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Gaza: primeiro passo rumo à paz após 733 dias de guerra

Publicado em: outubro 9th, 2025|Categorias: Notícias|Views: 101|

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Enquanto conversas indiretas acontecem no Egito entre enviados israelenses e o Hamas, a esperança de um início de paz começa, ainda que de forma tímida, a criar raízes na diocese da Terra Santa. O pároco da paróquia católica de Gaza falou à ACN sobre o pesado tributo de dois anos de guerra.

“Dois anos de guerra: parece inacreditável”, afirmou o padre Gabriel Romanelli, pároco da paróquia da Sagrada Família, a única paróquia católica da Cidade de Gaza, à ACN, na noite de 7 de outubro de 2025. Agora que Gaza entra em seu terceiro ano de conflito e as negociações indiretas entre Israel e o Hamas continuam no Egito, seguindo o plano de paz apresentado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, surge uma frágil esperança.

Por enquanto, os combates ainda não cessaram. Nas últimas semanas, bombardeios ocorreram a apenas 300 metros dos muros do complexo católico de Gaza, que abriga quase 450 refugiados. Mesmo assim, o padre Romanelli declarou à ACN que a comunidade mantém a esperança “do fim da guerra”. Enquanto isso, ele reforça: “devemos continuar fazendo o bem, tentando ser construtores da paz”. Além disso, o sacerdote argentino destaca que deseja mais do que o simples silêncio das armas: “Esperamos que o fim do conflito venha com justiça e reconciliação. Rezamos por isso e trabalhamos por isso. Amamos a todos.”

Apoio do Papa e da comunidade internacional

Nessa caminhada, o pároco de Gaza conta com o apoio renovado do Santo Padre. “O Papa Leão me enviou uma mensagem assegurando suas orações pela paz. Ele nos diz que suas preces estão conosco e envia sua bênção a todos nós”, escreveu o padre Gabriel Romanelli em sua conta no X, na véspera de 7 de outubro. Além disso, Leão XIV proclamou 11 de outubro como um dia de jejum e oração pela paz.

O cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém e líder da diocese da Terra Santa, à qual pertence a paróquia de Gaza, dará continuidade a esse convite. Então o patriarca convidou as paróquias e comunidades religiosas de sua diocese, profundamente feridas por esses dois anos de guerra, a se unirem a ele nesse movimento de fé.

Com isso, a Igreja busca renovar o espírito de solidariedade e esperança em meio à devastação. Para a comunidade católica, manter a unidade espiritual é essencial para resistir à dor e às perdas constantes que assolam a região.

O peso da guerra e a devastação em Gaza

Os números que o padre divulgou à ACN mostram claramente o impacto da guerra. “Após os terríveis ataques de 7 de outubro de 2023, que mataram mais de 1.200 pessoas em Israel, a guerra também matou mais de 1.000 pessoas na Cisjordânia, outra parte da Palestina, junto com Jerusalém Oriental.”

Quanto à Faixa de Gaza, o conflito provocou “mais de 67 mil mortos no enclave palestino, incluindo mais de 18 mil crianças, centenas de famílias (pais e filhos) completamente apagadas e mais de 166 mil feridos, muitos dos quais precisam de tratamento.” Além disso, o trauma psicológico entre os sobreviventes é indescritível. O padre Romanelli também menciona outras tragédias: “Milhares de pessoas, inclusive crianças, sofreram amputações, e mais de 400 morreram de desnutrição.”

Em relação à infraestrutura, o missionário do Instituto do Verbo Encarnado relatou que “90% dos edifícios estão agora danificados ou completamente destruídos. A maior parte das escolas também sofreu graves danos ou acabou destruída.” Esses números evidenciam a gravidade da crise humanitária que ainda assola a região.

Em Gaza, um fio de esperança no horizonte

Apesar da destruição, ainda existe esperança. Em suas palavras, o cardeal Pierbattista Pizzaballa demonstrou otimismo diante das recentes notícias. “Pela primeira vez, (…) a mídia relata um possível novo desenvolvimento positivo: a libertação de reféns israelenses, alguns prisioneiros palestinos e a cessação dos bombardeios e ofensivas militares”, afirmou o patriarca de Jerusalém, em declaração datada de 4 de outubro e dirigida a todos os fiéis.

Mas, segundo ele, “este é um passo importante e há muito esperado. Ainda não temos clareza nem definições completas. Restam muitas perguntas sem resposta, há muito a esclarecer, e não devemos nos iludir. Mas estamos felizes por ainda haver algo novo e positivo no horizonte.”

Assim, mesmo após 733 dias de dor, destruição e luto, a Igreja e o povo de Gaza buscam acreditar que a paz, enfim, começa a dar seus primeiros passos.

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