação com que a diocese local de Butembo-Beni recebeu a triste notícia deste novo atentado. Então ele condena firmemente, "deplorando a perda de vidas humanas", nomeadamente da Irmã Marie-Sylvie. "Não há palavras, tal é o horror que ultrapassa todos os limites toleráveis", escreve o Bispo.

"Todo mundo tenta escapar"

Padre Marcelo Oliveira diz que a República Democrática do Congo vive uma verdadeira guerra que o mundo finge ignorar, e que está causando um clima de terror entre a população. "O terror continua. O povo tem medo, todo mundo tenta fugir. Esta é uma guerra silenciosa – ou silenciada – para que ninguém faça nada e a população continue sofrendo", diz o missionário comboniano.

A violência extrema é causada pela grande riqueza do solo deste país africano, que está literalmente saqueado há anos. "O terror que aconteceu nesta aldeia é o mesmo que acontece em tantas aldeias vizinhas, mas isso não é transmitido pelas notícias. Afinal há muitos interesses em jogo, dada a riqueza desta parte do país", acrescenta.

Mas a questão da insegurança no país já havia sido descrita pelo padre comboniano quando o Papa Francisco deveria visitar o país em julho deste ano. "A questão da falta de segurança é grave, também nas cidades, mas principalmente no leste do país, com muitos ataques armados e conflitos tribais. Tudo por causa dos interesses nos minerais", disse o missionário. Ele se refere a riquezas como ouro, diamantes, cobalto e coltan, um componente-chave nas indústrias de TI, computadores e smartphones. A visita do Papa foi adiada por motivos de saúde.

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