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Violência contra mulheres cristãs aumenta

Publicado em: janeiro 22nd, 2022|Categorias: Notícias|Views: 839|

“A violência contra as mulheres cristãs é uma arma na guerra contra as minorias religiosas”, diz Michele Clark, especialista em direitos das mulheres e coautora de um relatório da ACN fala sobre o aumento dos ataques contra cristãos.

A ACN publicou recentemente, um relatório dedicado à crescente violência contra as mulheres cristãs em muitos países do mundo. “Ouça seus gritos – O sequestro, conversão forçada e vitimização sexual de mulheres e meninas cristãs ” (em inglês “Listen to HerScream”) é o título.

No relatório, mulheres cristãs do Egito, Síria, Iraque, Paquistão e Nigéria expõem suas experiências dramáticas. A ACN observa que sequestros, casamentos forçados e conversões estão em ascensão. Uma das coautoras do relatório é Michele Clark. Ela é especialista americana em direitos humanos e direitos das mulheres e estudou, principalmente, a situação dos cristãos coptas no Egito. Clark é professora na Elliot School of International Affairs, em Washington. A entrevista foi feita por André Stiefenhofer (ACN Alemanha).

ACN: A violência contra as mulheres cristãs é um fenômeno relativamente novo ou a opinião pública prestou pouca atenção nele até agora?

Michele Clark: Infelizmente, não é um fenômeno novo, mas os ataques às mulheres cristãs estão em ascensão, e tem a ver com religião. Há indícios de que esses ataques são cuidadosamente planejados e que são sistemáticos. Agora, mais casos estão sendo tornados públicos, mas também há um alto número de casos que permanecem escondidos. O relatório da ACN documenta alguns desses casos conhecidos como representativos de muitos outros.

A maioria dos autores são islamistas radicais. A violência contra as mulheres cristãs é uma estratégia para destruir suas famílias?

Eles não despedaçam famílias. A violência contra as mulheres cristãs é uma arma na guerra contra minorias religiosas. Isso também tem a ver com a estrutura da lei islâmica. Quando uma mulher cristã é forçada a se converter ou se casar com um muçulmano, é impossível para ela retornar à sua fé cristã, mesmo que ela consiga se libertar ou o casamento seja anulado. Além disso, se a mulher tiver filhos, eles serão muçulmanos para sempre. Um grupo cada vez mais afetado que temos sido capazes de documentar são mães com filhos, porque desta forma nenhuma pessoa é arrancada da comunidade cristã, mas uma mãe e sua prole.

Como surgiu sua participação no relatório “Listento Her Screams” (título em inglês) da ACN?

Na minha carreira profissional, foquei nos direitos internacionais dos direitos humanos e das mulheres. Trabalho especialmente com jovens traumatizadas por circunstâncias políticas, religiosas ou outras. Um colega me pediu ajuda para descobrir mais sobre o destino das mulheres cristãs coptas no Egito. Lá conheci mulheres que haviam sido sequestradas, casadas à força e obrigadas a se converter. Até então, havia relatos individuais desses casos, mas nenhuma pesquisa científica. Minhas investigações foram incorporadas em dois relatórios que também foram abordados em comitês do Congresso dos Estados Unidos, e por isso deu mais visibilidade à situação das mulheres cristãs no Egito.

Você pode citar alguns casos específicos que estudou?

O que me comoveu especialmente durante minha pesquisa foi o comprometimento dos pais com suas filhas sequestradas. Um homem me disse que um dia recebeu uma ligação anônima que dizia: “Cuidado com sua filha, estamos de olho em você!” Este homem sabia que não se tratava de uma ameaça vazia. Ele até tirou a filha da escola e não deixou mais sair de casa sozinha. Duas ou três semanas após a ligação, sua filha pediu à mãe para ir ao mercado, a alguns metros de sua casa. Desde então, a filha está desaparecida. O pai recebeu várias ligações dos sequestradores, gravou tudo e levou para a polícia, mas nada foi feito. Não recebeu nenhum apoio.

Mas você não só descobriu casos de sequestro de garotas. Às vezes, elas também caem enganadas nas garras de seus agressores.

Uma garota cristã tem uma amiga muçulmana em seu bairro que diz: “Meu irmão gosta de você e gostaria de te ver mais vezes”. Assim a garota concorda em entrar em um relacionamento. Às vezes, é uma armadilha: o homem convida a menina para sua casa onde ele abusa dela. E esse abuso leva o caso para outro nível. Se a jovem vem de um lar conservador, ela é considerada uma desonrada e não pode mais voltar para casa. Ou abusam da garota e a forçam a se casar e, consequentemente, mudar sua fé. Assim, aquilo que para ela começou como uma bela relação, se torna um pesadelo. Este fenômeno do galã é bem estudado e documentado.

O relatório “Listen to HerScream” da ACN observa que há pouca conversa sobre mulheres sequestradas e casadas à força, o que é surpreendente dada a sensibilidade de gênero. De onde vem essa relutância?

Acho que uma das razões é que esses casos giram em torno da religião. Além disso, no feminismo ocidental, a relação entre religião e emancipação nem sempre é a mais harmoniosa e abrangente. Finalmente, há também uma tendência de evitar fazer julgamentos em relação a outras religiões e culturas. Aqui, a rejeição surge muito rapidamente e é difícil combatê-la com evidências.

O relatório é voltado especialmente para políticos. O que eles podem fazer?

Os políticos devem garantir a criação de um espaço seguro para aqueles que sofreram violência religiosa, isso também se refere às normas de asilo. Assim, por exemplo, houve um tempo em que os casos de violência contra mulheres cristãs coptas no Egito eram “casos alegados”. Mas esses casos são demonstrados. Então quanto mais políticos e a mídia se conscientizarem de que são casos reais e falam de interesses legítimos, mais peso as informações terão. Está cada vez mais claro que esta é uma ameaça real e que há razões suficientes para um clamor público.

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