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Pe. Alphonsus Afina, Nigéria, faz relato após libertação

Publicado em: agosto 2nd, 2025|Categorias: Notícias|Views: 33|

Recentemente, libertaram o Pe. Alphonsus Afina após ele passar por um longo e difícil cativeiro na Diocese de Maiduguri, no nordeste da Nigéria.

Seu testemunho pessoal detalha a experiência angustiante do sequestro e oferece um importante entendimento sobre o sofrimento enfrentado pelos membros do clero que são alvo de ataques e sequestros no país.

Através de suas palavras, podemos vislumbrar a realidade de quem vive essa dura situação e refletir sobre os desafios que ainda persistem para aqueles que dedicam suas vidas ao serviço religioso na região. Confira o relato:

Minha experiência de cativeiro: a viagem e o ataque Inicial

Eu estava dirigindo de Mubi (Estado de Adamawa, Nigéria) para Maiduguri (Estado de Borno) para um workshop do JDPC em 1º de junho de 2025, junto com outros dois funcionários que participariam do mesmo evento. Três horas após o início da viagem, logo depois do posto de controle militar em Limankara, encontramos um explosivo.

Imediatamente após a explosão, ouvimos tiros. Homens armados surgiram dos arbustos à beira da estrada atirando contra nós. Na confusão, abandonei meu veículo e corri para trás. Além disso, outros veículos de transporte público também foram deixados na estrada, e passageiros e motoristas fugiram em todas as direções.

Corri por alguns minutos em direção ao posto de controle militar que havia passado anteriormente. Veículos que vinham mais atrás deram meia-volta, entrando no meio da troca de tiros entre os militares e os homens armados.

Captura e roubo dos pertences

Pouco tempo depois, os homens armados vieram atrás de nós pilotando motocicletas. Eles se aproximaram, apontaram uma arma para mim e mandaram que eu parasse. Obedeci e levantei as mãos em sinal de rendição.

Eles pegaram meus dois celulares e pediram as senhas, que prontamente forneci. Também levaram meu relógio, vasculharam meus bolsos e roubaram o dinheiro que eu tinha. Em seguida, ordenaram que eu subisse na moto.

Ao chegarem ao meu veículo, que já tinham vandalizado, reviraram tudo e roubaram bagagens com roupas, sapatos, pertences pessoais, dinheiro, a caixa de missa e o Missal Romano, além de um roteador, três laptops (o meu e os de outros dois funcionários), acessórios de informática como HD externo, teclado, mouse sem fio e dois power banks.

Agressão e transferência para a montanha

Ao chegarmos ao carro, começaram a me espancar. Sofri um ferimento no olho, com sangue escorrendo pelo rosto até o ombro. Meu olho ficou inchado e expelindo secreção por três semanas.

Um dos homens armados dirigiu meu carro para dentro do mato, até o pé da montanha Gwoza, junto com outros três veículos que transportavam reféns. Dentro do carro, além de mim, havia mais dois reféns e dois homens armados. Outros ficaram sentados no porta-malas durante o trajeto.

Ao chegarmos ao sopé da montanha, houve nova troca de tiros com os militares, e os veículos acabaram incendiados. Para evitar que nos matassem na batalha, alguns homens armados nos levaram rapidamente para o alto da montanha. Naquele dia, os homens fizeram reféns 14 de nós; outros conseguiram escapar, enquanto alguns foram mortos — entre eles, um dos nossos funcionários.

A vida no cativeiro: medo e vigilância

Durante o cativeiro, eu dividia o quarto com outros quatro reféns, sempre vigiados por homens armados. A rotina era extremamente tensa, marcada pela constante insegurança.

Após três semanas, houve uma operação militar com bombardeios aéreos e artilharia pesada na região onde estávamos. Desde então, tenho dificuldade para dormir devido ao medo de ser morto. Essa sensação de insegurança ainda persiste enquanto escrevo este relato.

A libertação e o processo de recuperação

Após minha libertação, em 21 de julho de 2025, por volta das 17h, retornei à Diocese de Maiduguri e fui levado ao hospital para exames médicos.

Atualmente, sigo em tratamento para diversas enfermidades e precisarei usar óculos até passar por cirurgia ocular devido ao ferimento sofrido na captura.

Agradecimentos e reconhecimento

Sou profundamente grato a todos os nossos parceiros, aos padres, religiosos e leigos da Diocese de Maiduguri, à Diocese de Fairbanks (Alasca), aos residentes do Alasca, aos amigos e a todos que rezaram por mim no mundo inteiro.

Senti o efeito das orações na forma como os homens armados (Jama’at Ahl al-Sunna li Da’awa wal Jihad – JASDJ) passaram a me tratar durante o cativeiro.

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