Não, não é normal que pessoas passem fome. Se existe gente dormindo nas ruas das cidades, então significa que algo está errado. Onde há violência, dificilmente haverá paz. Mas, o que aconteceu conosco para aceitarmos tudo isso como coisa natural?
O conceito de superioridade e mérito está arraigado na nossa sociedade, e isso serve de justificativa para que a nossa consciência não pese. “Se tenho um bem é porque trabalhei, por isso mereço”, esse tipo de argumento entorpece a alma e paralisa uma reação de indignação. O olho vê a injustiça, mas não quer enxergar. Se aceitarmos um mundo desigual, corremos o risco de entrar numa lógica perversa de competição e vitória de apenas alguns.
A filósofa Hannah Arendt escreve sobre a banalização do mal que, no fundo, quer dizer: nos acostumamos com o mal, porque ele está aí, diante dos nossos olhos, todos os dias. E se o mal acontece todos os dias, então ele deixa de ser surpreendente e passa a ser cotidiano. E tudo bem.
Não, não está tudo bem! O papel da Igreja na sociedade é o de também incomodar a consciência dos acomodados, para que estes participem igualmente da ação transformadora no mundo. Superando justificativas e quaisquer pressupostos.
Eis que a profecia vale também para os nossos tempos: “Eu vos darei um coração novo e porei em vós um espírito novo. Tirarei de vosso corpo o coração de pedra e vos darei um coração de carne.” (Ez 36,26-27). Que assim seja!
Diácono Bruno Redígolo
Colaborador ACN
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