ACN

Ajuda da ACN na América Latina

Publicado em: junho 13th, 2022|Categorias: Notícias|Views: 648|

Em 2021, a ajuda da ACN chegou a 969 projetos de mais de 800 parceiros em pelo menos 320 dioceses do continente. Os países onde a ajuda foi maior foram Brasil, Venezuela, Haiti e Cuba.

Este ano marca o 15º aniversário da V Conferência Geral do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), realizada em Aparecida, Brasil, de 13 a 31 de maio de 2007. O documento final promulgado pela conferência, conhecido como Documento de Aparecida, foi fundamental para a Igreja na América Latina desde então.

O relator geral do Documento de Aparecida foi o então Arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio. Muitos dos aspectos cruciais de seu atual pontificado, como a conversão pastoral, a Igreja em saída e a missão dos leigos, nascem desse documento.

Diretor da ACN fala sobre ajuda para estes países

Rafael D’Aqui, diretor da seção latino-americana da ACN, fala na entrevista à María Lozano, sobre alguns dos desafios que, segundo seu trabalho, se apresentam à Igreja no “continente da fé” e o trabalho da Fundação.

O continente americano vive atualmente situações de instabilidade social, em muitos países há divisão e violência nas ruas. Como vocês veem essa realidade?

Sem dúvida, em muitos desses países há uma tendência agressiva que procura silenciar a voz da Igreja, especialmente em questões familiares e pró-vida. Muitos de nossos parceiros de projeto nos disseram que em seus países há uma polarização da sociedade, com grupos cada vez maiores caracterizados por suas posições extremistas, e isso será um problema em termos de coesão social em muitos estados. No entanto, não devemos esquecer que a América Latina continua sendo o “continente da esperança”, como afirmou o Papa Paulo VI em 1968 e Bento XVI reafirmou em 2007. Afinal abriga praticamente metade de todos os católicos do mundo, incluindo muitos jovens.

Olhando para o futuro, um dos maiores desafios da América Latina é o imenso crescimento urbano. Como a ACN espera enfrentar este desafio? Existem planos para desenvolver a pastoral missionária em ambientes urbanos?

A Fundação ACN responde sempre às necessidades que nos são transmitidas pela Igreja local. Por isso, acreditamos ser muito importante que ela identifique esses grandes centros urbanos e suas periferias existenciais. Nos próximos anos, gostaríamos de promover uma pastoral missionária nas periferias destes grandes centros urbanos e assegurar uma presença eclesial, por exemplo, mediante a formação de catequistas e agentes de pastoral, encontros de formação ou através de publicações. O crescimento das cidades está intimamente relacionado com a migração. Acreditamos que é necessário desenvolver um ministério de acolhimento nesses lugares. O grande desafio é ajudar os recém-chegados a se integrarem na cidade sem perder sua identidade católica, que muitas vezes se perde no processo.

A messe é rica, mas os trabalhadores são poucos… Um dos desafios para a Igreja na América Latina é a escassez de vocações e a falta de sacerdotes para ministrar aos fiéis. Como a ACN ajuda a Igreja neste sentido?

Podemos ver que é muito importante desenvolver o apostolado vocacional, sobretudo naquelas regiões onde há uma grande população católica e poucos sacerdotes. Como fundação, visamos apoiar programas vocacionais nas dioceses mais necessitadas. A presença do pároco é importante nestes encontros, e é fundamental manter esta proximidade em particular com os jovens. Por isso, por vezes, precisamos de fornecer veículos para que os sacerdotes possam visitar mais facilmente as escolas e paróquias. Ao mesmo tempo, a ACN está apoiando eventos juvenis, acampamentos de verão e conferências e encontros de discernimento vocacional.
Mas, além do discernimento vocacional, há também a questão do cuidado dos próprios sacerdotes, que como pastores que cuidam do rebanho, vivem muitas vezes em situações muito difíceis, fruto de uma vida vivida por amor ao seu povo, mas também consequência da crise econômica, da pandemia e assim por diante.

Você mencionou que estamos enfrentando um avanço do secularismo agressivo em muitos países da América Latina. De maneira orquestrada, atacam-se o direito à vida do nascituro e da família, por exemplo na Argentina, Chile, Colômbia… O que a Igreja pode fazer em tais situações? E como a ACN ajuda?

Acreditamos que a ACN precisa fortalecer a fé das famílias e dos jovens. Estes são, por assim dizer, o calcanhar de Aquiles da sociedade. Precisamos de uma pastoral juvenil que forme líderes com identidade forte, conscientes de sua dignidade, também formados no campo da afetividade e da sexualidade. Precisamos de jovens informados, porque a laicidade é muitas vezes disseminada na sociedade por meio de desinformação e distorções da verdade. Não só há problemas de secularização agressiva, há também um sério problema de injustiça social e corrupção.

Você falou também da polarização política da sociedade que está causando uma grande divisão no continente e na Igreja. Como a ACN pode responder a isso e ajudar a Igreja no seu papel de mediadora?

A ausência de soluções, a insegurança e o sentimento de vulnerabilidade parecem estar levando as pessoas a adotarem posições extremas. Para isso, promovemos cada vez mais a formação de uma liderança católica, baseada na Doutrina Social da Igreja. Uma forma é promover o uso do Docat, uma excelente fonte de informação para os jovens sobre justiça social, ajudando-os a praticá-la. Por outro lado, acreditamos que tanto no avanço do laicismo agressivo quanto na questão da polarização, a mídia desempenha um papel fundamental. Por isso, acreditamos ser muito importante incentivar a evangelização por meios digitais e usando a mídia católica, para que possamos alcançar o maior número de pessoas possível.

Que ajuda foi dada pela ACN, em termos concretos, para a América Latina em 2021?

No ano passado, aprovamos 969 solicitações de projetos de mais de 800 parceiros em pelo menos 320 dioceses diferentes no continente. Os países que mais receberam ajuda foram Brasil, Venezuela, Haiti e Cuba. Não devemos esquecer que a América Latina foi uma das mais afetadas pela pandemia em 2021. E dentro da própria Igreja, a Covid causou a morte de muitos fiéis católicos, agentes pastorais, bispos, padres e religiosos.
Por outro lado, a redução das arrecadações devido ao confinamento desafiou a sustentabilidade das obras de evangelização e promoção humana em muitos países. Em resposta, a ACN teve que fornecer uma ajuda ainda maior aos sacerdotes e religiosos em contextos de missão, na forma de apoio básico ou intenções de missa. Em alguns países, como Haiti, Cuba, Bolívia e Venezuela, a resposta da ACN também veio na forma de ajuda médica de emergência para ajudar a lidar com a crise da saúde.

Eco do Amor

última edição

Artigos de interesse

Igreja pelo mundo

Deixe um comentário

Ir ao Topo