ACN

Igreja de esperança em tempos desafiadores

Publicado em: agosto 27th, 2024|Categorias: Notícias|Views: 277|

Após uma emocionante viagem a sete dioceses no Chile, Rafael D’Aqui, coordenador de projetos para a América Latina da ACN, relata como a Igreja é luz e esperança em tempos de desafios e necessidades.

Você acaba de retornar do Chile. Poderia descrever as principais necessidades dos cristãos por lá?

A Igreja no Chile enfrenta uma variedade de desafios. Na região da Araucania, por exemplo, têm ocorrido vários atos violentos no contexto do conflito Mapuche. Os Mapuches são um povo indígena no sul do Chile, uma minoria violenta dos quais afirma defender suas terras ancestrais. Mais especificamente, ocorreram alguns ataques incendiários a capelas, que afetam diretamente as comunidades locais, que veem seus locais de culto destruídos.

No norte, a migração é uma questão importante. Afinal a Igreja está trabalhando com essas pessoas, reconhecendo que a migração é um aspecto importante no crescimento e fortalecimento das comunidades cristãs.

A Arquidiocese de Santiago tem visto uma constante expansão de suas periferias urbanas, o que significa que a Igreja precisa adaptar constantemente suas estruturas e pessoal. O Chile está passando por uma crise, em muitos aspectos, mas vemos essas dificuldades como uma oportunidade para “preparar as redes e se lançar em águas mais profundas”, enfrentando os desafios com esperança e ação.

Você encontrou algo particularmente comovente durante essa viagem?

Foi muito comovente ouvir testemunhos de verdadeiro perdão e esperança. Quando visitamos a Diocese de Concepción, onde uma capela foi incendiada, uma senhora nos disse que eles poderiam queimar todas as capelas, mas nunca apagariam sua fé. Além disso, quando nos encontramos com a comunidade de La Asunción, em Santiago, sabendo do terrível ódio contra a Igreja que se manifestou ali durante as revoltas sociais em 2019, vimos o cuidado e o amor com que mantêm uma imagem de Cristo que foi quebrada durante os ataques. Eles se reúnem em torno da imagem todas as segundas-feiras para orar pelos seus agressores.

Também fiquei impressionado ao ver tantos bispos e padres, assim como religiosos e leigos, todos realmente dedicados a ajudar as pessoas. A ajuda deles vai além do essencial. Há uma verdadeira preocupação com o ser humano, com a dignidade, com a evangelização e o oferecimento de consolo e esperança, apesar da escassez de recursos. Fiquei comovido ao ver uma forte presença da Igreja em cidades menores, onde não têm tantas redes de apoio quanto nas cidades maiores, mas continuam a trabalhar, sabendo que a vinha é grande, mas os trabalhadores são poucos.

Como você resumiria os desafios para a Igreja no Chile e no resto da América Latina?

Nos últimos anos, na ACN, definimos cinco abordagens relacionadas aos principais desafios na América Latina, que também detectamos no Chile. Em primeiro lugar, como ser Igreja e estar presente em áreas de crescimento urbano. Na América Latina, as periferias têm experimentado um crescimento significativo. Precisamos garantir que esses novos centros urbanos estejam sendo atendidos, para que a fé permaneça viva nas comunidades cristãs locais.

Outra questão importante são as vocações. Ficamos felizes em ver que há muita oração pelas vocações no Chile. Não precisamos apenas de sacerdotes. Também precisamos de casamentos, famílias e jovens que se perguntem o que Deus quer para eles e para suas vidas.

O terceiro desafio é o secularismo agressivo, que cresceu tremendamente no Chile. O secularismo está ligado a um forte senso de individualismo, que está presente na sociedade chilena. Mas isso só pode ser superado com fé, que direciona a atenção de uma pessoa para os outros.

O quarto desafio está relacionado à Doutrina Social da Igreja, em ensinar a verdadeira antropologia cristã, e o quinto é a nova evangelização. Cerca de 50% dos católicos no mundo são da América Latina, mas mesmo havendo muitos batismos, poucos estão interessados na fé. Houve um dado que me surpreendeu durante minha viagem: a secularização avançou tanto no Chile que há escolas católicas onde 80% das crianças não são batizadas.

O que pode ser feito nessas situações? Como a ACN pode ajudar?

A primeira coisa a fazer é rezar e pedir ao Espírito Santo a graça de poder responder de maneira criativa. Em relação à ACN, ajudamos a tornar a Igreja presente. Por exemplo, todos os anos temos, mais ou menos, cinco novos projetos de rádio para a América Latina. Também ajudamos fornecendo barcos para que os religiosos possam alcançar os fiéis que vivem na Amazônia. Além disso, temos projetos relacionados a publicações destinadas a ajudar os jovens a aprender sobre a Doutrina Social da Igreja, para que possam viver de maneira mais autêntica.

A Igreja é esperança e, estendendo a mão aos que sofrem, acompanha com amor aqueles que precisam de encorajamento. Na ACN, queremos ajudar aqueles que buscam fazer o bem, através da ajuda de nossos benfeitores.

Eco do Amor

última edição

Artigos de interesse

Igreja pelo mundo

Deixe um comentário

Ir ao Topo