Pelo menos 12 pessoas morreram e mais de 100 foram detidas em razão das manifestações em diversas cidades da República Democrática do Congo contra a permanência de Joseph Kabila no poder, no último domingo 31 de dezembro.

As manifestações que mobilizaram a comunidade católica, apesar do seu carácter pacífico, provocaram uma reação violenta por parte das autoridades, que efetuaram disparos contra a multidão. Há relatos de que as forças da polícia chegaram a invadir igrejas na capital, Kinshasa, enquanto perseguiam manifestantes, tendo inclusive utilizado gás lacrimogéneo dentro dos templos.Também em Kananga, na região do Kasaï, um homem foi morto a tiro por militares que abriram fogo sobre os manifestantes católicos que marchavam contra o Presidente Kabila.

Apesar do caráter pacífico das manifestações, as autoridades cortaram a Internet, durante pelo menos dois dias, procurando assim “sufocar os protestos” dos congoleses.

Em comunicado divulgado em Nova Iorque, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou “ao governo e às forças nacionais de segurança para que deem provas de contenção e para que respeitem os direitos do povo congolês no que diz respeito à liberdade de expressão e [ao direito] de se manifestar pacificamente”.

Nesse comunicado, Guterres foi explícito ao afirmar que o Governo da República Democrática do Congo deveria “estar empenhado em respeitar o acordo com os bispos e realizar eleições”. O secretário-geral da ONU exortou “todos os atores políticos congoleses a que continuem plenamente empenhados na aplicação do Acordo Político de 31 de Dezembro de 2016, que continua a ser o único caminho viável, antes de eleições, para uma alternância pacífica do poder e para a consolidação da estabilidade na República Democrática do Congo”.

Estas manifestações de domingo passado ocorreram precisamente um ano depois de ter sido assinado um acordo, mediado pela Igreja Católica, que previa a realização de eleições no final de 2017, com vista à saída de Kabila do poder, cujo mandato terminou em Dezembro de 2016. No entanto, tanto governo como a oposição nunca conseguiram chegar a acordo sobre o mecanismo de partilha de poder.

Kabila está no poder desde janeiro de 2001, após o assassinato do seu pai, Laurent-Désiré Kabila, em plena guerra civil no país.

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