Foi na década de 60 que o olhar de um jovem bispo brasileiro estava inquieto com o sofrimento e a pobreza que se avolumavam por quilômetros a fio em sua arquidiocese no nordeste. Foi nessa época também que um “mendigo de Deus” o conheceu e falou sobre o novo objetivo de sua Obra: ajudar a Igreja em perigo no Brasil.

Este bispo se tornou o grande Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales e o “mendigo” se tratava do Pe. Werenfried van Straaten, fundador da Ajuda à Igreja que Sofre. Ali se plantavaa semente de uma grande amizade cujos frutos são colhidos até hoje. Como disse o próprio Cardeal sobre sua amizade com o Pe. Werenfried, “só Deus sabe as bênçãos derramadas”. E, com alegria, essas bênçãos perduram até uma data muito especial: dia 08 de novembro o Cardeal Dom Eugênio completará 90 anos de idade!

Conhecido, amado e respeitado, Dom Eugênio teve a firmeza da fé em momentos muito críticos no Brasil. Durante a década de 70 e todo o período de ditadura pelo qual passava não só o país, mas toda a América Latina, o Cardeal soube denunciar os crimes de liberdade – salvando mais de 5.000 perseguidos políticos – e, acima de tudo, agir para que a própria Igreja não caísse em falsos ideais socialistas. Ele levantou sua voz e declarava: “o nosso trabalho social, que precisa ser intenso, deve ser em decorrência da doutrina do Evangelho, não de partidos políticos”.

No entanto, o que o tornou um dos mais respeitados cardeais do Vaticano foi a sua capacidade de pastorear seu rebanho. E nestas atividades a Ajuda à Igreja que Sofre teve grande participação. Ele mesmo conta um episódio de um projeto realizado com a colaboração da entidade católica:

“Basta citar um fato, e eu o faço como bispo que experimentou tantas vezes a mais nobre ajuda, sem receber imposição alguma, sem jamais ser humilhado. Padre Werenfried foi um grande missionário. Quando o Papa Paulo VI permitiu que pequenas comunidades de religiosas assumissem paróquias com a presença de sacerdotes apenas aos domingos, o Padre Werenfried entendeu a importância daquela iniciativa que viria a ser uma grande e abençoada experiência da Igreja nos anos seguintes. Sua ajuda às comunidades religiosas concedeu muitos benefícios materiais e muito mais espirituais. E gostariam, sem dúvida, de unir-se a mim nestas palavras singelas de agradecimentos tantas pessoas que receberam estes benefícios.”

Este projeto foi noticiado no mundo inteiro, pois, pela primeira vez na história da Igreja, irmãs religiosas estavam assumindo uma paróquia. O jornal “Visão”, em sua edição de 31 de julho de 1964, assim divulgava a novidade: “Freiras tomam conta de tudo”. No agreste do Rio Grande do Norte, no município de Nísia Floresta, as Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado preparavam os matrimônios, faziam pregações e batizados e tornavam-se conhecidas no mundo graças à visão profética de Dom Eugênio.

Um ano mais tarde, em 1965, Dom Eugênio, já como Arcebispo de Salvador, Bahia, formou novamente parceria com o Pe. Werenfried e iniciaram o projeto GRIMPO (Grupo de Religiosas Inseridas no Meio Popular). Nesta época, a Igreja de Salvador carecia de irmãs que pudessem atender permanentemente as regiões mais pobres da cidade, sobretudo as grandes favelas. Mais de 100 irmãs se propunham a viver entre os mais pobres, no entanto, elas não podiam pedir ajuda a estes pobres que não tinham sequer o pão de cada dia. A AIS passou a ajudar financeiramente estas religiosas e o projeto GRIMPO existe até hoje salvando vidas e convertendo corações.

Em um encontro promovido pela Ajuda à Igreja que Sofre internacional, Dom Eugênio definiu seu carinho pela Obra: “estou aqui como testemunha viva da atuação da Ajuda à Igreja que Sofre, fruto do verdadeiro espírito eclesial e da ímpar sensibilidade por todos os sofrimentos do mundo do sacerdote que criou a obra cujo esplendor ilumina a ação da Igreja em tantas partes deste mesmo mundo.”

E a Ajuda à Igreja que Sofre também parabeniza o Cardeal Eugênio Sales por seus 90 anos e o agradece também pelo seu esplendor e pela forma como ilumina a Igreja do Brasil e do mundo com suas verdades, convicções e, principalmente, por sua fé.

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